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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Na Copa



A PARTIDA DE FUTEBOL DO SÉCULO

Os 102.444 torcedores que estiveram presentes no estádio Azteca, na Cidade do México, no dia 17 de junho de 1970, assistiram a “Partida do Século”, que confrontou as seleções da Itália e da Alemanha.
O árbitro mexicano Arturo Yamasaki Maldonado foi o condutor do jogo da semifinal da Copa do Mundo daquele ano. A Itália venceu a disputa, tendo sido esta a única partida de todas as Copas do Mundo com cinco gols marcados durante a prorrogação.
A Itália, empolgada por sua vitória de 4 a 1 sobre o México, começou a partida no ataque. Roberto Boninsegna, aos oito minutos do primeiro tempo, tabelou com Gigi Riva, na intermediária, recebeu de volta e, mesmo acossado por um marcador alemão, acertou um belo chute no canto direito de Sepp Maier, anotando o placar de 1 x 0 para a “Squadra Azzurra”. Daí para a frente, os italianos foram recuando progressivamente, enquanto os alemães cresciam.
No segundo tempo, o técnico Helmuth Schön tirou o ponteiro Hannes Löhr e o lateral Bernd Patzke, colocando os ofensivos Reinhard Libuda e Siegfried Held.
Aos 25 minutos, Franz Beckenbauer foi derrubado por Pierluigi Cera na entrada da área e, na queda, deslocou o ombro. Como só eram permitidas duas substituições, Beckenbauer retornou ao campo com o braço pregado ao corpo por ataduras e esparadrapos. Viraria herói.
No último esforço possível, Jürgen Grabowski, na esquerda, cruzou para a pequena área. Karl-Heinz Schnellinger, sem marcação, escorou para dentro do gol, de carrinho e empatou para a Alemanha. Eram 47 minutos e o jogo foi para a prorrogação.
Os 30 minutos que os amantes do futebol jamais esqueceram foram desenhados para a posteridade com tons especiais. Os fortes ataques da Itália e da Alemanha fizeram nascer gols e mais gols.
No primeiro tempo da prorrogação, aos 5 minutos, Reinhard Libuda cobrou um escanteio e Jürgen Grabowski tentou de cabeça, porém fraco. Fabrizio Poletti ficou com a bola e ajeitou com o peito para o goleiro Enrico Albertosi. Gerd Müller apareceu entre os dois e tocou mansamente para dentro do gol. Alemanha 2x1!
Aos 8, Gianni Rivera em cobrança de falta ergue para a área. Siegfried Held atrapalha-se ao tentar afastar a bola e a deixa limpa para Tarcisio Burgnich fuzilar Sepp Maier. A Itália empatava a partida: 2x2!
Aos 14, Angelo Domenghini avança pela esquerda e lança Riva, que dribla Willi Schulz na entrada da área e chuta cruzado no canto esquerdo da goleira. Itália 3x2 e fim do primeiro tempo da prorrogação.
No segundo tempo, quando eram decorridos 5 minutos, Wolfgang Overath cobrou escanteio curto para Libuda, que ergueu a bola para a área. Uwe Seeler escorou pelo alto e Müller, na pequena área, desvia de cabeça para dentro do gol. Estava empatada outra vez a partida: 3x3!.
Aos 6, Giacinto Facchetti lança Roberto Boninsegna na esquerda. O centroavante da “Azzurra” passa na corrida por Schulz e cruza para o meio da área. Gianni Rivera, livre, pega de primeira e fuzila Maier. Itália 4x3!
A essa altura da partida faltavam ainda nove minutos a serem jogados, mas o gol “matou” os alemães, que já esboçavam o cansaço do tempo extra contra a Inglaterra três dias antes. A Itália estava habilitada a ir à final.
Essa prorrogação é considerada, até hoje, a mais emocionante da História do Futebol.
17 de junho de 1970 - Itália 4 x 3 Alemanha
Local: Estádio Azteca, Cidade do México (México)
Público: 102.444
Árbitro: Arturo Yamasaki Maldonado (México)
Gols: Roberto Boninsegna 8’ do 1º tempo; e Karl-Heinz Schnellinger 47’ do 2º tempo; Gerd Müller 5’; Tarcisio Burgnich 8’; e Luigi Riva 14’ do 1º tempo da prorrogação; Gerd Müller 5’; e Gianni Rivera 6’ do 2º tempo da prorrogação.
Itália: Enrico Albertosi, Tarcisio Burgnich, Pierluigi Cera, Roberto Rosato (Fabrizio Poletti), Giacinto Facchetti, Mario Bertini, Sandro Mazzola (Gianni Rivera), Giancarlo De Sisti, Angelo Domenghini, Roberto Boninsegna, Luigi Riva.
Técnico: Ferruccio Valcareggi
Alemanha: Sepp Maier, Berti Vogts, Willi Schulz, Karl-Heinz Schnellinger, Bernd Patzke (Siegfried Held), Franz Beckenbauer, Wolfgang Overath, Uwe Seeler, Hannes Löhr (Reinhard Libuda), Gerd Müller, Jürgen Grabowski

Técnico: Helmut Schön

por Alvirubro

10 comentários:

  1. Alvirubro
    Foi nessa partida que o Beckenbauer jogou com o braço fraturado?

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  2. Sim, Bruxo!

    Veja a descrição do texto:

    "...Aos 25 minutos, Franz Beckenbauer foi derrubado por Pierluigi Cera na entrada da área e, na queda, deslocou o ombro. Como só eram permitidas duas substituições, Beckenbauer retornou ao campo com o braço pregado ao corpo por ataduras e esparadrapos. Viraria herói."...

