Opinião

 

        O Comandante Técnico e o Patrono

Primeiro ponto a ser observado: a viagem de Renato é o menor dos males. Mesma atitude com uma vitória, não haveria a dimensão que tomou. Além disso, se a Direção sabia antecipadamente, que ele iria após o jogo, Renato cumpriu o acordado. Tomar outra decisão, depois da partida é algo que não dá para por na conta do treinador, mesmo com a atuação abaixo do esperado.

O que deve ser o cerne da discussão é o rendimento do time. Alguém poderá dizer: Está no G4 há tempos. Sim, verdade, mas a causa principal, diria, essencial, é Luizito Suárez. Ele é o responsável pela campanha em seu aspecto positivo. É uma injustiça não lhe dar o mérito pela classificação. É injustiça ou incapacidade de ver a realidade. 

Quem lê há tempos este blog, sabe que existem várias crônicas elogiando e defendendo Renato ao longo dos anos. Também é real que há textos criticando algumas de suas decisões e noutros, até pedindo a sua saída. Não se trata de incoerência, mas posicionamentos diante de contextos distintos, que exigem tomadas de decisão e interpretações diferentes, o chamado Novos Rumos. Nem Guardiola ou Abel Ferreira estão imunes às oscilações à frente de seus elencos.

No caso de Renato, quem o critica, não precisa fazer muita força nestas últimas temporadas, ele próprio fornece munição: quando do enfrentamento com Jorge Jesus, ele disse que era mais cômodo comandar um grupo de 200 milhões de reais. O destino o colocou na casamata rubro-negra e o desfecho foi melancólico. Perdeu tudo que disputou e saiu com a fama de “matão” nos treinos. Também, ele afirmou que o calendário era adversário para os clubes. O que acontece? Ele teve semanas cheias para afinar o time e este só “deu para trás”.

Os jogadores são muito criticados por nós, torcedores e pela imprensa, porém, o momento exige uma reflexão: Será que Fernando Miguel/João Ricardo são melhores do que Gabriel Grando? Titi ou Kannemann, qual o melhor? Bruno Pacheco ou Reinaldo? Villasanti ou Zé Wellison? Lucas Crispim ou Cristaldo? Suárez ou Lucero? Guilherme (sim, aquele mesmo!) ou Ferreira ou JP Galvão? Pois esse grupo está dois pontos atrás do Grêmio na tabela, desprezando o agravante de disputar duas competições simultâneas, pois decide a Sul-americana com a LDU.

Soma-se, igualmente, a postura de Renato, que não é a de um técnico, mas de uma “entidade” acima de questionamentos. Não é isso que o clube necessita no momento. Simples. Precisa de um treinador de futebol. Uma peça na engrenagem chamada equipe.

Outro Assunto

Sou de um tempo em que o Patrono do Grêmio era a representação humana da instituição. Fernando Kroeff sabia representar o clube. Hélio Dourado, idem. Aliás, ele que foi um dirigente dinâmico e “nervoso”, quando se tornou Patrono assumiu nova condição, se transformando num “poço” de lucidez e equilíbrio.

Agora o Tricolor tem um novo patrono. Ele presta serviços a uma rede poderosa de comunicações. Nessa condição, certamente, vai dar uma atenção diferenciada entre as empresas de cobertura esportiva no Rio Grande, além de emitir opiniões incompletas, disso, deriva a desinformação, como foi o caso no desempenho do arqueiro Rochet, que atuou com uma fissura na costela, entretanto, insistiu em não “deixar na mão” num jogo crucial, o resto do time. Jogou no sacrifício e pagou pela sua coragem e ousadia.

A figura "midiática" de Rochet (como escreveu em sua coluna), não deveria ser assunto de quem ocupa essa posição, a de Patrono do Grêmio. Penso que essa honraria não se descola de quem a recebeu, não existe "é opinião de jornalista, não a do Patrono".

Como sou das antigas, devo me acostumar (ou não) com esse novo jeito de ser Patrono, no entanto, sinto saudades da postura elegante e etérea (aqui, no sentido de sublime) dos ocupantes anteriores. Paciência! Vai ver que estou virando um Dinossauro.