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sábado, 25 de março de 2023

Pequenas Histórias

Pequenas Histórias (284) - Ano - 1976

Um Cano de Time 

Fonte: Revista Placar

Qual adolescente não se encantou com algo mágico, cuja fascinação não correspondia a realidade? uma colega de aula bonita, um ator que não passava de um canastrão ou o time de estrelas, mas que na prática, não correspondia aos olhares generosos de fã?

Em 1976, Hélio Dourado e Fábio Koff, presidente e vice, buscaram romper a hegemonia colorada que já durava sete anos, fazendo do Grêmio, um cano de time. Entre os onze titulares estavam oito com passagem por seleções nacionais, apenas Jerônimo, Alexandre "Tubarão" Bueno e Alcino, a Estrela de Belém, não vestiram, no caso deles, a Amarelinha.

Havia Cejas, goleiraço argentino e Ancheta, este dispensa considerações, Eurico, campeão pelo Brasil na Mini Copa do Mundo de 1972, Bolívar, que jogou as Olimpíadas de Munique, Zequinha, ponta que atuou nos jogos de despedida do Rei Pelé no Maracanã e Morumbi, Ortiz, argentino, o maior driblador que vi passar pelo Rio Grande do Sul, futuro campeão mundial pela Argentina em 1978, Alcino, um centro avante de dois metros que conquistara ampla vitória individual sobre Figueroa, atuando pelo Remo de Belém do Pará e uma dupla campeã do Torneio da Independência do EUA, ao lado de Leão, Nelinho, Zico, Roberto Dinamite: Beto Fuscão e Neca. O primeiro fez com Amaral, a zaga mais técnica da história da Seleção Brasileira. Eram solistas, meio campistas jogando como defensores, que juntos inviabilizaram um sucesso mais perene. Tão bons "que não podia dar certo, essa zaga!"; e Neca, o camisa 8 gremista, 40 gols na temporada de 1975, um atleta moderno nascido no Sul, lá em Rio Grande, que Ênio Andrade trouxe consigo do Esportivo de Bento.

A parada dessa turma era "torta": superar o campeão brasileiro, o Inter, que se reforçara ainda mais naquele ano e assim, o Tricolor foi à luta num campeonato gaúcho que ia (pasmem!!!) do final de Março até meados de Agosto, cinco intermináveis meses.

Fez um ótimo campeonato, ganhou o primeiro turno num Grenal, porém, no segundo, a arbitragem estava "num dia infeliz" e o Imortal perdeu. Infelizmente, o baque foi muito forte. Perdeu na prática, não apenas para o belo time do rival, mas para a carga histórica recente do clube nos regionais.

Recordo de vários jogos deste campeonato e um deles foi quando Neca e Beto Fuscão voltaram, depois de três semanas servindo  à Seleção, para encarar o Ypiranga no Olímpico, um 4 a 0 espetacular com dois gols de Neca e dois de Alcino, num encontro que foi assistido por mais de 23 mil pessoas. Nazarino Pinzon apitou esta partida.

Com esse time da foto, sem Bolívar e com Vilson Cereja, o Tricolor amassou o clube de Erechim, assim como fizera com quase todos os demais oponentes, menos um. Aquele um.

Como se sabe, o Coirmão chegou ao oitavo campeonato consecutivo e o Grêmio, desnorteado, porém, sem se dar por vencido, foi em busca de novo condutor técnico, encontrou Telê, que com sabedoria e paciência de mestre, montou um outro cano de time para o ano seguinte,

Mas essa é outra história.

Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro

             Arquivo Histórico de Santa Maria

             Gremiopedia


2 comentários:

  1. Bruxo,
    em nenhum ano de conquistas, que levou o Internacional ao octacampeonato gaúcho, entre 1969 e 1976, o Grêmio teve um time mediano. Ano após ano, a direção do Tricolor foi capaz de construir times fortes, de muita qualidade. As disputas eram acirradas, embates memoráveis, decisões nos minutos finais de clássicos, que até hoje são citados dentre os maiores da história Grenal.
    Quem tiver a paciência de ler as crônicas da época, escritas por gente do calibre de um Lauro Quadros ou um Ruy Carlos Ostermann, para citar apenas dois dentre tantos, encontrará a riqueza de detalhes nos jogos em que a dupla Grenal foi capaz de suplantar adversários e, quando se enfrentou, produziu jogos inesquecíveis.
    Há quem pense que a hegemonia colorada deveu-se aos times pouco competitivos do Grêmio. Engana-se! Há quem diga que em 1977, o Internacional perdeu o Campeonato Gaúcho porque o time era fraco. Pois, sempre lembro que é o contrário. O Internacional conservou vários jogadores das conquistas anteriores, verdadeiros craques da bola; o problema criado por Telê Santana era um pouco maior: o problema encontrado pelos colorados de então foi um time formado com qualidade e maestria pelo Grêmio. 1976 foi um ano de grandes tardes de Beira-Rio e Olímpico.
    Baita texto o teu!

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  2. Mas de todos os times formados, este de 76 era o mais forte, justamente contra o melhor Inter de todos os tempos.

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