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sábado, 21 de fevereiro de 2015

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (80) - Ano - 1979

O Bandido e o Mocinho


O bandido e o mocinho
São os dois do mesmo ninho
Correm  nos estreitos trilhos...
... São os dois da mesma safra
São os dois da mesma ilha ...

Versos de O Pavio do Destino, música e letra do capixaba Sérgio Sampaio, onde busquei a inspiração para essa crônica. Ela, mais Barcos, cuja a venda enclausurou no vestiário azul, o espírito da camisa 9, me remeteram ao ano da graça de 1979, quando o Imortal possuiu ao mesmo tempo, dois dos maiores centro-avantes de sua história, dois que vestiram a Amarelinha da Seleção, André, o Demolidor, o Catimba e Baltazar, o Iluminado, o Artilheiro de Deus. Dois opostos, unidos pelo "vício" irrefreável de fazer gols. Dois habituais frequentadores dos estreitos trilhos da grande área, da mesma ilha chamada gol.

O baiano André fora goleador no Vitória, formando o ataque arrasador, que acabou na Seleção: Osni, André e Mário Sérgio. No Guarani seguiu fazendo gols, 27 em 1976. Jogou com Maradona na Argentina. Aliás, fazem aniversário no mesmo dia, 30 de Outubro.

O goiano Baltazar era um menino de 19 anos em 78, quando empilhou tentos no Atlético Goianense. Jogou com Zico no Flamengo. Como o Galinho, também jogou na Europa.

Ambos jogaram ao lado de Paulo Cesar Lima. A prova está nas fotos acima.

André era um furioso escultor, seus gols eram quase sempre, obras primas. Baltazar estava mais para cirurgião; era preciso, prático, um minimalista na função de empurrar a bola para as redes adversárias.

Pois em 1979, André e Baltazar se encontraram no Olímpico. A Direção gremista desconfiava de seu camisa 9 de quase 33 "primaveras" e, atento ao mercado, buscou um menino que faria 20 anos em Julho.

André, doutor na arte da capoeira, além dela, teve aulas com os mestres baianos Caribé e Ivo Rangel no caratê; era malandro, tinha técnica, mas, se precisasse, ia para o confronto sujo, do escarro no rosto do marcador, na areia nos olhos do beque, no dedo serpenteador.

Baltazar era dócil, quieto. Ingressava discreto no campo e antes do apito inicial, distribuía Bíblias para os defensores. Convicção ou tática? Não sei, mas funcionava, pois balançou as redes 131 vezes em 214 partidas. O terceiro maior artilheiro do Tricolor. Jogou de 79 a 82.

André entrou em campo em 135 oportunidades entre 77 e 79, fazendo 67 gols. Com ele em campo, o Grêmio perdeu em apenas 8% da vezes, 11 confrontos. Praticamente, bicho certo para os jogadores e alegria para a torcida.

Naquele Gauchão, o Tricolor chegou mais de 10 pontos à frente do Coirmão e na partida final contra o Brasil de Pelotas, 3 a 0, André entrou no segundo tempo e fez o dele. Um gol simples, de rebote da trave, um tapa seco na esfera, um gol a Baltazar. Uma espécie de homenagem ao garoto que lhe enviara para a reserva.

Dois anos passados, 1981, Morumbi, Baltazar receberia um passe de Renato Sá, uma ajeitada no peito e uma chicotada no ângulo da goleira são-paulina, um gol a André. Uma retribuição.

André e Baltazar, dois camisas 9, dois centro-avantes, autores de dois dos mais importantes gols do Grêmio, 77 e 81. Quem sabe não servirão de inspiração para o nosso próximo comandante de ataque?

Para encerrar, um gol de André:



Obs: Utilizei dados repassados pelo amigo Alvirubro e buscados no site: http://impedimento.org/. As fotos são de http://www.torcedor.gremista.nom.br/












8 comentários:

  1. Bruxo, aí está um breve histórico das duas "feras" do Grêmio.

    BALTAZAR

    214 JOGOS
    133 VITÓRIAS
    48 EMPATES
    33 DERROTAS
    131 GOLS MARCADOS

    ESTREIA
    16.05.1979 - 4ª feira - Grêmio 3x0 Riograndense FC
    Campeonato Gaúcho
    Local: Olímpico, Porto Alegre-RS
    Árbitro: Luís Valdir Louruz
    Público: 10.102 pagantes
    Gols: Jésum 5', Baltazar 11', Baltazar 18' do 2º tempo
    GFBPA: Manga, Vílson Cereja, Vantuir, Vicente, Dirceu (Ladinho 27' do 2º), Vítor Hugo, Jurandir, Jorge Leandro, Tarciso (Valderez 27' do 2º), Baltazar, Jésum
    Técnico: Orlando Fantoni
    1) Tarciso cobrou pênalti e o goleiro Paulinho defendeu aos 23 do 1º tempo.

