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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Opinião

 



Três Arthur

 Meu sogro, homem de quadras de campo e pecuária, sentenciava: “Não se vende campo”; entendia que dinheiro algum renderia o que rende a terra.

Realmente, há patrimônios que se envolvidos em transações financeiras, podem causar arrependimentos pela inadequada avaliação do ato, quando se baliza o efeito apenas pelo presente, mesmo que este seja assustador e temerário.

Ao ler a notícia que Ronaldo Nazário comprou 90% (Noventa por cento, isso mesmo!!!) da instituição Cruzeiro por R$ 400 milhões de reais e este acontecimento é festejado, tenho que lembrar da frase do início da postagem.

Pode ser a “modernidade”, o futuro inexorável do futebol, nem discuto; porém, ao ver alguns jornalistas festejarem esse “marco” patrocinado pelo “Fenômeno”, que mexe com o antigo esporte bretão, fico na dúvida entre a burrice deles ou oportunismo, pois um clube com toda a história, tradição, títulos e torcida, que tem na sua galeria dois dos quatro maiores jogadores brasileiros que vi atuar, Tostão e Dirceu Lopes, os outros dois (Pelé e Ademir da Guia), ver o seu clube ser “comprado” por um valor que tão somente é próximo do triplo do que o Grêmio negociou o meio-campista Arthur, vide, Arthur, é deprimente e altamente prejudicial monetária, social e culturalmente, considerando.

Tomara que os demais clubes brasileiros não sejam atingidos pelo vírus desta inovação.


15 comentários:

  1. Fabrísio Costa23/12/2021, 09:45

    Que pensamento mais antiquado e distante da lógica. Não dá pra esquecer no valor "pago" a dívida bilionária que vem junto. É preciso olhar o negócio como um todo e não parcialmente.

    Mas se foi vendido por pouco, pq ninguem será que comprou por essa barbada antes?

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    1. Fabrísio
      Com dívida ou sem, a verdade é que originalmente, o clube faz parte da vida de milhões de pessoas e estas, de repente, se tornam torcedores de uma S.A.

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  2. Marcelo Lopez23/12/2021, 10:58

    Nossos dirigentes e a cultura de "Gestão de clubes", estão ainda na década de 60.

    Esse negócio do Cruzeiro tem tudo para ser um tiro no pé. Tanto para Ronaldo quanto Clube.

    Os valores parecem astronômicos, mas um clube bem gerido, apostando na base tendo a sorte de revelar talantes...em 3 ou 4 anos tem essa soma ou mais.

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  3. Mas na prática como funciona essa "compra"? O investidor passa a ter direito a parte do superávit do clube? Mas clube de futebol não é entidade sem fins lucrativos?

    Muito confuso tudo isso....

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    1. Recentemente aprovaram uma lei que permite que clubes de futebol do brasil se tornem empresas. É o que permitiu a Red Bull comprar o bragantino, e agora o Ronaldo comprar o Cruzeiro.

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    2. Dos casos desses clubes de empresa a Red Bull até que faz um bom trabalho. Parecem investir bem na infraestrutura e pensam em projetos de longo prazo investindo em jovens jogadores, mas vem de brinde toda artificialidade do clube meio que virar uma marca de energético.

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    3. Lipatin
      E sem a tradição dos grandes clubes,isso ajuda.

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  4. Glaucio
    E Vasco + Botafogo estão indo para esse caminho.

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  5. Me considero muito pro-business e ainda não vejo com bons olhos essas aquisições. Na Europa, muitos desses clubes de acionistas tem relação conturbada com os torcedores, e os resultados de campo não são melhores do que antes, nem mesmo com os investimentos e a gestão profissionalizada. Cito Manchester United, Arsenal, PSG, e Roma como exemplos.

    Torço mesmo pra que o Cruzeiro volte a ser protagonista e que este tipo de gestão melhore o futebol brasileiro em geral. Mas ainda tenho minhas dúvidas e não gostaria de ver no Grêmio, mesmo com tudo que aconteceu este ano.

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    1. Bom ponto, Vinnie. Comentei bem nesse sentido mais abaixo. Nem sempre a grana vem acompanhada de uma boa gestão, vira uma bagunça milionária.

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  6. Vinnie
    E a cultura latina presente na América, em tese, será mais refratária a estas ações. Como ficará a relação dos associados em tempos de crise dentro de campo; eles vão pedir a saída do dono? Quais mecanismos serão usados para que a paixão do clube não se dilua nesta nova situação?

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    1. Dá uma olhada na história do Belenenses de Portugal que citei no meu comentário, Bruxo. E na do Valência também. As vezes a torcida acaba torcendo contra ou funda uma nova entidade pra poder ter seu clube de volta.
      Pega o caso da Red Bull, eles sempre pegam clubes meio falidos, esquecidos ou sem muita torcida, aí facilita transformar em uma marca. Agora imagina um São Paulo ou um Santos virando Red Bull, não ia dar certo.

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  7. Mais uma contribuição:
    https://leiemcampo.blogosfera.uol.com.br/2019/07/02/por-que-os-clubes-brasileiros-temem-virar-empresa-veja-pros-e-contras/

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  8. Contribuindo com a discussão clube empresa ou SA. Tem casos e casos. Acompanho o futebol europeu onde isso é "fichinha" e vejo mais clubes problemáticos do que bem ajustados. Na badalada Premier League inglesa, por exemplo, clubes colossais como Arsenal e Manchester United tem sofrido nas mãos dos seus donos norte americanos que parecem só querer gerar grana com o "soccer". Na Espanha o tradicional Valência virou um brinquedo pro seu dono que só faz a torcida de trouxa, é uma lastima. Em Portugal tem o Belenenses que "deixou de existir", os antigos sócios e torcedores preferiam fundar um novo um novo Belenenses e começar do zero e o outro brinquedo de investidores virou B-SAD.
    Recentemente dois símbolos do futebol italiano Internazionale e Milan também vem sofrendo nas mãos dos deus donos. O Milan tem problemas administrativos e girou já por uns dois ou três grupos de donos recentemente. A Inter idem, foi campeã ano passado mas por problemas financeiros do dono acabou tendo vender seu principal jogador, o belga Lukaku, mesmo assim faz ótima campanha esse ano ainda. Se puxarmos os casos dos bem sucedidos temos dois clubes-estado: Manchester City dos Emirados Árabes e PSG do Qatar. Esses tem dinheiro infinito, pelo menos até os donos cansarem, o City ainda tem um projeto futebolístico solido com Pep Guardiola mas que funciona bem porque podem contratar quem quiserem. Já o PSG gasta a rodo e não encaixa, um brinquedo caríssimo. O Chelsea, que pertence ao oligarca russo, cuja grana sabe-se lá da onde veio, Abramovich, só deu certo porque ele despejou quantias absurdas de dinheiro no clube ao longo dos anos. Temos ainda o Newcastle recentemente adquirido pela Arabia Saudita...
    Esses clubes acabam estragando o esporte, quando o PSG pagou 200 milhas no Neymar os valores das transferências nunca mais foram os mesmos, é um efeito cascata, os outros que se virem pra gastar adoidado também.
    Tenho meus dois pé atrás com esse tipo de parceria dos clubes empresa. É uma aposta de risco que pode fazer um gigante como o Cruzeiro renascer, mas também pode ser um pa de cal final pra terminar de sepultar o clube. Tem que ter muito cuidado nesse novo modelo.

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