Opinião

 

Grêmio perde no detalhe

Satisfeito com derrota, nenhum torcedor (imagino) fica, mas não foi uma tragédia este revés no Independência. O Cruzeiro ganhou no detalhe, no acidente de um gol contra, onde a bola pareceu ter procurado o caminho do arco gremista. Fatalidade, mas não dá para achar apenas isso. Vejamos:

O Grêmio teve uma semana inteira de treinamentos, além de observar os jogos recentes de seu adversário. Se visse bem, ele não teria entrado tão atrás, uma posse de bola de 65 x 35 por cento a favor do mineiros. Não se trata de superioridade avassaladora dos mandantes, tanto que Brenno não fez grandes defesas, nem a bola "rondou" o gol gremista. A estratégia de esperar a Raposa tornou os gaúchos um time inofensivo que se o Cruzeiro jogasse sem goleiro, não sofreria nenhum risco. Roger foi muito tímido para não usar o termo "medroso", o Cruzeiro tem um grupo fragilizado, abalado pelos insucessos contínuos dos últimos anos. Se tomasse um gol, não reagiria bem à desvantagem.

Continuo com a mesma opinião que expressei, quando da contratação de Roger: é um treinador para chegar entre quarto e sexto lugar na Série B. Aí, a grande emoção do campeonato: subirá ou ficará no quase?

Continuando: o técnico gremista fez a primeira parte; reduziu os gols sofridos; hoje, ele consegue vencer pelo escore mínimo ou empatar em zero a zero. Sua média é de meio gol por partida. Não é o ideal, mas é o que se tem para o momento. Falta a segunda tarefa, qual seja, buscar o equilíbrio, ser eficiente na frente também.

Exemplificando: o Grêmio não perdeu, porque a defesa foi mal. O  gol foi mero acaso, a bola poderia seguir para escanteio ou ter parado nas pernas de Rodrigo; a causa da derrota passou mais pela má jornada do meio de campo e o pífio desempenho do ataque. Diego Souza e Elias foram muito mal. Se alguém visse o centro avante pela primeira vez na vida, certamente, diria: -  não serve para a Série D. Sobrou Biel, de grande atuação defensiva e uma andorinha solitária na frente.

No segundo tempo, o treinador azul demorou para mudar. A única mexida no intervalo surtiu efeito na movimentação do meio (saiu Lucas, entrou Gabriel), porém, isto foi muito pouco, quase nada. A cara da partida só foi mudar com a entrada de Janderson e o cansaço visível do time mineiro.

Elkeson não tocou na bola e Ricardinho, começo a desconfiar que não evoluiu neste tempo que esteve fora. Até agora, depender dele para marcar gols é tão frustrante quanto foi a passagem de Tardelli por aqui. Tomara que seja apenas readaptação ao solo brasileiro.

As tão anunciadas "grandes contratações" ficaram no discurso do vice falastrão, a não ser que ele queira passar o cachorro na torcida, que Thaciano e Guilherme são acréscimos.

De resto, tudo igual, os problemas persistem, mesmo que a citada questão de falta de calendário, não seja mais uma realidade para o Tricolor. 

Roger, às vezes, me passa a impressão, que sua capacidade criativa e de mobilização bate no teto cedinho, cedinho. Torço para estar enganado.