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sábado, 3 de junho de 2017

Pequenas Histórias

Pequenas Histórias (161) – Ano – 1971
                                                 
Instantes de Fama


Nos anos 60, Andy Warhol, figura fundamental do movimento Pop-Art, cunhou esta frase: “No futuro todos serão famosos por pelo menos 15 minutos” (de suas vidas).

Aí, eu lembrei de uma prática adotada pela Dupla Grenal na década de 70 especialmente; qual seja, a de contratar  atacantes do clubes gaúchos menores  que tiveram o seu instante de fama marcando gols nos confrontos diante de Grêmio ou Internacional.

Foi assim com Arlém (que viraria Árlem no Galo mineiro) e Garcia, ambos do Cruzeiro porto-alegrense indo para o Colorado; Néia do Guarany de Bagé,  centroavante que em 1975 se tornou notado por provocar o minuto de silêncio mais barulhento da história do futebol gaúcho, pois, enquanto se observava este ato de respeito no Olímpico, lá no estádio Estrela Dalva, o Inter sofria o gol dele, antes que os torcedores se acomodassem totalmente nas arquibancadas, levando a massa tricolor ao delírio, desrespeitando a homenagem de início de partida. Ano seguinte, Néia vestia azul, preto e branco. Coisa de louco!

Houve também, Selmar que marcou o gol da vitória do Barroso-São José (o atual Zequinha) sobre o Imortal em Junho de 71 no Passo D’Areia, façanha que o levou a ser contratado pelo Tricolor.

 Selmar estreou no Grêmio dia 10 de Outubro diante do Vasco da Gama no Olímpico pelo Campeonato Brasileiro.

Oto Glória utilizou; Jair; Espinosa, Ari Hercílio, Beto Bacamarte e Everaldo; Torino e Gaspar; Flecha, Caio, Selmar (Plein) e Loivo.

O Vasco de Admildo Chirol: Andrada; Haroldo, Miguel, Moisés e Alfinete; Adilson e Afonsinho; Jaílson, Ferreti, Dé e Rodrigues (Gílson Nunes).

Já classificado para a fase seguinte do certame, o Tricolor jogando descontraído, teve as maiores chances do primeiro tempo. Aos 5 minutos, Caio (na foto com Afonsinho) quase marcou, mas na hora do arremate, foi brecado legalmente por Miguel.

 Mesmo com Torino e Gaspar dominando o centro de campo mais Flecha e Espinosa trazendo perigo ao arco de Andrada (grande goleiro argentino; mais lembrado por tomar o milésimo gol de Pelé), o 0 a 0 ainda resistia, porque o Imortal pecava na hora da conclusão.

Diante disso, o Vasco se encorajou e aos 36 minutos obrigou Jair a espalmar para escanteio a cabeçada do beque Moisés. Jair era o goleiro menos vazado do campeonato com apenas 6 gols sofridos.

Quando todos esperavam por um final de primeira fase sem gols, Gaspar centrou (outra fonte diz ser passe de Caio Cabeça) para a grande área, Miguel e Moisés bobearam, um aguardando pelo outro e aí surgiu Selmar, que espertamente se aproveitou da indecisão vascaína e concluiu para as redes cruz-maltinas. O cronômetro marcava 44 m e 30 s. 1 a 0. Placar do primeiro tempo.

A etapa final foi dos goleiros: Com o Vasco mais agressivo, Jair praticou duas grandes defesas em arremates de Dé e Ferreti aos 28 e 31 minutos. Passado o susto, o Grêmio em contra-ataques exigiu três espetaculares intervenções de Edgardo Norberto Andrada, que se tornou o maior destaque do clássico nacional.

Com a vitória, o Tricolor ficou em primeiro lugar no seu grupo com uma derrota em 14 jogos. Ela (a vitória) também foi responsável pelos “15 minutos de fama” de Selmar, um centroavante branco, raçudo, com um início de calvície, que passou pelo Grêmio de uma forma fugaz, cuja única façanha em sua curta jornada pelo clube foi este gol decisivo numa partida que nem chegou a concluí-la.

Uma passagem tão breve que sequer localizei uma foto sua para ilustrar esta crônica.

Fonte: Material e Foto do Arquivo pessoal do amigo Alvirubro  

Post Scriptum:
 Eis o cara! Gentileza do nosso especialista em Dupla Grenal, Alvirubro. Foto de Leonid Streliaev

25 comentários:

  1. Bruxo, a fugaz passagem de Selmar pelo Grêmio pode ser pintada até com certa riqueza, visto que laguns atletas passam por grandes clubes e não têm a oportunidade de jogar contra grandes clubes.
    Selmar teve uma curta sequência, não exitosa para o time Tricolor, mas os adversários e os locais de jogo devem ter ficado na memória do atleta. Veja:

    10.10.1971 - Grêmio 1x0 CR Vasco da Gama - Olímpico
    17.10.1971 - Grêmio 0x1 SC Internacional - Beira-Rio
    30.10.1971 - Grêmio 1x2 Cruzeiro EC - Mineirão
    02.11.1971 - Grêmio 2x2 CR Flamengo - Edson Arantes do Nascimento, em Brasília (não existe mais).
    28.11.1971 - Grêmio 1x3 SE Palmeiras - Pacaembu

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    1. Aí começam os problemas das estatísticas; percentuais ótimos, dados excelentes, quando chega a hora da onça beber água é o que se verificou: excluindo o jogo do Vasco, nenhuma vitória, 4 jogos, 3 derrotas.

