Padrão de Exceção.

Meio que sem querer acabei por identificar um padrão de comportamento na torcida gremista, algo que eu denominaria de “padrão de exceção”. Explico, após cada notícia, cada treino, cada jogo, cada temporada, cada elenco, cada técnico, cada direção a palavra vem a voga, o jogador, o atleta, o dirigente, o estádio, o gramado, o time, enfim, todos os conceitos que envolvem o esporte, para servirem ao Grêmio, tem de ser excepcionais. Algum problema nisso? Nenhum. Mas por vezes este padrão de exceção se torna paradoxal e ao revés de nos aproximar nos afasta dos almejados títulos. Explico. A evolução do futebol é algo consabido, pregado e escrito. A análise da formatação de elencos, esquema tático e gerenciamento administrativo nos permite traçar um padrão comum aos clubes que atingiram êxito nos últimos anos dentro dos campeonatos que ambicionamos. Mas ao que parece, ao torcedor do Grêmio o título não basta, seguir o padrão de comportamento que mostrou-se vencedor não é o correto, afinal, somos gremistas, nosso sangue é azul, somos mais fortes, mais machos, mais gaúchos e blá blá blá. Daí entra o lado perverso do padrão de exceção, ele não permite ao Grêmio que siga a fórmula que vem dando certo, ele exige ao clube um padrão que fuja a regra, que seja de exceção, ou seja, transforma uma tarefa árdua – ser campeão – em algo quase hercúleo, pois tem de sair vencedor contrariando toda e qualquer tendência. Ele também não permite que o Grêmio copie algo que está dando certo, porque fazer o óbvio é motivo de crítica, o Grêmio tem de fazer o diferente, mesmo que no diferente esteja incluído um percentual de risco desnecessário. Esta não é uma tese criada, é somente a sintetização de um comportamento observado, os reais merecedores dos louros são os saudosistas, aqueles que atravancam o futuro do clube discutindo conceitos que deveriam permear apenas o nosso imaginário. Os críticos sem causa, aqueles para os quais tudo está sempre ruim e nada vai melhor, mas, igualmente, nada propõem de concreto ou factível. Os torcedores de tese, que não se constrangem em mudar de opinião ao primeiro sopro de vento. Enfim, a todos aqueles que pensam que para jogar no clube o atleta precisa estar disposto a doar o salário, doar o sangue, ser craque (para os padrões atuais) e – de preferência – branco. Acho que o que o clube precisa mesmo é de uma torcida de exceção.