    ÚLTIMO JOGO
    31.07.1982 - Sábado - Grêmio 0x2 EC São José
    Campeonato Gaúcho
    Local: Olímpico, Porto Alegre-RS
    Árbitro: Luís Valdir Louruz
    Público: 6.764 pagantes
    Expulsão: Newmar
    Gols: Paulo Cézar Magalhães [contra] 20' do 1º tempo; Romário 12' do 2º tempo
    GFBPA: Leão, Paulo Roberto, Newmar, Hugo de León, Paulo Cézar Magalhães, Batista, Paulo Isidoro, Jorge Leandro (Bonamigo), Tarciso, Nei (Baltazar), Isaías
    Técnico: Enio Vargas de Andrade


    ANDRÉ CATIMBA

    135 JOGOS
    87 VITÓRIAS
    37 EMPATES
    11 DERROTAS
    69 GOLS MARCADOS

    ESTREIA
    15.06.1977 - 4ª feira - Grêmio 1x1 CR Flamengo
    Amistoso
    Local: Olímpico, Porto Alegre-RS
    Árbitro: Aírton Domingos Bernardoni
    Público: 11.775 pagantes
    Gols: Luisinho 25' do 1º tempo; André 19' do 2º tempo
    GFBPA: Corbo, Eurico (Vílson Cereja), Ancheta, Oberdan, Ladinho, Vítor Hugo (Sarandi), Thadeu Ricci, Jorge Leandro, Tarciso (Zequinha), Alcindo (André), Eder Aleixo (Luiz Carlos Guterrez)
    Técnico: Telê Santana

    ÚLTIMO JOGO
    16.09.1979 - Domingo - Grêmio 1x1 C Esportivo BG
    Campeonato Gaúcho
    Local: Montanha, Bento Gonçalves-RS
    Árbitro: Luís Moura Guaranha
    Público: 3.800 pagantes
    Gols: Jésum [pênalti] 4' do 1º tempo; Toninho 9' do 2º tempo
    GFBPA: Remi, Eurico, Valderez, Vicente, Ladinho, Daniel Cardaccio (Jorge Leandro), Yúra, Nardela, Jurandir, André, Jésum (Odair)
    Técnico: Orlando Fantoni

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    Respostas
    1. Na estreia do Baltazar, fiquei dividido,por fim, acabei torcendo para o meu Riograndense.

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    2. O "Periquito" daquela estreia do Baltazar:

      Paulinho, Borba, Adaílton, Vágner, Júlio César (Aimoré), Müller, Danilo, Mirandinha, Vânio, Guinga (Miquimba), Batista.

      Além desses tinha Saraco, Joacir, Nicola, Sadi, Betinho, Neca, o goleiro Irajava. Bons tempos do "Gandense".

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    3. Poucos sabem que ele encerrou suas atividades naquele ano, sem cair para a segundona. Em 1979, desceram Avenida de Santa Cruz e o Cachoeira.

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  2. Grande, Alvirubro!
    Gracias
    Vou abusar da tua boa vontade; quantos Grenais, cada um disputou e quantos gols marcaram nos clássicos?

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  3. BALTAZAR

    12 CLÁSSICOS GRENAL
    1 VITÓRIA - Gol: Jurandir 7', Baltazar 11' do 1º tempo; Chico Espina 45' do 2º tempo
    8 EMPATES
    3 DERROTAS
    3 GOLS MARCADOS


    ANDRÉ

    13 CLÁSSICOS GRENAL
    6 VITÓRIAS
    6 EMPATES
    1 DERROTA
    4 GOLS MARCADOS

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  4. Acho que essa derrota do André, ele entrou no segundo tempo.
    O Baltazar em clássico, não tem bom restropecto.

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  5. Complementando; ele estava lesionado e foi para o sacrifício no final de jogo.

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