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terça-feira, 11 de março de 2014

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (64) - Ano 1972


Cravando triplo para cima do Newell's Old Boys


Com tristeza, convivemos nesta semana com atos de preconceito/racismo no Brasil e em nosso estado. Uma tristeza por tudo que representa, ainda mais por vivermos num país mais do que miscigenado, uma marca do nosso povo.

Pois no final de 1971, início de 72, meus três maiores ídolos gremistas eram Anchetta, um branco, Everaldo, a estrela negra da bandeira gremista e Alcindo, o Bugre Xucro, o índio maior artilheiro da história tricolor até hoje. Verdade que 71 tinha sido ruim para ele; muitas lesões, falta de sequência e a estupenda fase de Néstor Scotta, um argentino que só não ficou, porque o River Plate exigiu a sua volta no final da temporada.

Sem Scotta, o Tricolor voltou-se novamente para o mercado platino e trouxe do Newell's, o centro-avante Oberti. El Mono como era conhecido, veio a peso de ouro. Para abater o valor, houve dois confrontos entre as equipes com a renda toda para pagar parte do passe do atacante.

Chegou Oberti e saiu Alcindo, velho sonho do Santos que o queria ao lado de Pelé, revivendo assim, uma das duplas do Brasil na Copa de 1966. 

O time santista deu em troca, Mazinho, um negro forte (para se ter uma ideia, Cléber, aquele ex-zagueiro do Galo e Palmeiras no anos 90 é seu sobrinho), também centro-avante. Aliás, para quem não conhece o time, estão na reprodução: Em pé; Jair, Espinosa, Jadir, Beto Bacamarte, Anchetta e Everaldo. Agachados; Flecha, Mazinho, Oberti, Torino e Loivo.

Mazinho estreou na segunda partida do tal pagamento, a primeiro ficara no 1 a 1, três dias antes; Caio Cabeça fizera o tento tricolor. Foi no dia 11 de Fevereiro daquele ano e o Grêmio contou com Deca (Jair); Espinosa, Anchetta, Beto Bacamarte e Everaldo; Dacunto (Gaspar) e Torino; Flecha, Mazinho, Oberti (Caio) e Loivo. O técnico era a super estrela Oto Glória, que levara a Seleção de Portugal ao inédito 3º lugar na Copa do Mundo na Inglaterra. Esse Dacunto era um brasileiro que fora criança para a Argentina, acompanhando o pai, também jogador (Dacunto que jogou no Vasco da Gama), não sabia o português; deve ter jogado umas cinco partidas e sumiu. Não deu certo. Veio, foi visto e devolvido.

A estreia de Mazinho, talvez tenha sido a mais auspiciosa de um jogador no Imortal. Marcou três vezes, aos 9 e 15 minutos do primeiro tempo, depois aos 18 do segundo. Silva fez o gol argentino aos 12 da primeira fase.

Naquele mesmo ano, Oto Glória descobriu que apesar do biotipo, Mazinho era na verdade, um número 8, ponta-de-lança técnico se acertando bem com o não menos habilidoso Oberti que fazia o tipo centro-avante de movimentação, possuindo um pé esquerdo mortífero.

O mineiro Alvimar Eustáquio de Oliveira, apesar dos tempos difíceis, deixou sua marca impressa no Tricolor onde jogou até 1974, saindo para atuar no Fluminense.

Esta semana, o Tricolor assim como naquela ocasião, enfrenta o Newell's duas vezes em curtíssimo espaço de tempo. Eu não ficaria triste se esses jogos repetissem os placares de fevereiro de 72. Quem sabe alguém se habilita a marcar três vezes pelo lado do Imortal? 

Observação: Novamente, contei com o indispensável apoio do amigo Alvirubro no fornecimento da "munição" para esta crônica.







8 comentários:

  1. Off topic, mas texto interessante:
    http://impedimento.org/o-bom-reserva/

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    1. Bacana.

      Já eu tenho preconceito contra medalhão mesmo. E não é só por 2012-13-14. No caso específico do Grêmio, desde que eu acompanho futebol com o mínimo entendimento, em 90% dos casos são jogadores que saem caro pro clube e não dão nem metade do retorno pretendido.

      Só que pra mim, esse tal de bom reserva, DEVE ser criado na base, não que quem venha de fora, mesmo que barato, não sirva, mas também são poucos os que dão certo, e normalmente tiram o lugar de algum guri, e tem salário maior.

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    2. Amigos!
      Há exemplos para todos os gostos; investir nos jovens de 17 anos como diz o texto, trazer veteranos como Oberdan e Alcindo (o retorno) em 1977 ou buscar jogadores com vinte e poucos como Victor, Réver ou Nildo (1994); então, é difícil fazer um veredito. Há bons e maus exemplos para cada situação.

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  2. Bruxo,

    Obberti fez 35 gols, em 105 jogos com a camiseta tricolor; marcou pela 1ª vez, em 12.03.1972, no amistoso Grêmio 4x1 Cotrisal (São Borja).
    O Grêmio jogou com:
    Deca; Espinosa (Renato Cogo), Ary Ercílio, Beto Bacamarte e Everaldo; Ivo e Gaspar (Paíca); Flecha, Obberti, Mazinho e Salvador.
    Técnico: Ithon Fritzen
    Os gols foram de: Ivo 37 do 1º tempo; Obberti 29, Carlitos 31, Flecha 33, Paíca 39 do 2º

    Mazinho assinalou 33 vezes, em 124 partida; e Dacunto vestiu a azul, preta e branca 2 vezes.

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    1. Alvirubro!
      Uma perguntinha:
      Oberti não foi o estrangeiro que mais gols fez pelo Imortal?

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    2. O outro jogo do Dacunto foi histórico: Grêmio e na época, "Associação Caxias" (fusão do Ju e Flamengo, atual Caxias) na Festa da Uva; primeira transmissão colorida da televisão. O placar foi 0 a 0. Assisti.

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    3. Bruxo, Obberti foi o estrangeiro que mais marcou pelo Tricolor.
      Numa rápida pesquisa que eu fiz, acho que Ancheta foi o segundo, com 27 gols.
      Até vou fazer uma busca detalhada para ver os maiores artilheiros estrangeiros que jogaram com a camiseta do Imortal Tricolor.

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    4. Oberti: 1 gol a cada 3 partidas.

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