Páginas

Páginas

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Pequenas Histórias



Pequenas Histórias (78) - Ano - 1975


O Dono da chave do cofre

Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/


Há exatos 40 anos, o ex-craque Luiz Carvalho, centro-avante do Imortal e da Seleção Brasileira dos anos 20 e 30, no último ano de sua gestão como presidente, resolveu dar uma guinada na condução financeira do clube. Trancou as torneiras por onde vazavam a grana da instituição e os sonhos distantes da torcida tricolor e cumpriu um ano de investimentos modestos no elenco, que via o Coirmão fechar 6 títulos consecutivos no Gauchão. Algo semelhante (mas não igual) ao que vive o Grêmio em 2015.

Até o final dos anos 60, Grêmio e Inter raramente buscavam reforçar suas equipes com jogadores de fora do Rio Grande; uma pequena parte vinha do Prata e outra de Santa Catarina, no mais, juvenis (não existia a categoria júnior) e no "celeiro" do interior gaúcho.

Na década de 70 passaram a trazer atletas de outros centros e aqui desembarcaram Benê, Lula, Marinho, Sérgio Lima, Dario, Land, João Ribeiro, Cao, Carlos Alberto Rodrigues, Negreiros, Humberto Ramos, Júlio Amaral, Mazinho, Carlinhos, Tarciso, Nenê, entre outros.

Não sei se foi só por isso, mas também por isso, o Grêmio comprometeu suas finanças e Luis Carvalho em 1975, apertou o cinto e  investiu em jogadores de menos expressão, quase todos do interior do Rio Grande mais os pratas da casa, que se juntaram a remanescentes, egressos igualmente dos clubes pequenos do nosso estado como Jorge Tabajara, ex-Novo Hamburgo, João Carlos, ex-Santa Cruz, Luiz Freire, ex- Gaúcho de Passo Fundo.

Trouxe o promissor técnico do Esportivo, Ênio Andrade, que indicou o lateral Celso do Atlético de Carazinho, o goleiro Gasperin, o centro-médio Cacau e o ponta de lança Neca, todos de seu clube de Bento Gonçalves. O maior investimento foi Nenê, ponta-esquerda do Botafogo de Ribeirão Preto, São Paulo. 

Além deles, Ênio contaria naquele ano com vários juvenis, o goleiro Alexandre, o lateral Vilson Cereja, o então ponta esquerda Bolívar (o original), Celso Freitas, volante, Luis Carlos, meio esquerda, Claudinho, centro-avante, Chico Spina, ponta direita, entre outros, que se somaram a Cláudio Radar, Beto Bacarmate, Beto Fuscão, Iúra, Tarciso, Loivo e especialmente, Picasso, Ancheta e Zequinha, os astros do elenco.

Não foi um ano bom, porém, nada diferente dos anos anteriores, até conseguiu levar para a prorrogação a decisão do Gaúcho contra um time muito superior, que no final do ano conquistaria o Brasil com seu futebol de entrega, organização e qualidade.

Conseguiu quebrar a invencibilidade no famoso Grenal de Zequinha, que fez 3 gols no jogo noturno no Beira-Rio. 3 anos e meio, 17 clássicos de seca. Uma das maiores partidas que vi meu time jogar.

Luiz Carvalho entregou ao seu sucessor, Hélio Dourado, um Grêmio mais sadio, que permitiu grandes investimentos em 76 e a volta dos títulos nos anos seguintes.

Na foto com a camisa celeste, uma bela invenção daquele ano, aparecem pela ordem, em pé: Vilson Cereja, Ancheta, Cacau, Beto Bacamarte, Jorge Tabajara e Gasperin; agachados: Zequinha, Iúra, Tarciso, Neca e Nenê.

Fica aqui o meu agradecimento especialíssimo ao amigo Alvirubro pelas informações de seu arquivo fantástico.

Seguem os gols deste Grenal inesquecível:

http://youtu.be/C8q9b5yjMY8

15 comentários:

  1. Bruxo,

    apesar da "pobreza franciscana" o GRÊMIO não foi mal em 1975.

    No Gauchão, foram apenas 3 derrotas: duas para o Colorado e uma para a Associação Caxias.
    Venceu 18 partidas e empatou cinco.

    No Brasileiro, não engrenou como poderia, pois venceu seis partidas e empatou 13. Foram nove derrotas e apenas uma delas poderíamos considerar "zebra": para o CSA.

    As demais derrotas foram "normais", considerados os adversários (Vasco da Gama, Coritiba, Corínthians, América-RJ, Cruzeiro, Santa Cruz, Flamengo e Internacional).

    No Olímpico, só perdeu para o "Ameriquinha" e para o Coritiba. Ficou em 14º lugar dentre 42 clubes.

