Pequenas Histórias (178) - Ano - 1981
O Tiziu
Em 1981, os gremistas se sentiam incomodados com a supremacia colorada no plano nacional, afinal, eles possuíam três títulos brasileiros e o rival nenhum.
Cada ano, "era o ano" de começar a ganhar, mas nada mudava. E 81 parecia ser mais um na fila, o time vinha patinando até ser goleado em São Paulo, 3 a 0, três de Serginho Chulapa. Ênio Andrade radicalizou e encheu de juniores o time. Havia um grupo de personalidade forte e imensa qualidade surgindo no Grêmio e um atleta luziu muito acima dos demais, luziu no meio de Leão, De León, Vilson Tadei e Tarciso: Paulo Isidoro. Ninguém brilhou mais do que ele, o Bola de Ouro da Revista Placar naquele Brasileiro. No ano seguinte, Telê o levou no elenco da Copa do Mundo da Espanha. Chegou a ser titular momentaneamente na briga com Cerezzo, Falcão, Zico, Sócrates e Dirceu Guimarães, o Dirceuzinho.
O ponta de lança surgido no Atlético Mineiro era uma "fusão" de Valdo com Paulo César Tinga, portanto, não havia como errar. Pela sua negritude, a imprensa mineira o apelidou de Tiziu, um pássaro que entoava um belo canto. Veio trocado por Éder, o maior ponta esquerda da história gremista, o que levou a lenda Foguinho resmungar: Trocaram um diamante branco (muito raro e valioso) por um diamante comum. Verdade! Porém, é também verdade que no final, nenhum gremista reclamou.
Isidoro foi desequilibrando os confrontos a favor do Tricolor, um a um, Fortaleza, Vitória, Operário MS, Ponte Preta e especialmente na final, quando virou o decisivo jogo de ida no Olímpico, 2 a 1. Ficou para a lembrança o 0 a 1 no Morumbi, gol de Baltazar, entretanto, quem viveu, sabe que o empate nos servia. Duro foi virar contra o melhor time do Brasil, perdendo pênalti e com o capitão Leão, saindo lesionado, entrando um arqueiro inconfiável. A Nação gremista ficou com o, digamos, ... coração na mão.
Aliás, a confiança dos colorados no fracasso gremista era tão grande e aumentou nas oitavas-de-final, quando o Imortal perdeu a primeira disputa em Salvador para o Vitória, 2 a 1, que uma das brincadeiras era dizer que a defesa gremista parecia aqueles portões cuja arquitetura apresentava dois leões como guardiões da entrada, que na verdade, qualquer um entrava. A referência surgiu pela presença dos defensores azuis, Émerson Leão, goleiro e o quarto-zagueiro uruguaio, Hugo De León.
Aí veio a partida da volta, Olímpico com quase 40 mil torcedores num Domingo, dia 12 de Abril. O Tricolor precisa vencer para manter o sonho do título.
Ênio Andrade escalou: Leão, Paulo Roberto, Newmar, De León e Casemiro; China, Paulo Isidoro e Vilson Tadei (Renato Sá); Tarciso, Héber e Odair.
Os baianos treinados por Belisco: Gélson; Róbson, Xaxá, Otávio Souto e Marquinhos; Zé Augusto, Edson Silva e Joel Zanata; Ronaldinho (Wilton), Tadeu Macrini (Anílton) e Paulinho.
Logo aos 6 minutos, escanteio batido por Odair pela direita, a bola passou pelos defensores e pelo centro-avante Héber; o Tiziu surgiu às costas da zaga e cabeceou no lado oposto de ex-gremista Gelson. 1 a 0.
O resultado levava o Imortal para a fase seguinte; a tranquilidade total surgiu aos 3 minutos da etapa final numa arrancada do veloz Odair; ele cruzou forte, Tarciso repetiu Paulo Isidoro, isto é, cabeceou no contrapé do goleiro. 2 a 0.
Outras chances surgiram e foram desperdiçadas. Com a má fase de Baltazar, Héber, um camisa nove "cerebral" (o Grêmio sempre sonhou com um novo André Catimba), não aproveitou as oportunidades.
