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domingo, 8 de junho de 2014

Na Copa


OS ITALIANOS ATENDERAM AO PEDIDO DE MUSSOLINI


19 DE JUNHO DE 1938 - França

No Brasil dizia-se que a "final antecipada'' da Copa do Mundo de 1938 tinha sido contra os italianos, três dias antes, 16 de junho. Sem Leônidas e sem Tim o Brasil perdeu a partida por 2 x 1. Um dos gols italianos, o segundo, marcado na cobrança de uma penalidade máxima, tem uma descrição curiosa: Giuseppe Meazza teve que segurar o seu calção para cobrar o pênalti, pois o barbante havia se partido. Mesmo assim conseguiu marcar o gol para a Itália.

Mas na Europa, o pensamento dos observadores era outro. O Brasil era visto sem nenhum favoritismo, ao passo que a Itália era, de fato, a grande seleção do Mundial daquele ano. A seleção da Hungria aparecia entre as eventuais candidatas a enfrentá-la na decisão. E a previsão se confirmou. Um pouco incomodados com a sombra do “Duce” Benito Mussolini, os italianos entraram em campo ostentando amplo favoritismo, naquele 19 de junho, em Paris.

“Vencer ou morrer”! “Vencer ou morrer”! “Vencer ou morrer”! Esses dizeres não saíam da cabeça dos jogadores da Itália. O texto enviado pelo ditador à delegação nem era tão necessário, já que a “Azzurra” mostrou rapidamente por que era considerada favorita.

Logo no início da partida, aos 6 minutos, após cruzamento da direita, a defesa húngara não cortou e Gino Colaussi, sem deixar a bola cair, acertou de primeira e a mandou no canto direito de Antal Szabo.

Aos 8 minutos, Gyorgy Sarosi, pelo meio, ergueu a bola na área. Ferenc Sas desviou de cabeça e encontrou Pal Titkos. No bico da pequena área, ele “matou” no peito e bateu no alto do gol. Estava empatada a partida.

Aos 16 minutos, a Itália trocou passes na área da Hungria, até que Giuseppe Meazza driblou um marcador e rolou para Silvio Piola, na marca do pênalti. Ele dominou e acertou o ângulo esquerdo. 2x1 para a Itália!

Aos 35 minutos, Gino Colaussi recebeu lançamento longo de Giuseppe Meazza, entrou na área, chegou perto do goleiro, que não saiu no lance, e tocou no canto esquerdo. 3 x 1!

A Hungria mostrava dificuldade em marcar o jogo mais veloz dos italianos. Ficava muito exposta em sua própria área e dava a impressão de que se contentara com o vice campeonato, apesar de todo o apoio das arquibancadas - para os franceses valia o princípio de que "o inimigo do meu inimigo é meu amigo", e qualquer um que enfrentasse os fascistas italianos era visto como amigo.

No segundo tempo, a Itália diminuiu o ritmo e o húngaro Gyorgy Sarosi, aos 25 minutos, conseguiu descontar num contra ataque rápido. Pal Titkos rolou a bola do bico da área, pela direita, e encontrou Gyorgy Sarosi entre os zagueiros. De primeira, ele escorou para dentro do gol. 3 x 2 para a Itália! A Hungria voltaria a pressionar.

Aos 37 minutos, Amedeo Biavati recebeu lançamento pela direita, na linha de fundo, e cruzou para a marca do pênalti. Silvio Piola chegou antes de um zagueiro e mandou no canto direito. Itália 4 X 2!

Quando o árbitro, o francês George Capdeville, apitou o fim da partida, a torcida vaiou o time campeão, numa atitude jamais vista. Os apupos aumentariam consideravelmente na sequência: o capitão da Itália, Giuseppe Meazza, fez a saudação fascista antes e depois de receber o troféu das mãos do presidente francês, Albert Lebrun, nas tribunas de honra do estádio.

Mas para a Itália, pouco importou. Os jogadores saíram da Copa com o título de bicampeões e, principalmente, vivos - pelo menos no tocante ao telegrama de Mussolini que dizia "Vencer ou morrer". E nisso tiveram até a complacência do adversário: o goleiro húngaro Antal Szabo dizia que não se importava de ter sofrido quatro gols, pois sabia que tinha salvado vidas.

De volta à Itália, nada de morrer: titulares, reservas e o técnico Vittorio Pozzo foram recebidos com muita pompa pelo “Duce” e ganharam do governo italiano um belo prêmio em dinheiro.

19 de Junho de 1938 – Itália 4 x 2 Hungria
Local: Colombes / Stade Olympique, Paris (França)
Público: 45.000
Árbitro: George Capdeville (França)
Gols: Gino Colaussi 6', Pal Titkos 8', Silvio Piola 16', Gino Colaussi 35' do 1º tempo; Gyorgy Sarosi 25', Silvio Piola 37' do 2º tempo
ITÁLIA: Aldo Olivieri, Alfredo Foni, Pietro Rava, Pietro Serantoni, Michele Andreolo, Ugo Locatelli, Amedeo Biavati, Giuseppe Meazza, Silvio Piola, Giovanni Ferrari, Gino Colaussi. Técnico: Vittorio Pozzo
HUNGRIA: Antal Szabo, Gyula Polgar, Sandor Biro, Gyula Lazar, Gyorgy Szucs, Antal Szalay, Ferenc Sas, Gyula Zsengeller, Gyorgy Sarosi, Jeno Vincze, Pal Titkos. Técnico: Karoly Dietz.

por Alvirubro


Um comentário:

  1. Copa esta que brilhou o grande Diamante Negro, Leônidas da Silva, artilheiro da competição.

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