    Mesmo assim, ficou na frente de grandes clubes: Atlético/MG, Vasco da Gama, Botafogo, Bahia, Coritiba e Santos.

    ResponderExcluir
  2. Hoje, impensável fazer essa campanha no Brasileiro; daquele grupo, destaco a descoberta de Ênio Andrade e Neca, jogador de Seleção e de certa forma, Luis Carlos Gasperin, excelente goleiro.

    ResponderExcluir
  3. Tu sabes que eu fui rever os gols do GRENAL do ZEQUINHA e fiquei impressionado com a velocidade do NECA, do ZEQUINHA e do NENÊ.

    Hoje tem gente que discursa, dizendo que nos anos 70 o futebol era lento. Com certeza não viram o "replay" dos jogos do Inter, quando Lula e Valdomiro faziam uma correria para cima dos laterais.

    Não viram os lances de Roberto Batata e Palhinha. Não viram Zico correr para cima das defesas driblando. Não viram Roberto entrar correndo área a dentro. Nem viram Cafuringa, Jorginho Carvoeiro ou Vaguinho. Não viram Luiz Carlos ou Edu, o Bala e o do Santos. Não viram Nei e nem César Maluco. Não viram Gílson Nunes e nem Paraná. Olha os nomes que estou escrevendo. Que saudade meu amigo!

    ResponderExcluir
  4. Jogadores cadenciados como Ademir da Guia, Gérson, Gaspar,um pouco antes, Dino Sani, acabaram colocando essa tatuagem na geração dos anos 70, mas havia Paulo Cesar Carpeggiani e Neca, entre outros, que faziam a transição com muita velocidade, Basta ver o terceiro gol do Grêmio.
    Nenê era um velocista e driblador por excelência,
    Hoje estaria na Seleção Brasileira.

    ResponderExcluir
  5. E mais, lembrei agora, quem acha o Futebol dos anos '70 lento, não viu o "replay" dos jogos do Ajax e da Holanda, em 1974 e 1978. Se aquilo não era velocidade, eu não sei o que é futebol veloz.

    ResponderExcluir
  6. Alvirubro
    Aí é que eu fico p#to com esses jornalistas esportivos atuais, que sequer assistiram a um jogo completo do Ajax, Feyenoord ou da Seleção holandesa, dando pitacos sobre os anos 70.

    ResponderExcluir
  7. https://www.youtube.com/watch?v=kIAVTd3jVe8

    Bruxo, esse aí do vídeo era um dos "lentos". Não jogava nada o guri.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esse era gênio. A incessante busca de um novo Pelé pela mídia e os poucos gols, o colocaram abaixo de outros, mas jogava muito.

      Excluir
    2. Bruxo, admiro o futebol de Messi, de Neymar, de Cristiano Ronaldo, de Robben, enfim, dessa gurizada que hoje monopoliza a mídia esportiva, por serem considerados "gênios". Mas, sinceramente, um "craque" como Cruijff, que cabeceava, chutava com os dois pés, driblava, tinha agilidade, rapidez e domínio de bola, além da visão privilegiada, não poderia estar relegado à memória de torcedores saudosistas que nem eu e tu.

      Infelizmente, não cultuamos, de maneira geral, como deveríamos, esses jogadores fantásticos de outrora. Vendo o vídeo, fica provado que a velocidade no futebol não é de agora. E além do mais, veja de onde partia para o ataque esse jogador. Normalmente estava longe da área. Criava as jogadas, driblava, se "enfiava" área a dentro, contra os adversários que lhe davam botinadas. Era a lei contra gênios como Pelé, Cruijff, Best e outros. Grande jogador esse "holandezinho".

      Excluir
    3. Ele era fantástico, mas convém lembrar que foi muito bem acompanhado no Ajax, na Seleção e no Barcelona.
      George Best não ficou tão conhecido, justamente por ser da Irlanda do Norte, aí ... Mesmo caso do liberiano Weah.

      Excluir
    4. Como seria uma comparação entre Cruijff e Zidane ?

      Sou fã do Frances, e pela descrição que fizeste do holandes, era bem parecido.

      Excluir
    5. Cruyiff era mais jogador. Zidane esteve melhor nas finais de Copa.

      Excluir
  8. Revendo o vídeo, com os lances do Johan Cruijff, não pude deixar de lembrar do Zagallo, em 1974, antes do chocolate que tomamos da Holanda:

    "O time deles é bom, mas os holandeses não têm tradição em Copas e isso pesa.
    A Holanda não me preocupa. Estou pensando na final com a Alemanha."

    "A Holanda é muito tico-tico-no-fubá, que nem o América dos anos 50."

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Alvirubro
      Esse Zagallo é o maior 171 da história do futebol brasileiro, sempre na carona dos outros.

      Excluir