Esta vitória encurtou o caminho para o título. Afinal, ele chegou três semanas depois, dia 03 de Maio.
Foto: Adolpho Gerchmann onde aparecem da esquerda para direita: Héber, Odair, Newmar, Paulo Roberto, Vilson Tadei, o preparador Júlio Espinosa abraçando Paulo Isidoro e Hugo De Leon
Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
Seguem os gols deste 2 x 0 ( Léo Batista se equivocou):
Cada ano, "era o ano" de começar a ganhar, mas nada mudava. E 81 parecia ser mais um na fila, o time vinha patinando até ser goleado em São Paulo, 3 a 0, três de Serginho Chulapa. Ênio Andrade radicalizou e encheu de juniores o time. Havia um grupo de personalidade forte e imensa qualidade surgindo no Grêmio e um atleta luziu muito acima dos demais, luziu no meio de Leão, De León, Vilson Tadei e Tarciso: Paulo Isidoro. Ninguém brilhou mais do que ele, o Bola de Ouro da Revista Placar naquele Brasileiro. No ano seguinte, Telê o levou no elenco da Copa do Mundo da Espanha. Chegou a ser titular momentaneamente na briga com Cerezzo, Falcão, Zico, Sócrates e Dirceu Guimarães, o Dirceuzinho.
O ponta de lança surgido no Atlético Mineiro era uma "fusão" de Valdo com Paulo César Tinga, portanto, não havia como errar. Pela sua negritude, a imprensa mineira o apelidou de Tiziu, um pássaro que entoava um belo canto. Veio trocado por Éder, o maior ponta esquerda da história gremista, o que levou a lenda Foguinho resmungar: Trocaram um diamante branco (muito raro e valioso) por um diamante comum. Verdade! Porém, é também verdade que no final, nenhum gremista reclamou.
Isidoro foi desequilibrando os confrontos a favor do Tricolor, um a um, Fortaleza, Vitória, Operário MS, Ponte Preta e especialmente na final, quando virou o decisivo jogo de ida no Olímpico, 2 a 1. Ficou para a lembrança o 0 a 1 no Morumbi, gol de Baltazar, entretanto, quem viveu, sabe que o empate nos servia. Duro foi virar contra o melhor time do Brasil, perdendo pênalti e com o capitão Leão, saindo lesionado, entrando um arqueiro inconfiável. A Nação gremista ficou com o, digamos, ... coração na mão.
Aliás, a confiança dos colorados no fracasso gremista era tão grande e aumentou nas oitavas-de-final, quando o Imortal perdeu a primeira disputa em Salvador para o Vitória, 2 a 1, que uma das brincadeiras era dizer que a defesa gremista parecia aqueles portões cuja arquitetura apresentava dois leões como guardiões da entrada, que na verdade, qualquer um entrava. A referência surgiu pela presença dos defensores azuis, Émerson Leão, goleiro e o quarto-zagueiro uruguaio, Hugo De León.
Aí veio a partida da volta, Olímpico com quase 40 mil torcedores num Domingo, dia 12 de Abril. O Tricolor precisa vencer para manter o sonho do título.
Ênio Andrade escalou: Leão, Paulo Roberto, Newmar, De León e Casemiro; China, Paulo Isidoro e Vilson Tadei (Renato Sá); Tarciso, Héber e Odair.
Os baianos treinados por Belisco: Gélson; Róbson, Xaxá, Otávio Souto e Marquinhos; Zé Augusto, Edson Silva e Joel Zanata; Ronaldinho (Wilton), Tadeu Macrini (Anílton) e Paulinho.
Logo aos 6 minutos, escanteio batido por Odair pela direita, a bola passou pelos defensores e pelo centro-avante Héber; o Tiziu surgiu às costas da zaga e cabeceou no lado oposto de ex-gremista Gelson. 1 a 0.
O resultado levava o Imortal para a fase seguinte; a tranquilidade total surgiu aos 3 minutos da etapa final numa arrancada do veloz Odair; ele cruzou forte, Tarciso repetiu Paulo Isidoro, isto é, cabeceou no contrapé do goleiro. 2 a 0.
