OS ITALIANOS ATENDERAM AO PEDIDO DE MUSSOLINI
19
DE JUNHO DE 1938 - França
No
Brasil dizia-se que a "final antecipada'' da Copa do Mundo de 1938 tinha
sido contra os italianos, três dias antes, 16 de junho. Sem Leônidas e sem Tim
o Brasil perdeu a partida por 2 x 1. Um dos gols italianos, o segundo, marcado
na cobrança de uma penalidade máxima, tem uma descrição curiosa: Giuseppe
Meazza teve que segurar o seu calção para cobrar o pênalti, pois o barbante
havia se partido. Mesmo assim conseguiu marcar o gol para a Itália.
Mas
na Europa, o pensamento dos observadores era outro. O Brasil era visto sem
nenhum favoritismo, ao passo que a Itália era, de fato, a grande seleção do
Mundial daquele ano. A seleção da Hungria aparecia entre as eventuais
candidatas a enfrentá-la na decisão. E a previsão se confirmou. Um pouco
incomodados com a sombra do “Duce” Benito Mussolini, os italianos entraram em
campo ostentando amplo favoritismo, naquele 19 de junho, em Paris.
“Vencer
ou morrer”! “Vencer ou morrer”! “Vencer ou morrer”! Esses dizeres não saíam da
cabeça dos jogadores da Itália. O texto enviado pelo ditador à delegação nem
era tão necessário, já que a “Azzurra” mostrou rapidamente por que era
considerada favorita.
Logo
no início da partida, aos 6 minutos, após cruzamento da direita, a defesa
húngara não cortou e Gino Colaussi, sem deixar a bola cair, acertou de primeira
e a mandou no canto direito de Antal Szabo.
Aos
8 minutos, Gyorgy Sarosi, pelo meio, ergueu a bola na área. Ferenc Sas desviou
de cabeça e encontrou Pal Titkos. No bico da pequena área, ele “matou” no peito
e bateu no alto do gol. Estava empatada a partida.
Aos
16 minutos, a Itália trocou passes na área da Hungria, até que Giuseppe Meazza
driblou um marcador e rolou para Silvio Piola, na marca do pênalti. Ele dominou
e acertou o ângulo esquerdo. 2x1 para a Itália!
Aos
35 minutos, Gino Colaussi recebeu lançamento longo de Giuseppe Meazza, entrou
na área, chegou perto do goleiro, que não saiu no lance, e tocou no canto
esquerdo. 3 x 1!
A
Hungria mostrava dificuldade em marcar o jogo mais veloz dos italianos. Ficava muito
exposta em sua própria área e dava a impressão de que se contentara com o vice
campeonato, apesar de todo o apoio das arquibancadas - para os franceses valia
o princípio de que "o inimigo do meu inimigo é meu amigo", e qualquer
um que enfrentasse os fascistas italianos era visto como amigo.
No
segundo tempo, a Itália diminuiu o ritmo e o húngaro Gyorgy Sarosi, aos 25
minutos, conseguiu descontar num contra ataque rápido. Pal Titkos rolou a bola
do bico da área, pela direita, e encontrou Gyorgy Sarosi entre os zagueiros. De
primeira, ele escorou para dentro do gol. 3 x 2 para a Itália! A Hungria
voltaria a pressionar.
Aos
37 minutos, Amedeo Biavati recebeu lançamento pela direita, na linha de fundo,
e cruzou para a marca do pênalti. Silvio Piola chegou antes de um zagueiro e
mandou no canto direito. Itália 4 X 2!
Quando
o árbitro, o francês George Capdeville, apitou o fim da partida, a torcida
vaiou o time campeão, numa atitude jamais vista. Os apupos aumentariam
consideravelmente na sequência: o capitão da Itália, Giuseppe Meazza, fez a
saudação fascista antes e depois de receber o troféu das mãos do presidente
francês, Albert Lebrun, nas tribunas de honra do estádio.
Mas
para a Itália, pouco importou. Os jogadores saíram da Copa com o título de bicampeões
e, principalmente, vivos - pelo menos no tocante ao telegrama de Mussolini que
dizia "Vencer ou morrer". E nisso tiveram até a complacência do
adversário: o goleiro húngaro Antal Szabo dizia que não se importava de ter
sofrido quatro gols, pois sabia que tinha salvado vidas.
De
volta à Itália, nada de morrer: titulares, reservas e o técnico Vittorio Pozzo
foram recebidos com muita pompa pelo “Duce” e ganharam do governo italiano um
belo prêmio em dinheiro.
19
de Junho de 1938 – Itália 4 x 2 Hungria
Local:
Colombes / Stade Olympique, Paris (França)
Público:
45.000
Árbitro:
George Capdeville (França)
Gols:
Gino Colaussi 6', Pal Titkos 8', Silvio Piola 16', Gino Colaussi 35' do 1º
tempo; Gyorgy Sarosi 25', Silvio Piola 37' do 2º tempo
ITÁLIA:
Aldo Olivieri, Alfredo Foni, Pietro Rava, Pietro Serantoni, Michele Andreolo,
Ugo Locatelli, Amedeo Biavati, Giuseppe Meazza, Silvio Piola, Giovanni Ferrari,
Gino Colaussi. Técnico: Vittorio Pozzo
HUNGRIA:
Antal Szabo, Gyula Polgar, Sandor Biro, Gyula Lazar, Gyorgy Szucs, Antal
Szalay, Ferenc Sas, Gyula Zsengeller, Gyorgy Sarosi, Jeno Vincze, Pal Titkos.
Técnico: Karoly Dietz.
por Alvirubro
Copa esta que brilhou o grande Diamante Negro, Leônidas da Silva, artilheiro da competição.
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