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sábado, 10 de outubro de 2015

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (101) - Ano - 1969



Os Cunhados do Rei 


Gol de Davi - Foto: Correio do Povo


O próximo compromisso do Imortal pelo Brasileiro é contra o Peixe na Arena; aí, eu lembrei que sempre tive forte na memória, vitórias comuns na pontuação, mas de grande significado para mim e principalmente, para a estima do nosso clube.

São várias: o triunfo no primeiro campeonato brasileiro em 71, lembro da manchete: "No maior do mundo, contra o melhor do mundo, deu Grêmio 1 x 0"; traduzindo: No maior certame do mundo, contra Pelé, o Tricolor ganhou pelo escore mínimo, gol de Torino, Estádio Olímpico. Tem até então, inédita conquista em São Paulo, 1 x 0 no Pacaembu, gol de Oberti e Picasso pegando pênalti do capitão do tri, Carlos Alberto, que rendeu a "Pequenas Histórias" nº 4. Há, ainda, a vitória na Vila Belmiro, 1 x 0, gol de falta de Itaqui, quebrando o tabu.

Destas, a lembrança mais remota é a de 1969, 2 x 1 no Olímpico. Passados os anos, descobri que aquela fora a primeira em 10 anos de disputas de Taça Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Uma década na fila, pudera, o Santos era uma máquina, ganhou seis títulos nacionais e dois vices, além de duas Libertadores e dois mundiais, apenas nos anos 60. 

Pois, é desta vitória que vou tratar agora. O Santos era a base da Seleção Brasileira que disputava as eliminatórias para a Copa de 70; possuía nove atletas convocados, além do zagueiro Ramos Delgado, que era argentino. 

No final de Setembro de 69, o clube paulista chegava exausto a Porto Alegre, vindo da Europa, onde fez uma excursão exitosa, diria rotineira; disso, resultaram as ausências de quatro jogadores titularíssimos: Carlos Alberto, Clodoaldo, Toninho e Edu. Mas tinha Pelé em grande forma em busca do milésimo gol, que faria dois meses depois, em Novembro. Estava com 989 na carreira.

Para o confronto, o Santos treinado por Antoninho mandou a campo o lendário goleiro Gilmar mais Lima, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Djalma Dias e Nenê, Manuel Maria, Douglas, Pelé e Abel. Entraria ainda Léo no meio de campo. Este time era tão entrosado, que havia 3 parentes nele: Lima e Abel (pai do jornalista Abel Neto) eram casados com duas irmãs de Pelé, portanto, cunhados do Rei.

O técnico Sérgio Moacir Torres Nunes escalou o Tricolor com: Arlindo; Espinosa, Ari Hercílio, Áureo e Everaldo; Jadir e Sérgio Lopes; Davi, Júlio Amaral, Alcindo e Wolmir. João Severiano, o Joãozinho, substituiu Sérgio Lopes.

O primeiro tempo foi morno, porque o Grêmio respeitou demais a equipe paulista; esta por sua vez, se resguardava, visivelmente sofrendo o cansaço da jornada internacional. 

Quando o jogo se encaminhava para o final da primeira fase, Douglas lançou Pelé. Ele no seu tradicional "rush", avançou horizontalmente, vencendo a defensiva e completou para as redes. Gol número 990 da carreira. Assim ficou o primeiro tempo. 1 a 0.

O treinador gremista fez uma troca, que se mostrou decisiva: Sérgio Lopes, o camisa 10, deu lugar ao craque Joãozinho. Ele se tornou a principal figura da partida ao ponto do goleiro Gilmar declarar no final da partida, não entender como João Severiano começara no banco de reservas. Coisas do Futebol.

Aos 15 minutos, Joãozinho tabelou com Alcindo, o Bugre entregou para Davi ajeitar e mandar no canto esquerdo do arqueiro santista. 1 x 1.

Três minutos passados e Espinosa estava cruzando para Júlio Amaral bater de primeira entre Joel e Ramos Delgado. 2 a 1.

O Tricolor poderia ter ampliado; Alcindo cobrou pênalti, Gilmar defendeu, o rebote voltou para o camisa 9, que fuzilou para fora. Tiro de Meta. Gilmar, já era o melhor jogador da clássico.

A partida teve várias particularidades: o clube santista chegou 12 horas apenas, antes da disputa, o Grêmio quebrou o tabu de nunca ter vencido o Santos em partidas oficiais, Davi e Júlio Amaral fizeram a única partida boa em suas curtas passagens no Tricolor. Como consolo, este último, que era um eterno reserva de Ademir da Guia no Palmeiras, conheceu a Miss Grêmio daquele ano, casaram e foram pais do atacante Leandro Amaral, que passaria pelo Grêmio na virada do século.

Mas a maior das curiosidades é que, além de Lima e Abel serem cunhados do Rei, Davi, o autor do primeiro gol gremista, também era casado com uma das irmãs de Pelé. 

