Pequenas Histórias (236) - Ano - 1990
Acredito que a maioria dos
torcedores tem algum jogo na lembrança que é muito maior para ele do que para a
estatística do seu clube do coração.
Eu tenho vários, um deles foi no
início de 1990, o segundo amistoso da temporada que contava com uma Libertadores no
calendário. Vamos a ele.
No segundo semestre do ano
anterior, eu foi contratado por uma grande empresa de Araranguá, cidade próxima
a Criciúma e pela primeira e única vez, senti um ranço com gaúchos. Vale dizer
que estamos tratando de quase a divisa com o nosso pago de origem.
Nessa segunda apresentação
gremista no ano, chance para o treinador Paulo Sérgio Poletto, bom técnico, mas que
naufragou à frente do Imortal. O adversário era o Criciúma, um clube cujo time vinha crescendo no cenário futebolístico.
E na lancheria da empresa, no dia
do confronto a ser jogado ali próximo, no Heriberto Hülse, estádio do Tigre, os
"catarinas" vieram me falar na "grande" rivalidade entre os
times gaúchos com os de lá.
Fiquei surpreso: -
rivalidade, que rivalidade!!, perguntei.
Meu rival é o Inter e em nível nacional, os de Minas, São Paulo e
Rio. Confesso que achava que só estavam zoando comigo. Não era sério, pensei.
O papo esquentou; era sério mesmo, a ponto de eu
me colocar desfilando os títulos do meu Rio Grande, citando, inclusive (imaginem!)
os nacionais do Coirmão, além, óbvio da Libertadores, Brasileiro e Mundial do
Grêmio.
Aí veio a provocação fatal; uma
aposta justamente sobre o encontro daquela noite. Quem sairia vencedor? No
ápice da discussão, "cresci na foto": dei um gol de vantagem. Vitória por um gol de diferença
do Tricolor, ninguém levava a aposta: Um engradado de cerveja. Toparam, esfregando as mãos.
Depois, solitário no apartamento
que alugara, eu vi que estava entrando numa parada torta. O time locatário
viria " a fu...", mais início de temporada, isso quer dizer, todo
mundo estava num estágio de "japonês", tudo muito igual.
Não fui ver ao vivo, preferi ouvir pelo rádio que me
acompanha até hoje, um Philips, ironicamente modelo Beira-Rio.
Para complicar, Poletto resolveu usar um time misto para ir
experimentando o elenco naqueles primeiros testes de 90. Preteou o olho da
gateada, concluí, mas não sou de recuar em apostas.
No dia 31 de Janeiro, Poletto utilizou naquela noite: Mazaropi (Gomes); Fábio Lima, Luis Fernando
(Vílson), Luiz Eduardo e Hélcio; Lino, Wolney Caio e Adilson Heleno; Darci
(Almir), Nilson e Paulo Egídio (Nando Lambada).
Levir Culpi usou: Alexandre (Almir); Sarandi, Wilson (Wilmar),
Evandro (Omar) e Itá; Roberto Cavalo, Gélson (Jairo Lenzi) e Grizzo; Adilson
Gomes (Áureo), Soares e Vanderlei. Isto é, a base fortíssima que no ano
seguinte conquistou a Copa do Brasil em cima do Grêmio. Sorte que nessa aventura, eu já estava residindo mais ao centro do estado que me acolheu.
O conhecidíssimo Dalmo Bozzano apitou a partida.
Para a minha surpresa, o misto gremista não tomou
conhecimento, fez três a zero com Caio, Darci e Nando (vide a foto na sequência com os artilheiros). Grizzo anotou o chamado gol de honra.
Caio aos 35 e Darci
aos 37 minutos da etapa inicial. Nando fez o seu aos 33 minutos do segundo
tempo e os catarinenses descontaram um minuto após, só para dar um pouco de
suspense ao meu prêmio que estava no papo com a goleada. 3 a 1 deu mais dramaticidade até o apito final.
Faceiro com a cerveja e pelo golpe de misericórdia na
discussão, soube que, enquanto eu ouvia a transmissão pelo rádio, a televisão
regional passava o duelo ao vivo.
Não me importei.
Fonte: Fotos - Wolney Caio e Darci - gremiopedia.com
- Nando Lambada - gremio1983.wordpress.com
Pesquisa - Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
Muito boa a história, Bruxo!
ResponderExcluirAcredito que cada torcedor tem alguma parecida com essa.
ResponderExcluirLembrei também do meu rádio Phillips RL 197 - OM / OC. Nas minhas andanças prá lá e prá cá, ele sumiu. O mais legal era ouvir a Guaíba, nas ondas curtas, eheheheheh...
ResponderExcluirDarci era bom jogador, depois foi pro Galo Mineiro. Esse lance do Grêmio sub-aproveitar pratas da casa vem de longe. Almir era da mesma geração e jogou muito mais tempo em outros times (Santos, Inter).
ResponderExcluirVinnie
ResponderExcluirÉ "endêmico" no Grêmio; eu vejo o Santos; quanto aproveitamento!