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sábado, 11 de agosto de 2018

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (196) - Ano - 1973


Vencendo os Futuros Ídolos

Fonte:http://ecveternamente.blogspot.com

Esse time da foto acima é venerado até hoje pelos torcedores do Vitória, pois em 1972 conquistou o campeonato regional, único caneco entre 1966 e 1979. É o correspondente baiano do nosso 1977 gaúcho. Nele havia vários jogadores de destaque como Agnaldo, goleiro que passou pelo Santos de Pelé, Gibira, que vi surgir no Bonsucesso do então estado da Guanabara, Osni, excelente atacante também surgido no Santos, maior destaque do time ao lado de dois gênios: André, mais tarde Demolidor e finalmente, Catimba, mais Mário Sérgio, cracaço de bola, ambos inseridos para sempre na história do Grêmio Porto-alegrense.

Pois esse Vitória do técnico Carlos Castilho (ex-goleiro bicampeão mundial 58/62) , em Novembro de 1973 desembarcou em Porto Alegre para encarar o Tricolor do grande treinador Carlos Froner pela última rodada da primeira fase do campeonato nacional.

Neste confronto, o Tricolor utilizou: Picasso; Cláudio Radar, Ancheta, Beto Bacamarte e Jorge Tabajara; Carlos Alberto, Paulo Sérgio (Orcina) e Mazinho (Yúra); Carlinhos, Tarciso e Loivo.

O Vitória contou com: Agnaldo; Jorge Valença, Dutra, Válter e França; Fernando Silva, Deco (Almiro) e Davi (Fernando Rabelo); Osni, André e Mário Sérgio.

O público devido ao Feriadão (sexta era 02/11) foi decepcionante, também porque o Grêmio havia assegurado a vice-liderança desta fase antecipadamente.

Logo aos 6 minutos, o Vitória ameaçou com bela jogada de Mário Sérgio que cruzou, toda a zaga falhou e André arrematou para espetacular defesa de Picasso.

O meio de campo gremista não funcionou com dois volantes, mais a precária condição física de Mazinho, cuja participação na partida só foi confirmada no próprio Domingo.

O jogo se conservou morno até o intervalo. Na volta para a segunda etapa, aos 13 minutos, Loivo foi à linha de fundo, fez o cruzamento, o ponta Carlinhos cabeceou fraco, a bola bateu na trave e o arqueiro Agnaldo se atrapalhou e deixou passar; Mazinho com a bola já cruzando a linha fatal, apenas confirmou o tento. 1 a 0. Gol de Carlinhos.

O ingresso do promissor juvenil Yúra, ao contrário das vezes anteriores, não fez efeito. O time seguiu sem soluções ofensivas.

Froner, ao seu estilo, resolveu garantir o resultado; colocou um volante tradicional, Orcina, fechando mais o meio.

Com este 1 a 0, o Grêmio encerrou o turno ocupando o segundo lugar, 19 jogos, apenas uma derrota e onze vitórias, atrás apenas do futuro (bi)campeão, o Palmeiras de Osvaldo Brandão.

O certame somente se encerrou no ano posterior sem o Tricolor manter a performance desta primeira fase.

 A defesa gremista seguiu invicta contra este trio, pois o ano anterior, 1972, houve empate em 0 a 0.

André e Mário Sérgio, personagens destes duelos, jamais imaginariam o que aquele manto de três cores lhes reservaria poucos anos depois. Nem nós, gremistas.

Fonte:  Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
             Correio do Povo
             Revista Placar
              

12 comentários:

  1. A 2ª Fase do Brasileiro de 1973 começou uma semana depois desse encontro com o Vitória. Dia 11.11.1973, na 1ª Rodada, de cara, um clássico GRENAL, realizado no Beira-Rio.
    O placar foi de 1x1, com gols marcados por Valdomiro e Figueroa, contra.
    Um dado interessante desse clássico foi que o gol colorado surgiu a um minuto de jogo e o gol gremista aos 89 minutos, na última volta dos ponteiros do cronômetro.
    O gol contra, a favor do Grêmio, foi anotado para o chileno, após chute de Mazinho de fora da área, que desviou no zagueiro colorado.


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  2. Obrigado, Alvirubro
    O fim dele ocorreu em Fevereiro/74.

