Pequenas Histórias (95) - Ano - 1977
Ainda nas Nuvens
Fonte: Zero Hora |
As emoções ou momentos de extrema felicidade, não são medidas pela grandeza das causas, mas pela intensidade de suas reações. Exemplificando, uma ascensão da Série B para a A, um fato, à principio, de pequena dimensão, da forma como ocorreu na Batalha dos Aflitos, se transforma num momento de rara felicidade, superando até outros acontecimentos de causas aparentemente "mais nobres".
Na minha vida (e de muitos gremistas) a reconquista da hegemonia gaúcha em 1977, depois de 8 anos na fila, é quase imbatível na hierarquia das emoções esportivas. 25 de Setembro daquele ano é como se fosse a data de nascimento de um filho meu. Tudo o que veio depois, virou DC, ou seja, depois da conquista. Um marco, realmente.
Três semanas decorridas da conquista, a torcida gremista ainda estava nas nuvens, o sonho bom seguia sem fim; o Grêmio estreava no Brasileiro, justamente contra o Coritiba no Olímpico. E não deixou por menos: Tocou uma sonora goleada, 4 a 0 com direito a show de André Catimba (o da foto acima). Ele só não fez chover naquela tarde.
André e Alcindo foram os maiores camisas 9 que vi no Grêmio, se o Bugre era mortal, André era um artista, pertencia a mesma estirpe de Tostão, Claudiomiro, Reinaldo e Romário, isto é, a da turma de centro-avantes "cerebrais", (ele) era completo. Dançava conforme a música, a orquestra e o maestro.
Logo aos 3 minutos de partida, o Tricolor abriu o marcador com o mago Tadeu Ricci, que aparou rebote do goleiro Sérgio num chute de André.
Aos 12 minutos, a jogada de moleque de André; após duas tentativas frustradas de chute de Yúra, a bola sobrou "rasteira" para o baiano, que preferiu se esgueirar rente à grama e empurrou de cabeça para as redes, que ainda bateu no zagueiro Hermes. O normal seria bater com o pé para o fundo do gol.
Aos 24, o ponta Éder acertou o travessão. Era avassalador o domínio azul. Uma época mágica, cuja a curiosidade era apenas saber de quanto seria a vitória.
Assim sendo, o terceiro tento era apenas uma questão de rápida espera. Novamente com André chutando forte, a defesa rebateu mal e Tarciso na posição de comandante de ataque, deslocou o arqueiro paranaense. 3 a 0 aos 38 minutos da primeira fase, isso, sem contar mais quatro chances de gol perdidas por Yúra, Éder (a do travessão) e duas por Tarciso.
No segundo tempo, aos 14 minutos, nova participação de André que cabeceou na área e deixou Tadeu Ricci livre para ampliar.
O Coritiba só foi assustar aos 23 minutos, quando Alfredo chutou para grande defesa de Walter Corbo para escanteio.
O Tricolor de Telê Santana diminui o ritmo e começou o Brasileiro com uma goleada que poderia ser maior ainda.
Quase 20.000 torcedores assistiram a vitória do Grêmio, que mandou a campo aquela escalação, que é poesia para os ouvidos gremistas: Corbo, Eurico, Ancheta, Oberdan e Ladinho; Vitor Hugo, Tadeu e Yúra, Tarciso, André e Éder. Por lesão, Telê fez entrar Jorge Leandro e Claudinho nos lugares de Yúra e André, este, de estupenda participação, porém, como quase sempre, o melhor do jogo foi Tadeu Ricci.
O Coritiba do técnico Lanzoninho escalou: Sérgio, Marquinhos (Pedro Paulo), Hermes, Duílio e Zé Carlos; Isidoro, Caio Cabeça (Alfredo) e Borjão; Wilton, Adilson e Washington.
José Roberto Wright foi o árbitro.
Fontes utilizadas:
Correio do Povo
Zero Hora
Arquivo Pessoal do amigo Alvirubro
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