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sexta-feira, 30 de julho de 2021

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (257) - Ano - 1977-1979

Bravura Indômita 

Fonte:https://observatorioracialfutebol.com.br/ 

Morreu nesta Quarta-feira, 28 de Julho, o André do trio fabuloso do Vitória (Osni, André e Mário Sérgio), o André Demolidor, que antecedeu a Careca e Evair na arte de fazer gols com a 9 no Guarani de Campinas, mas, especialmente, morreu o André Catimba, genial e genioso, centro avante gremista, autor do gol libertador de toda uma geração de jovens gremistas na década de 70. É dele o mais belo tento que o Olímpico Monumental ofereceu à sua torcida.

Catimba, sinônimo de astúcia, de manha, de matreiro. Nisso, André era mestre. Atacante completo que saiu da sua Bahia, onde se formou na missão de atormentar os zagueiros, utilizando técnica, esperteza, malícia e muita, muita coragem. Além de gols, de passes magistrais como no dos 14 segundos de Iúra, sabia jogar capoeira para momentos de sufoco, que não eram poucos dentro da grande área. Ele, um auto-confiante "in natura", que uma noite convocou fotógrafos para se posicionarem atrás da goleira, pois faria um gol de bicicleta: - Ali, naquela goleira- afirmou; esse lance da foto acima ou quando saiu do banco, naquele 15 de Junho, diante do Flamengo na sua estreia, marcando o gol de empate do  Tricolor, mais ainda, no momento que ficou esparramado, rente à grama e, rastejando, cabeceou para as redes, novamente, contrariando o lugar-comum na partida contra o Coritiba pelo Brasileirão; com certeza, naquela cabeçada mortal em mais um clássico vencido, onde aparece cercado por seis jogadores do Inter, entre eles, Caçapava, Falcão e Batista (foto abaixo); vitória no Beira-Rio por 3 a 2.

Pensem num jogador que dá ao torcedor a certeza que seu time não sairá derrotado dentro da sua casa, de seu estádio, ou ainda, que não perderá nunca para o seu principal rival; pensaram em André? Acertaram. Para caracterizar a exceção, perdeu duas partidas em quase três  temporadas no Olímpico (67 confrontos), um único revés em Grenal (disputou 13); justo aquele que ficou na reserva, lesionado e só entrou, porque Telê, também não gostava de perder nunca.

 Saindo jogando, "never!", não conheceu derrotas no clássico.

O evento da imortalidade está associado a momentos marcantes na vida do Grêmio: na letra do hino (Lara), na estrela da bandeira (Everaldo), nas imagens de Tóquio (Renato). Nesse seleto grupo, aparece o voo gigantesco interrompido após o gol, no triunfo que se tornou a gênese das décadas vitoriosas do clube (André). A foto que ajuda a ilustrar o blog.  

Poucos segundos antes do "clic" da máquina fotográfica, ele "desafiou a lógica" no seu chute, que deveria ser de pé esquerdo, forte, rasteiro, canto oposto de Benitez. Inovou, batendo de pé direito, reto, embora de três dedos, ângulo superior do arco, como escrevi há quase dez anos, que repostei em 2014, vide Pequenas Histórias 27. Indefensável estocada no coração vermelho, impedindo o enea do Coirmão. Aliás, Enea que virou "Eles Nunca Esquecerão o André". Ninguém esquecerá!!!

A consequência do salto incompleto, sua lesão, possibilitou ser a ponte, o elo entre o Grêmio vitorioso do Hepta campeonato de 68, onde brilhava outro centro avante corajoso e artilheiro: Alcindo, que o substituiu naquela tarde de 25 de Setembro de 1977.

Esse era André, um bravo que poderia ser chamado de André Coragem.

 Obrigado, Catimba!

Fonte:https://futebolgaucho.tumblr.com/

Veja o gol de bicicleta:



Fontes: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro

              Arquivo Histórico de Santa Maria




4 comentários:

  1. Haroldo de Souza, nosso conhecido narrador, esta semana manifestou a tristeza pelo falecimento de André.

    "Perdi um grande amigo. Morreu André Catimba. De uma ameaça de agressão a uma grande amizade. Vai com Deus, André! Irreverente,provocador e briguento- daí nasceu André "Catimba"."

    Pois, Haroldo contou que o apelido com que "batizou" André, quase lhe custou uma agressão, porque André não gostou, inicialmente, da forma como Haroldo passou a chamá-lo.
    Um dia, esperou Haroldo para tirar satisfação, pois achava o apelido algo depreciativo para a sua carreira. Haroldo teve que explicar muito bem para André o motivo do apelido e que nada havia de negativo nele. André compreendeu e os dois tornaram-se amigos.

    Haroldo "batizou" outros dois jogadores que atuaram nos gramados do RS: Tarciso "Flecha Negra" e Flávio "Minuano".


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  2. Sempre achei que era ele o autor do apelido, mas não vi antes de ti,esta referência.
    Boa lembrança.

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  3. Esse lance da foto, que ilustra tua PH, deve ser o do gol de bibicleta, contra o Esportivo de Bento Gonçalves, na noite de 21 de março de 1979. Jogo no Olímpico, vencido pelo Grêmio por 2x0. O outro gol foi de Éder.

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  4. Sim. Ele mesmo.Considero o mais bonito feito no Olímpico.

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