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  3. Olá Bruxo e Alvirrubro! Gostaria de perguntar o que se sabe do Gessy Lima, a não ser as poucas e desencontradas informações que se encontram na Internet: o jogo do Boca com Gessy possivelmente de ressaca, o fato de não gostar de futebol, os lances épicos, etc. Acho incrível um jogador do qual varios relatos de ser um dos melhores de sempre no Grêmio, ter conseguido sair de cena sem deixar rastros. Ele chegou a abrir um consultório de dentista? Morreu de que? O que ele pensava da vida? O que os craques da época falam (falavam) sobre a personalidade do Gessy? Um abraço, Caco Vaccaro

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  4. Caco
    Sei pouco de Gessy Lima fora de campo. Eu não tenho; até dei de presente para o meu filho que mora em Bento este livro;veja:
    https://noticias.bol.uol.com.br/esporte/2010/12/18/jornalista-gaucho-elege-os-dez-maiores-idolos-do-gremio.jhtm
    Um dos dez é justamente Gessy.
    O Alvirubro pode dar uma ajuda.

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    1. Gessy foi considerado uma das maiores revelações do futebol gaúcho da década de 50. É fato sabido que ele não via o futebol como carreira. Era um intelectual.
      Era um jovem tímido e reservado, pelo que se pode deduzir dele. Não gostava de dar entrevistas. Outra característica citada é que era absolutamente leal em campo. Descrito como um jogador frio e oportunista, com senso de objetividade incomum, Gessy foi aos poucos demostrando a sua técnica apurada.

      Contam que o pai de Gessy era favorável a participação do filho no futebol. Para "seu" Lima, Gessy era o verdadeiro número "5", pois mostrava ter os atributos para o desempenho de médio central, o antigo "pivot".
      Já a mãe era contrária, pois queria que o filho estudasse. Era considerado franzino para o futebol e recebia os cuidados por ser o filho caçula.

      Estudou no Colégio Santana, de Uruguaiana, onde participava das "peladas". Descoberto pelas suas qualidades de goleador, ingressou nos juvenis do Uruguaiana, em 1950. Ali sua pecualiar qualidade futebolística começou a aparecer.
      Foi goleador do time em 1953, e em 1955 repetiu o feito. Naturalmente, a fama extrapolou os limites de Uruguaiana.

      A atuação na Bombonera é citada como a mais sensacional de toda a sua carreira, mas houve outras significativas, considerando que em várias temporadas esteve na lista de principais artilheiros do tricolor.
      Conta-se que jogava futebol para pagar os estudos e que a carreira de jogador nunca esteve em seus planos.

      Parou muito cedo e poucas vezes foi ao campo de futebol ver alguma partida. Teria ido ao Olímpico, em 1974, ver um jogo do Grêmio. Entrou escondido e assim permaneceu. Tinha o consultório na Avenida Assis Brasil, em Porto Alegre.
      Um jornalista do Correio do Povo tentou fazer uma matéria com ele, em Janeiro de 1979. Teve que voltar várias vezes ao consultório, porque Gessy sempre arrumava um jeito de não dar entrevista. Era da sua personalidade ficar longe dos holofotes.
      Era muito tímido e nunca negou que não gostava de falar. Certa feita, admitiu que poderia ter jogado na seleção brasileira:
      – "Não deu porque na meia já tinha um outro cara melhor do que eu, bem melhor, um tal de Pelé".

      Gessy é uma da personalidades esportivas, como tantas no RS, que merece uma obra contando sua vida.