Outras chances surgiram e foram desperdiçadas. Com a má fase de Baltazar, Héber, um camisa nove "cerebral" (o Grêmio sempre sonhou com um novo André Catimba), não aproveitou as oportunidades.
Esta vitória encurtou o caminho para o título. Afinal, ele chegou três semanas depois, dia 03 de Maio.
Foto: Adolpho Gerchmann onde aparecem da esquerda para direita: Héber, Odair, Newmar, Paulo Roberto, Vilson Tadei, o preparador Júlio Espinosa abraçando Paulo Isidoro e Hugo De Leon
Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
Seguem os gols deste 2 x 0 ( Léo Batista se equivocou):
Bruxo, época em que os gaúchos ganhavam os campeonatos, por terem times que se entregavam à conquista. O mata-mata nos ajudou muito. O fator local fez a diferença, muitas vezes.
ResponderExcluirAinda estamos sofrendo com os campeonatos em pontos corridos. Será muito difícil chegarmos a algum título, nesse tipo de certame.
Não sei falta planejamento ou mesmo estímulo para jogar 38 rodadas "a morrer". Infelizmente, vamos ver "os paulistas" levarem mais um. Nem a "Série B" o meu time aprendeu a jogar, imagina "Série A"!
Alvirubro
ResponderExcluirA situação nos pontos corridos não é tão crítica, faltam os ajustes; vejamos:
- 2005, Inter vice
- 2006 Inter vice
- 2008 Grêmio vice
- 2009 Inter Vice
- 2013 Grêmio Vice
E este ano, muito provável mais um vice do Tricolor. Falta valorizar mais e se preparar melhor em "detalhes"
Obs: Tirei os dados da memória, mas acho que estão corretos
Sim, Bruxo, é isso aí mesmo. O problema é que na "hora H", sempre aparecem os empatezinhos e derrotinhas, dentro de casa, para quem a gente menos espera.
ExcluirSe ampliarmos um pouco mais, até o 3º lugar, ainda temos o Grêmio em 2006 e 2012; e o Internacional em 2014.
O que causa minha dúvida é se as classificações nesses anos foram fruto do acaso, ou se houve planejamento para se chegar a isso. Tenho a impressão que em 2017, com o Grêmio, acontecerá outra vez: será o 2º colocado, mas deixará a certeza no torcedor, que dava para fazer mais. O discurso da "escolha da conquista" não me convence. Opinião pessoal.
Me metendo um pouco no diálogo de vocês, as vezes parece faltar vontade de ganhar, se contentar somente com vaga e etc... Lembro que a dupla se empenhar em buscar o título somente em 2005, 2008 e 2013, se resto somente estamos jogando por jogar...
ExcluirEm 2008 foi terrível ver a política interna tirar o título do Grêmio....
ExcluirDelmar
ExcluirTenho comigo que o erro capital foi ter reajustado o treinador ao final do primeiro turno; desse uma premiação substancial para o título e não faltaria apenas um ponto como foi o caso.
Pra mim foi não ter uma meio campo para o lugar do Roger Flores e esperar até o Tcheco ter condições... não poderia ter vendido ele....
ExcluirDelmar
ExcluirFoi o ano em que o Tricolor arranjou dois meninos que deram certo, Rafael Carioca e William Antunes, o Magrão, faltou realmente, um armador que eles acharam que seria o Souza.
Alvirubro
ResponderExcluirCom certeza este ano faltou planejamento; a coisa andou frouxa pelo lado da Direção que se submeteu aos caprichos do treinador, um eventual título da LA não apaga erros grosseiros cometidos neste ano.
Vou adiante, Bruxo: sabe aquele "premiozinho" que a CBF dá aos clubes pela colocação final, no Campeonato Brasileiro? Por qual motivo os dirigentes não usam o prêmio como estímulo para o grupo de jogadores?
ExcluirOra, o que é um clube sem conquistas? Nada! Os longos períodos sem títulos da Dupla GRENAL nos mostra que cai vertiginosamente o número de sócios. Isso porque o torcedor larga de mão.
