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terça-feira, 11 de junho de 2013


Pequenas Histórias (46)- Ano 1934



Luiz Luz, o Fantasma da Área



 O período está propício para se falar na Seleção Brasileira. Primeiro jogo dela na Arena, Copa das Confederações começando esta semana, Fernando convocado, etc... e aí eu lembrei do zagueiraço Luiz Luz (quinto da esquerda para a direita, na foto), que jogou no Imortal oito anos, inclusive participando entre outros jogos memoráveis, do Grenal Farroupilha em 1935, último jogo do Lara e uma vitória magnífica de 2 a 0 com direito a título metropolitano.

 O porto-alegrense Luiz Luz nascido em 1909, jogou no Americano, ganhando o campeonato em 1928, passou pelo Peñarol do Uruguai no início dos anos 30 e foi o primeiro gaúcho a jogar uma Copa do Mundo, a de 34, sendo atleta de um clube do Rio Grande do Sul. Verdade que em 1930 havia Moderato, um atacante nascido no Alegrete, mas ele estava no Flamengo durante o primeiro Mundial, assim como em 1934 também estavam o bageense Martim Silveira, ex-Guarani, que era atleta do Botafogo carioca e o reserva Octacilio Pinheiro, oriundo do Rio Grande, o primeiro clube do Brasil que igualmente jogava no time da Estrela Solitária do Rio. 

Em 34, Luiz Luz retornara ao Americano, onde ficou até Novembro daquele ano, quando passou a integrar o Tricolor até 1943. A viagem para a Itália foi de navio, saindo do porto de Mauá, RJ. O presidente Vargas fez um discurso para os atletas que hoje soa bem curioso:"...ides para um paíz que se renova moral e materialmente. O italiano que se sentia deprimido antes do advento do 'fascismo', sente-se, hoje, orgulhoso de sua raça. É esse o exemplo que deve guiar os sportmen brasileiros."(Mantive a escrita original do texto do Correio do Povo de 27/05/34).

 A participação do 'scratch' brasileiro se resumiu em apenas um jogo; 1 a 3 para a Espanha, em Gênova com público fantástico de 80.000. O Brasil do técnico Luiz Vinhaes entrou com Pedrosa, Luiz Luz e Sylvio Hofmann; Tinoco, Martim Silveira e Canali; Luizinho, Waldemar de Brito, Armandinho, Leônidas da Silva e Patesko. O primeiro tempo foi um passeio; 3 a 0 com gols de Iraragorri, dois, sendo o primeiro de pênalti e Langara. Waldemar perdeu um pênalti defendido pelo lendário goalkeeper Zamora e o contestado juiz alemão Dalren, anulou um gol de Luizinho, alegando off-side (impedimento) e não marcou outro pênalti, quando Quiñoces tirou com a mão em cima da linha fatal, um chute de Leônidas.  

Na etapa final Leônidas marcou aos 9 minutos e Luizinho fez outro, que mais uma vez foi anulado, desta vez, falta do atacante. Com o fim da participação na Copa, o Brasil excursionou por Europa e África, chegando a Dacar, Marrocos numa primeira escala. Alguns fatos curiosos dessa crônica: Houve distúrbios na sede do Palestra Itália, atual Palmeiras, pois a torcida, com a derrota, se revoltou diante da negativa do clube paulista de ceder atletas para a antiga CBD.

 A polícia militar teve que usar armas para afastar os manifestantes. Luiz Luz, por motivos que não descobri, estava impedido de disputar a Copa do Mundo, o presidente da CBD no Rio e o chefe da delegação em Nápoles, via fone, acordaram que se ele não fosse liberado, o Brasil se retiraria da Copa.

 Neste grupo que disputou a competição na Itália estavam algumas figuras que marcaram a história do futebol brasileiro; o goleiro Pedrosa é Roberto Gomes Pedrosa, cujo nome batizou o antigo campeonato brasileiro, Waldemar de Brito no ano de 1954 descobriu um menino em Bauru e o levou para o Santos; o garoto Pelé. O centro-avante era simplesmente, Leônidas da Silva, o Diamante Negro, maior jogador brasileiro, antes da Era Pelé. 

Por fim, Luiz Luz tornou-se técnico e em 1949, treinando o São José de Porto Alegre lançou um juvenil com 20 anos no time principal; seu nome: Ênio Andrade. 

Esta é uma pequena história das muitas que envolvem Luiz Luz, o primeiro grande zagueiro gaúcho; tão bom  que assustava os atacantes. Luiz Luz, o Fantasma da Área.


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