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    2. O Estádio Pelezão ficava onde hoje está localizado um residencial (Park Sul), ao fundo do Carrefour, da DF-003.

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    3. Deveria ser o campo do CEUB, primeiro clube de futebol de projeção da novacap. Paíca jogou nele.

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    4. Exatamente, em 1973, o CEUB usou o Pelezão para mandar os jogos. Em 1974, já teve jogo no Mané Garrincha.
      Aquele CEUB era um time recheado de jogadores interessantes, recolhidos pelo Brasil afora:
      Rogério, Oldair, Rildo, Jadir, Claudio Garcia, Marco Antonio, Pericles, Dario Gouveia, Xisté, Roberto Dias, Fio, Jair Bragança, Junior Brasília, Valdir, Mão de Onça, Renê, e outros tantos.

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  2. Afonsinho foi um "revolucionário" na "Lei do Passe". Brigou na Justiça e ganhou o direito de trabalhar, mesmo tendo contrato com o Botafogo, que o deixou "de molho" e sem treinar, logo após sua apresentação vindo do Olaria-RJ, porque usava barba e cabelo compridos. Isso em 1971. A lei só entraria em vigor em 1998. Formou-se em Medicina.

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  3. Existe um livro maravilhoso chamado Prezado Amigo Afonsinho, sua biografia. Era estudante de Medicina enquanto corria atrás da bola. Jogou nos 4 grandes do Rio, também no Santos.

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  4. O Gil fez letra e música prá ele: "Meio-de-campo".

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    1. Vide Pequenas Histórias 88:
      https://bruxotricolor.blogspot.com.br/search/label/Pequenas%20Hist%C3%B3rias?updated-max=2015-07-30T18:51:00-03:00&max-results=20&start=72&by-date=false

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  5. Outro nome que aparece no Grêmio de 1971 é Plein. Duas passagens pelo Tricolor. A primeira vez muito jovem, 20 anos, e depois já em 80/81, mais maduro.

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  6. Um dos maiores nomes do futebol santa-mariense. Mora em Caxias do Sul.

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  7. Néia, Selmar, Plein, Helenílton, Dirceu, Bebeto, Bira, atacantes surgidos no interior que pouco brilharam na Dupla. Mais recente, Bira do Brasil de Pelotas, Sandro Sotilli e Washington que passou por ambos os grandes da capital e só foi ter sucesso no Caxias e nos centros SP, RJ e PR.

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    1. Bah, o Helenílton fez um dos gols do Flamengo, naquele jogo de Brasília, em 1971. O outro foi do Arílson.

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    2. Arílson, ponta-esquerda que foi cortado na convocação da Copa de 70.

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    3. Sobre o Washington, em 12 de Fevereiro de 1998, o Grêmio anunciava a contratação do atacante.
      Em 28 de Março de 1998 ele fez a estreia e também o último jogo. Foi para a Ponte Preta logo em seguida.

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  8. À propósito; tens alguma foto do Selmar no Grêmio?

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    1. Bruxo, vou procurar. Se achar te enviarei.

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    2. Gracias! Show de bola. A minha memória anda boa, pois apenas lembrava de como ele era.

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  9. GRÊMIO x CR VASCO DA GAMA
    Na história do confronto - Geral
    78 jogos
    34 vitórias do Grêmio 43,59%
    19 empates 24,36%
    25 derrotas 32,05%
    101 gols marcados pelo Grêmio 1,29 por jogo
    90 gols marcados pelo adversário 1,15 por jogo

    GRÊMIO x CR VASCO DA GAMA
    Na história do confronto - em Porto Alegre-RS
    46 jogos
    28 vitórias do Grêmio 60,87%
    08 empates 17,39%
    10 derrotas 21,74%
    68 gols marcados pelo Grêmio 1,48 por jogo
    42 gols marcados pelo adversário 0,91 por jogo
    _____________________________________

    GRÊMIO x CR VASCO DA GAMA - No Brasileiro - Desde 1971
    53 jogos
    22 vitórias do Grêmio 41,51%
    13 empates 24,53%
    18 derrotas 33,96%
    70 gols marcados pelo Grêmio 1,32 por jogo
    67 gols marcados pelo adversário 1,26 por jogo

    GRÊMIO x CR VASCO DA GAMA - No Brasileiro - Desde 1971 - Em Porto Alegre-RS
    31 jogos
    19 vitórias do Grêmio 61,29%
    06 empates 19,35%
    06 derrotas 19,35%
    48 gols marcados pelo Grêmio 1,55 por jogo
    27 gols marcados pelo adversário 0,87 por jogo

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  10. Os números recentes mostram a queda do clube carioca, isto é, os dos Brasileiros.