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  5. David Coimbra, Nico Noronha e Mário Marcos de Souza fazem uma menção ao craque tricolor, nas páginas 96 e 97, no livro “A História dos Grenais (2ª Edição-2004):
    “Gessy. Um mistério no Grêmio. Morreu de câncer, anos após parar de jogar. A maioria de seus ex-colegas e dos antigos dirigentes do clube garante que ele não gostava de futebol. Jogava apenas por dinheiro, para pagar a faculdade de odontologia. Retraído, não suportava brincadeiras, quase não falava e sequer comemorava os muitos gols que marcava. Como não queria saber de abraços depois dos gols, os jogadores, brincalhões, festejavam dando-lhe tapas na cabeça.
    Gessy apreciava sobremaneira três coisas na vida: cigarro, bebida e mulheres. Alguns jogadores ainda lembram de um dos raros momentos em que viam os olhos do ponta-de-lança brilharem: quando estava atrás de um pilar de bolachas de chope na Churrasquita, no Centro. Comia pouco. O diretor Hermínio Bittencourt, preocupado, chegou a dar uma ordem ao arrendatário do restaurante do Olímpico: – Para o Gessy pode servir o que ele quiser, a hora que quiser, que o clube paga.
    Fumava muito. Os jogadores diziam que, nas viagens, Gessy levava na bolsa um par de cuecas, a escova de dentes e dois pacotes de cigarro. Seu apelido era Relâmpago por causa do brilho das dezenas de fósforos riscados à noite, no escuro da concentração. Quando todos estavam deitados, Gessy acordava para fumar. Antes dos treinos, enquanto os jogadores batiam bola no gramado, Gessy permanecia no túnel, falando solitário. Só entrava em campo depois que Foguinho soprava o seu apito e chamava para o trabalho. Odiava os exercícios físicos. Asmático, muitas vezes entrava em campo carregado pelos companheiros de meio-de-campo, Élton e Milton.
    As mulheres o adoravam e ele adorava as mulheres. Entre as tantas apaixonadas, destacava-se uma baixinha da Vila IAPI que constantemente podia ser divisada nas arquibancadas do Olímpico, assistindo aos treinos. Chamava-se Elis Regina.”
    E segue um bom relato sobre o jogador.

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  6. Esqueci desse relato, Alvirubro. Livro muito bom apesar de algumas lacunas surpreendentes.

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    1. Bruxo, a História do GRENAL está sempre aberta. Certamente, quem ousar pesquisar sobre o clássico, para a edição de uma obra, terá que editá-la em volumes. Cada jogo uma história. É único. E que histórias nesses mais de 100 anos!

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  7. A história dos dois clubes ainda está em aberto; lembro que ninguém sabe que marcou o primeiro gol gremista.

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    1. Pois é! Inacreditável como nos idos das décadas de 1910, 1920 ou 1930 nunca alguém se preocupou em perguntar aos antigos atletas do clube, muitos dos quais eram dirigentes, algo sobre o primeiro gol, para publicar.
      O futebol era tão incipiente, em 1904, ano do primeiro jogo do tricolor, que nem mesmo um gol teve a repercussão merecida.

      Apesar de fazer parte da história do clube, é sabido que os jogos contra o "irmão" Fuss Ball Club Porto Alegre eram para a difusão do esporte na Capital do Estado. Atividades mais lúdicas do que efetivamente voltadas às disputas. Os jogos eram festivos, tanto que tinham um tempo de duração de 30 minutos cada etapa, entremeados com jogos dos 2ºs quadros, no intervalo.

      Enfim, do ponto de vista de jogos com tempo oficial, vamos ter a partir de 1906 algo parecido com o que veríamos já no Citadino de Porto Alegre de 1910.

      Eu chamo essa fase de "Fase Varzeana", não com o intuito de menosprezar os clubes, apenas para mostrar o quanto eram amadoras as intervenções em jogos. Claro que fazem parte da construção histórica do clube, mas com uma ideia diversa do que veríamos já em 1910. As primeiras redes só foram utilizadas em 17.07.1910, no GRENAL pelo Citadino. Imagine antes, como eram as definições de gols? O "Foi!...Não foi!..." deve ter sido grande.
      De qualquer forma, como são jogos contados pelos antigos historiadores, fazem parte do histórico de partidas. Uma pena que não se tenha mais informações a respeito.

      Certa feita, ouvi um relato do Cacalo, quando ainda era dirigente, dizendo que havia essa lacuna na história gremista. O primeiro gol é uma falta histórica.

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  8. Bruxo e Alvirrubro: muito boas as informações sobre o Gessy. Me pergunto se hoje, sendo a profissão de jogador de futebol muito valorizada, ele teria mesmo seguido a carreira de dentista. Uma década em um clube grande significaria uma ótima aposentadoria, sabendo ser minimamente esperto.

    Na minha vida eu conheci inumeras pessoas complexas, com muito talento e uma inegável capacidade para o auto boicote. Não sei se é o caso dele, mas as vezes algumas pessoas têm dificuldades para aceitarem a felicidade.

    Tudo especulação, mas, fumar incessantemente, sendo ou não um atleta, é uma eficaz forma de autodestruição.

    Mas quem sou eu pra saber? Ninguém sabia muito sobre o grande Gessy, pelo jeito!

    Abração!
    Caco

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  9. Caco
    Falta a ele, uma grande homenagem, uma biografia mais acurada. Pelo menos, eu desconheço que exista uma.

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