Um raro encontro de quatro cunhados.

Um último dado: Aquele campeonato nacional foi ganho pelo Palmeiras, que teve o mesmo número de pontos do Cruzeiro, mesmo número de vitórias, venceu no saldo de gols por um de diferença. É isso mesmo! Campeão nacional no saldo de gols.

Fonte: Correio do Povo e Arquivo Pessoal do amigo Alvirubro



24 comentários:

  1. Bah, velho! Dá para editar um livro com essas "Pequenas Histórias". Cheias de informações pormenorizadas, que poucos conhecem, a menos que tenham mais de 50 anos de idade.

    Gente "da antiga", como costumo chamar, que viu nascer a Revista PLACAR, que acompanhou, mesmo que "de relancina", o Robertão e os primeiros anos do Campeonato Nacional, nascido em 1971.

    Tempos bons, de futebol de primeira qualidade, com craques em campo, a ponto de um campeonato ser decidido no Saldo de Gols. Que tempos, amigo, que tempos...

    Ótima história! Parabéns!

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  2. Obrigado.
    a) Tesourinha,Zizinho, Heleno, Jair e Ademir
    b)Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo.
    c) Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivellino.
    d) Oscar, Hulk ou Firmino, apenas Neymar

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    1. Bruxo, isso que tu estás pegando da Seleção. Só para citar alguns ataques de time, melhor que o da Seleção atual: Edu, Leivinha, César e Nei; Cafuringa, Flávio, Samarone e Lula; Palhinha, Tostão, Dirceu Lopes, Evaldo; Térto, Toninho, Pedro Rocha, Paraná, etc...etc...etc...

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    2. Ronaldo,Dario, Lola e Romeu.
      Valdomiro, Flávio e Lula.
      Osni, André e Mário Sérgio
      Leocádio, Paquito, Tião Abatiá e Aladim.
      Rogério, Roberto, Jairzinho e Paulo Cesar Lima, o Caju.
      Gil, Doval e Dirceu.

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    3. Bah, não dá nem para comparar! Tínhamos tudo isso nos campos de futebol.

      Dá uma olhada no Quadrangular Final do Robertão de 1969. Só olha quem marcou os gols:

      30.11.1969 - BOTAFOGO-GB.2x2.CRUZEIRO-MG - Gols: Evaldo 54, Zé Carlos 65, Afonsinho 71, Rogério 76
      30.11.1969 - CORÍNTHIANS-SP.0x0.PALMEIRAS-SP.
      03.12.1969 - CRUZEIRO-MG.1x1.PALMEIRAS-SP - Gols: César 44, Palhinha 55
      03.12.1969 - CORÍNTHIANS-SP.1x0.BOTAFOGO-GB - Gols: Benê 59
      07.12.1969 - PALMEIRAS-SP.3x1.BOTAFOGO-GB - Gols: Ademir da Guia 11, César 27, Ademir da Guia 44, Ferretti 54
      07.12.1969 - CRUZEIRO-MG.2x1.CORÍNTHIANS-SP - Gols: Evaldo 49" segundos, Rivellino 37, Dirceu Lopes 68

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    4. Por isso, quando a gente o Gefferson convocado ou o Doni para a Copa, não tem como não dizer que a Seleção atual é "padrão Fifa".

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    5. " a gente vê o Gefferson..."

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    6. Nem me fala! E o pior de tudo é ver o Chile dar um sufoco e o técnico não mudar nada. Ver o Sampaoli mudar taticamente o time dele duas vezes e nossos dirigentes ficarem afirmando que o jogo foi igual e que o Neymar fez muita falta,e blá, blá, blá, blá...

      Agora, contra a poderosa Venezuela, vamos ver todo o ufanismo, afinal temos que ir à Rússia.

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    7. Bom, eu assisti só o final do jogo, nem sabia que horas começava; depois vi o vexame da Argentina.
      Dunga não chega ao final das eliminatórias.

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    8. A seleção brasileira continua refém das individualidades, é incrível como não evolui taticamente.

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    9. Glaucio, a única indivdualidade que poderia fazer alguma coisa é Neymar. E mesmo assim, eu tenho algumas restrições ao modo como ele joga. Na Seleção, contra grandes times, nunca foi "o cara". Deita e rola contra Honduras, Rep Dominicana, Costa Rica, Bolívia, mas quando pega seleções fortes é só aquele "armandinho". Contra a Colômbia, bem marcado, embora tenha tomado pau no jogo, foi se esconder.
      Claro, alguns dirão que no Barcelona ele arrebenta. Mas até eu, jogando com aqueles caras, vou ser o artilheiro do espanhol. Deixa só para ele decidir naquele time do Barça e vamos ver o que ele vai aprontar.