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  11. Destaque para Caio, o amigo da bola, na escalação do Grêmio.

    Curioso que, em 2016, 45 anos após o fato mencionado na excelente crônica, algo similar aconteceu com Guilherme, atacante que hoje está no Botafogo. Ele marcou um dos gols da vitória do Zequinha na Arena e veio para o Grêmio disputar o Brasileiro (aliás, foi seu único tento no ano, se bem me lembro). Como diferença o fato de ele já partencer ao Imortal, tendo sido emprestado ao São José para o Gauchão.

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  12. Boas lembranças, Rafael:
    a) Caio e Gaspar foram apelidados por Lauro Quadros como "Os Amigos da Bola", mais adiante veio Osmar, ex Inter, que estava no Caxias, que transformou a dupla em trio.
    b) Guilherme é um caso semelhante com diferença de quase meio século.

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  13. Uma das defesas de Andrada mencionadas no texto é descrita amplamente pelo Jornal do Brasil do dia 12: "(...) Andrada, segundo menos vazado, teve seu grande momento nesse jogo de goleiros: primeiro espalmou uma cabeçada frontal de Plein e depois, no ar, jogou o corpo para trás e agarrou firme a bola, num que lance que fez até o treinador Oto Glória levantar para aplaudir."

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  14. Rafael, quem viu Andrada jogar se impressionava; inclusive, houve um movimento para que ele se naturalizasse, pois tínhamos problemas no arco. Nem Ado, Félix, Leão e outros possuíam aceitação tranquila da massa torcedora.

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  15. Bruxo, por favor, coloque o comentário em sua postagem sobre a vitória do Grêmio sobre o Vasco. Grato.

    Palavras aos torcedores do Grêmio

    Aos CRÍTICOS, PESSIMISTAS e VIÚVAS de tanto tempo sem títulos (relativamente): MENOS, BEM MENOS!
    Aos entusiastas e OTIMISTAS: MENOS, BEM MENOS!

    O Grêmio, novamente, fez uma boa partida, difícil, contra um time que veio com uma proposta defensiva e teve, por força das circunstâncias, que mudar e deu espaços.
    O Grêmio é superior ao Vasco, mas encontrou muitas dificuldades, por quê?
    Simples: proposta defensiva do time de São Januário e da falta ainda presente de um verdadeiro meia armador.
    Mas, deste jogo tira-se algumas lições: o Grêmio é mais forte do que se pensa; o Grêmio, com paciência, tem procurado vencer; o Grêmio tem lutado até o último minuto (o que a muito não se via); o Grêmio está no caminho certo. Que garoto é este chamado Luan?
    Mais? Sim!
    Douglas faz falta? Nem tanto (embora seja, jogando como em 2016, importante). Porque o Grêmio aprendeu a jogar sem verdadeiros meias e adotou a qualidade de seus volantes e atacantes de movimentação para suprir esta falta. O Grêmio supera a falta de um verdadeiro meia com jogadas laterais e um “falso nove”. O Grêmio tem um técnico motivador e mais um técnico “por trás das câmeras”, estrategista (embora eu seja, ao mesmo tempo, admirador de Renato e seu crítico, como já comentei). O Grêmio, apesar de algumas deficiências, tem plantel. Porque Maicon, o capitão de outrora, é um (no mínimo) décimo segundo jogador. Porque Marcelo Oliveira, se em 2016 era uma avenida para o adversário, para quem observou, melhorou em 2017 e hoje é um reserva “quase” de luxo. Por que Edílson é um reserva de luxo. Porque o Grêmio tem garotos da base e “transição” que podem contribuir. Porque fez contratações adequadas (mesmo que, particularmente, tenha criticado a vinda de Lucas Barrios, Léo Moura, Bruno Cortez, Gastón Fernandez e que estão contribuindo acima do imaginado). Porque Pedro Rocha, mesmo não fazendo gols regularmente, é uma peça importante. Porque Geromel, desconhecido para o futebol brasileiro é, hoje, o melhor zagueiro do Brasil. Porque Kannemann se ajustou a Geromel e ao estilo Grêmio. Porque Michel tem crescido jogo a jogo.
    Mais?
    Claro que sim.
    Se a equipe está jogando o que está, mostra que os problemas de salário e direitos atrasados foram resolvidos. Nenhum time segue em frente, por melhor que seja, se algo interno estiver atrapalhando (vide Palmeiras).
    Parabéns à direção que tem trabalhado (incluindo as criticadas contratações).
    Falta só o torcedor encher a Arena.
    Derrotas virão e o torcedor terá que saber tolerar e compreender o momento (como contra o Sport Recife).
    Títulos?
    Consequência de um bom trabalho em conjunto, dentro e fora de campo.
    Gaiteiro, siga com o baile!

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