Pequenas Histórias (233) - Ano - 1983
A Virtude Relegada
Fonte:https://gremio1983.wordpress.com/ |
A parada do futebol (e de muito mais) obrigou a mídia a usar da criatividade para preencher o seu espaço esportivo e uma das alternativas, aliás, saudável e pertinente, foi olhar para a história e reviver momento especiais. A conquista da primeira Libertadores da América do Imortal é um desses pratos deliciosos que a cada revisão, apresenta motivos para análise e contemplação do conjunto de acertos daquele Grêmio de 1983.
O Tricolor de Koff, Galia, Espinosa, Ithon, foi sendo moldado durante a competição. Mazaropi, Baidek e Caio viraram titulares no meio do caminho até aquele 28 de Julho. Também dá para incluir a efetivação de Renato, titular pela primeira vez numa temporada, as vindas dos essenciais Osvaldo e Tita. Casemiro era um lateral absoluto, confiável, eficiente. E Caio? Bom, este é um capítulo à parte. Nordestino que o preparador físico Ithon Fritzen conhecia, atuando pela Portuguesa de Desportos. Caio era um "retirante" dos livros de Euclides da Cunha e Guimarães Rosa. Um resistente. Dentro de campo, se multiplicava, jogava a morrer, aliás, quase aconteceu isso em La Plata, no intervalo da batalha. Com ele, o time era de doze.
Esse grupo detinha muita qualidade; Seis atletas jogaram na Seleção Brasileira + De León, Uruguaia. Osvaldo foi um desses injustiçados que o Escrete Canarinho comete de tempos em tempos. Futebol? Sobrava-lhe. O jogador mais parecido com Zico; características idênticas, preservando, claro, a dimensão de cada um na história mundial. Mazaropi, soube há pouco, era cogitado para compor o elenco brasileiro que jogou a Copa da Argentina em 1978.
Outro aspecto, a excelência do elenco, porque há necessidade de lembrar a boa resposta do banco, casos de Leandro, Tonho e César, quando precisou.
Entretanto, uma virtude que forjou de forma inapelável o time, jogo por jogo, é lembrada (quando lembrada), após os primeiros elogios (técnica, conjunto, individualidades, ofensividade) se esgotarem; trata-se da garra, raça, pegada, escolham o termo. Ela está presente em cada lance, no empate suado do primeiro jogo, 1 a 1, Flamengo, passando pelos dois sufocos, aqui e lá, diante do Estudiantes, na Bolívia e sua altitude, até na única derrota, ocorrida em Cali, Colômbia.
Mas este quesito ficou escancarado na final, nos dois jogos. O primeiro no Centenário, confronto de ida, nem se fala. Um empate fantástico diante do atual Campeão do Mundo. Aquele 1 a 1, gol de Tita, talvez, o mais raçudo do time e com certeza, o craque do grupo. O camisa 10, simplesmente, rebentou naquela Sexta-Feira, fria, tão fria, quanto foi a Quinta, partida de volta. Com Tita em Tóquio, não haveria prorrogação.
Quem tiver a chance de rever ou ver pela primeira vez esta decisão, verá um time correndo, mordendo, como se os atletas estivessem fazendo a última tarefa de suas vidas.
Amei! Vou assistir ao jogo pela primeira vez, e teu texto só faz crescer minha vontade de assistir a este momento tão especial para nós gremistas. Ótimas palavras, amanhã será o encontro de todos os tricolores! Beijão, com muito amor, Clara.
ResponderExcluirObrigado, Clarinha!
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