      Não estou dizendo que ele não joga bola. Joga e muita, mas na hora "H", o "deixa comigo" passa longe dele. Já deu mostras. Acho que virou midiático, como muitos boleiros de agora. Anota, não será a metade do que foi Ronaldinho Gaúcho. Esse foi um dos maiores gênios que o futebol produziu. Pena que não entendeu o que ele significou para o futebol e simplesmente vai fazer ruir sua imagem.

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    10. Glaucio
      De qualquer forma, em qualquer ambiente de trabalho, o normal é convocar os melhores. A Seleção não faz isso.

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    11. O que eu acho errado é justamente isso, na falta de um Ronaldo, Romário, a anos não temos soluções. Acho que precisamos mudar o pensamento e ver a seleção como um time, que antes dos craques fazerem diferença, precisa de coletividade, táticas. De repente eu esteja sendo muito crítico, mas só tenho visto amontoados.

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    12. Não, Glaucio, tu não estás sendo crítico. É isso mesmo: temos que mudar o pensamento do futebol brasileiro. Viramos, depois dos anos 80, exportadores de jogadores. Somos o que o continente africano é. Somos apenas participantes de um "esquema mundial" de contratações de jogadores pífios, que assumem a função de craque. Ora, se alguém conhecer alguma seleção do continente africano ou asiático que tenha tido alguma relevância, me avise, pois eu não conheço. Existem apenas esparsos bons jogadores, contratados por milhões de euros, que na verdade nada tem de grande qualidade. Enganadores e só!

      O Brasil enveredou pelo mesmo caminho. Perdemos a formação de base, pois hoje vale o que o empresário dá em troca para ter seu pupilo em um clube de ponta. Dá uma passada de olhos nos guris da base de Inter e Grêmio. Os caras vem de fora do RS, sem vínculo afetivo com os clubes. Sabes porque um guri lá do Nordeste, ou de São Paulo, ou do Rio de Janeiro, ou de outro lugar, está na base Dupla GRENAL?

      Aí tu voltas no tempo e olhas as feras que Grêmio e Inter produziram nos anos 60 e 70. Eram guris do RS. Torcedores dos dois clubes. Pede para os guris de hoje contarem a história da Dupla GRENAL. Garanto que não sabem nem as datas de aniversários dos dois clubes. Tudo interesse, velho.

      Aí o cara joga um pouquinho mais e já transformam o guri em um astro. E tem mais, de nada adianta o guri ter qualidade na base. Simplesmente porque se não houver algo interessante, ele não sobre para o time de cima. Mas está lá na base, ganhando seu salariozinho, que não é pouco. E ninguém se desfaz do guri.

      Só para te dar um exemplo, eu ouço falar de um jogador do Inter chamado Andrigo, desde que ele tem 14 anos. Seria a joia colorada. Coisa de futuro. O guri está com 20 anos e onde foi parar a joia? Está lá na base e até agora nada. Pode ser que antes dos 30 anos ele estoure.

      No Grêmio eu poderia citar outros guris, dentre eles Lincoln. Será que o guri se perdeu? Acho que não. Mas sabe com são as coisas. Na dúvida, deixa o guri encostado. Vai que ele entre no time e resolva o problema. Como é que eu vou tirar o medalhão de titular.

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    13. Glaucio
      diante de nova realidade, o que se tem é privilegiar o coletivo; aliás, o que o Tite faz em seus times: perde Guerrero, promove Luciano, perde Luciano, recupera Vágner Love, lógico, todos tem uma coisa qualidade, mas sem o coletivo, eles não funcionariam tão bem.

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    14. Alvirubro
      É o velho capitalismo; onde o dinheiro passa a ser o mais importante, há destruição, isso foi nas artes na Idade Moderna e hoje, com mais força, em todos os segmentos, música, cinema, futebol, sem falar no dia a dia.

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    15. Bacana ver que não só eu penso assim, Alvirrubo. Nada contra quem vem de fora do RS, mas acho que a dupla não olha pro interior como deveria.

      Tite né bruxo, Tite..."só"

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    16. Roger segue na mesma direção; até postei que o craque do Grêmio é o treinador.

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    17. bacana

      http://diariogaucho.clicrbs.com.br/rs/esporte/gremio/noticia/2015/10/nao-me-sinto-a-ultima-bolachinha-do-pacote-diz-roger-machado-4866686.html

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    18. Glaucio
      Será uma surpresa para mim, se o Roger deixar subir à cabeça; outro que está acima da média é o Doriva (dos novos, é claro).

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  3. Bruxo, um tal de Edson, conhecido como "Pelé", jogou 15 vezes contra o Tricolor. Marcou 10 gols. Incomodava os zagueiros o "Rei". Tá louco!

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  4. O Grêmio, infelizmente, era um dos maiores fregueses do Rei.

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  5. Sempre bom aos domingos, com tempo, dar uma lida nessas histórias. Parabéns bruxo.

    Uma pergunta, o Espinosa era o Jair?

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    1. O Espinosa era o Valdir Espinosa. O mesmo que foi técnico do Tricolor.

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