Qual a melhor maneira de agregar sócio e torcedor? A conquista! O Troféu! A faixa na camiseta! O resto vem a reboque.
Pois os caras pegam o premiozinho, que o time conquistou e usam para tapar os furos criados pelas dívidas que eles mesmos fazem, por total incompetência, muitas vezes.
Quanto ao post, Paulo Isidoro foi uma das melhores contratações que o Grêmio já fez, apesar da troca com Éder (um dos melhores de todos os tempos).
ResponderExcluirO "neguinho" (carinhosamente) era serelepe, técnico, participativo, incansável. Certamente se mantém na lembrança de todos que o viram em campo.
Quanto aos comentários (todos com aspectos que também influíram), já comentei vários aspectos do "glorioso, isento, disputado e duvidoso" Campeonato Brasileiro. Não tenho conhecimento suficiente dos demais, em outros países, mas o nosso, certamente, está entre os mais "duvidosos" no mundo da bola. Basta relembrarmos as campanhas vergonhosas, que já citei, dos anos em que as malas brancas e pretas correram a solta (visivelmente). Basta lembrar do juiz que foi afastado por estar comprometido com manipulação de resultados. Basta lembrar um grande clube oferecendo ingressos a um juiz e seus bandeirinhas (que iriam apitar seu último jogo na competição e confirmação de seu título). Mais?
Não tenho dúvidas que as campanhas em que a dupla grenal chegou perto tenham sido boicotadas por "dinheiro sujo" correndo em paralelo. Em algumas oportunidades era visível que algo de "estranho" ocorria no meio do caminho.
Se retrocedermos no tempo, vamos concluir com facilidade que a campanha, por exemplo, do tricolor em 96 foi realmente "contra tudo e contra todos". Não foi só um mero "chavão" criado do nada (além de outros detalhes, basta relembrar a campanha televisiva do centro contra o tricolor-Davi contra Golias). A "Batalha dos Aflitos" não foi uma batalha imaginária. Havia um forte "esquema armado” para que o Grêmio não subisse. Muito dinheiro rolou por trás da cena (proveniente de vários clubes e “outras” instituições interessadas). Detalhe interessante que foi desmentido após se encerrar o jogo de Grêmio e Náutico: O Santa Cruz deu a volta olímpica como campeão da série B com a TAÇA OFICIAL da CBF. EU VI e OUVI. Estava assistindo o jogo e lembro-me nitidamente sobre o comentário dos narradores que acompanhavam ambos os jogos (inclusive mostrando durante a transmissão, a TAÇA OFICIAL no ARRUDA). Claro que falaram depois da vergonha de que era uma cópia da taça.
Pergunta-se: que clube no mundo faria uma cópia da Taça Oficial, antes do jogo, mesmo com a possibilidade de nem se classificar, dependendo da combinação de resultados e ainda mais que se fosse campeão, teria a oficial em suas mãos?
Pergunta-se: o que aquela Taça estava fazendo no Arruda se a maior combinação de resultados apontava o Grêmio como campeão?
Pois é. Quem fica atento a detalhes, observa o “andar da carruagem”.
Verdade, essa da cópia da taça antes de encerrar o campeonato não dá para acreditar.
ExcluirFiasqueira.
Outro detalhe interessante: já observaram o quanto é duvidosa a Libertadores? Agora mesmo, nesta final contra o Lanús temos alertado sobre a influencia que possuem na CONMEBOL.
ResponderExcluirVejam: https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2017/11/10/diretor-da-chape-alerta-gremio-contra-lanus-apos-tapetao-na-libertadores.htm
Já comentei sobre porque razão atribuíram 3 gols nos pontos perdidos pela Chapecoense contra o Lanús. Basta ver que a decisão foi tomada quando já havia possibilidades do Lanús não ficar bem classificado. Além dos pontos da partida, ganharam por 3 a 0 quando o normal seria 1 a 0. Saldo de gols importantes no posicionamento do Lanús e refletesse agora, também, nesta final.
É bom ter amigos assim, não é mesmo?
Este é o futebol sul americano, incluindo a Libertadores e o Campeonato Brasileiro.
Lisura total.