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  3. Essa é uma das imagens que ficaram "coladas" na minha mente, aliás, aquela Copa de 70 foi a copa dos meus sonhos. Primeira que assisti "compreendendo" o que via, 66 lembro só da final.
    Uma outra imagem é a defesa do Gordon Banks na cabeçada do Rei, tem o Petras da Tcheco-eslováquia, país comunista, fazendo o "sinal da cruz',que seria repetido por Jairzinho., etc..., etc...

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  4. Bruxo, também tenho algumas imagens na memória, que deixaram marcas. As duas que citaste, lembro também. Hoje, revendo os lances, até parecem um pouco diferentes daquilo que eu tinha guardado na "retina dos meus olhos". Mas é assim mesmo.
    Inclusive, sobre a defesa do Banks, o grau de dificuldade foi tão grande, devido à cabeçada para o chão que o Pelé deu. Ali, plasticamente, definiu-se a grande defesa. Talvez se a bola fosse diretamente para o gol, a defesa nem seria tão genial.
    Inesquecível. Não tenho dúvidas que pela quantidade de craques, aquele Copa de '70 foi a maior de todos os tempos. Nada se equipara àquilo que nós vimos, mesmo que a lembrança nos traia.

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  5. Foi também a única participação da Seleção de Israel em copas do mundo. Lembro que o goleiro se chamava Vissoker. A memória é uma coisa engraçada; a gente não lembra coisa recente, mas tem outras que ficaram.

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  6. Estou preparando um texto sobre a partida de 1970, BRASIL 1 x 0 INGLATERRA, onde detalho muita coisa daquele jogo inesquecível.
    Copa do Mundo é uma coisa genial. Nos absorve com tamanho apetite, que parece que o futebol é a única diversão que existe.
    O pior de tudo é que depois da Copa, será natural a desilusão com os jogos que veremos no Brasileiro.

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    1. Beleza, Alvirubro.
      Este é um clássico inesquecível.
      Lembro até hoje a chegada do onta-direita Lee no goleiro Félix, este já com a bola nos braços. Coisa de decisão.

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  7. Felizes nos que assistimos esta Copa. A melhor entre todas as ja disputadas. O Brasil com a melhor selecao de todos os tempos (falam de 82, mas nao ha comparacao, nem que deixassemos de lado a vitoria).
    Voce comentou que dias antes a Alemanha tambem havia feito outra partida historica: Alemanha 3x2 Inglaterra. Nao fosse este partidaco contra a Italia, aquela primeira ficaria tambem com este titulo de partida do seculo. Nao foi a toa que a Alemanha perdeu para a Italia. Duas prorrogacoes historicas seguidas minaram os alemaes.
    Agora Brasil x Inglaterra, Brasil x Romenia, Brasil x Uruguai e Brasil x Italia foram partidas inesqueciveis.
    Creio que o Brasil decidiu a Copa no jogo contra os ingleses. Foi o jogo que mostrou ao Brasil que poderia enfrentar qualquer um de frente, de peito aberto. (quase que ficamos no meio do caminho devido a esta partida).

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    1. Arih
      Concordo plenamente, a decisão foi contra os ingleses, até porque eles eram campeões mundiais. O Brasil tinha um baita time, mas contou com outros fatores como o trabalho competente de planejamento da preparação física; havia uns 6 preparadores físicos (Chirol, Parreira, Cavalheiro, Coutinho, Raul Carlesso, etc...), todos ligados à Ditadura Militar, mas isso não tira os seus méritos como fisicultores.
      A penosa classificação da Itália, postada aqui pelo Alvirubro. Os italianos chegaram estropiados na decisão.
      voltando, aquele Brasil X Inglaterra foi um jogo de xadrez. O único gol, uma obra-prima de Tostão, Pelé e Jairzinho.

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    2. Te digo mais Bruxo e Alvirubro (que gosta de pesquisar sobre futebol): esta preparacao apurada que se submeteu o Brasil em 70 diria que e reflexo (direto ou indireto, como queiram) do que o Foguinho implantou no sul. Dizem que Foguinho inventou o jeito do gaucho de jogar futebol. Bem, tem uma longa discussao sobre isto. Tentando resumir: Foguinho aliou o seu proprio jeito de jogar futebol com suas experiencias e observacoes nas duas excursoes que fez a Europa com Cruzeiro e Gremio. Tentou aliar a qualidade do futebol que se praticava no sul (que nao era diferente do restante do Brasil) com a preparacao fisica (colegial da epoca) e a aplicacao tatica (nao existente no novo mundo). Isto se contrapunha ao "futebol arte", malemolente praticado no Rio (por isso nao foi levado em consideracao para a preparacao brasileira em 66; deu no que deu). Foguinho foi um visionario antes de ser o responsavel por inventar alguma coisa. Foi tao visionario que enquanto os outros times tentavam jogar o futebol inconsequente que se praticava no Brasil, o Gremio voava em campo. Consequencia disto foi a base que Foguinho construiu no Gremio vencedor dos 12 em 13. Nao a toa a Taca Brasil era convenientemente manipulada de modo que o Gremio (e o resto do Brasil) acabava tendo que disputar esta competicao desde o inicio (ja convenientemente chegando cansados nas fases finais) para enfrentar os paulistas e cariocas que so entravam nas quartas de final, descansados, e no nosso caso, invariavelmente contra os melhores daquela epoca (Santos de Pele e a Academia Palmeirense). Foi tao visionario que suas teorias acabaram se refletindo na preparacao da selecao em 70 (claro que nao admitido pelo eixo; imagine eles aceitarem algo que eles proprios nao fossem os protagonistas - por isso, o que e vendido foi a derrota brasileira de 66 e a dita "preparacao militar" de 70).

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