35 - 1993 - O Recomeço com Fábio Koff - Ano 1993
2013 marca o início do terceiro mandato de Fábio André Koff e ele apresenta uma situação bem diferente da sucessão tranquila iniciada em 1982, quando ele assumiu o clube na condição de campeão do Brasil, também difere do horror que foi 20 anos atrás com o Imortal saindo estraçalhado da segunda divisão, sem time forte, nem crédito; seus torcedores com a auto-estima em baixa; porém, há elementos comuns presentes nos três mandatos: clarividência, competência e arrojo, especialmente no primeiro retorno, quando teve que remontar o elenco.
Apenas para efeito de comparação, o time base que finalizou 1992 era Emerson; Grotto, Paulão, Luciano e Lira; Jandir, Caçapa, Caio e Juninho; Alcindo e Marcos Severo. Havia Paulão com passagem pela Seleção Brasileira, mas no geral, o time era bem fraquinho. Koff utilizando seu prestígio pessoal foi armando o seu grupo. Chegaram o bom goleiro Eduardo Heuser, laterais como Luis Carlos Winck, Eduardo Sousa e Dida, mais o zagueiro Geraldão; todos vestiram a amarelinha da Seleção; buscou Dener e Charles, craques de primeira grandeza e prestigiou os juniores como Carlos Miguel, Gilson Cabeção, Luciano, Jamir, acrescentou o capitão Pingo e trouxe a dupla Sérgio Cosme e Paulo Paixão que perdera de forma injusta a Copa do Brasil do ano anterior, ocasionada por um erro de arbitragem na final Fluminense x Internacional.
Sérgio Cosme, quando jogador era um eterno zagueiro reserva, tornou-se uma espécie de treinador interino do time das Laranjeiras e não funcionou no Olímpico, mas Paixão permaneceu; ainda assim, Cosme repetiu o vice-campeonato da Copa do Brasil que escapou principalmente, porque no jogo de ida em Porto Alegre, o campo virou uma piscina e a competição passou a ser pólo aquático. Não sairia gol nem por decreto.
Na partida de volta, Mineirão lotado, Cruzeiro bem armadinho pelo treinador Pinheiro, o Grêmio não conseguiu buscar o gol de empate que lhe daria o título pelo saldo qualificado. Ficou no 1 a 2. Pingo anotou nosso tento. Nesta final o Tricolor com alguns desfalques, formou com Eduardo Heuser, Jackson, Paulão, Luciano e Dida (depois o atacante Charles); Pingo, Jamir (Fabinho, ponta direita), Juninho e Dener, Gilson e Carlos Miguel. Koff trouxe Cassiá para o comando da equipe e sem dificuldades ganhou o Gauchão. A difícil relação de seu vice Cacalo com o técnico, ocasionou nova troca, desta vez, Luiz Felipe que cometeu vacilos iniciais, mas sua continuidade foi garantida pela coragem e convicção do presidente.
Por quê estou inserindo estes fatos na série das Pequenas Histórias? Porque a chegada em Tóquio, dois anos depois, foi construída com muita sabedoria e tolerância. Agora, Koff está reassumindo a cadeira principal do clube mais popular do sul do Brasil. Mesmo com toda a sua experiência e conhecimento, provavelmente o caminho das vitórias ainda levará um tempo para ser pavimentado.
Se Koff conseguir isso no seu primeiro ano de mandato, sua tarefa será facilitada no reerguimento do clube no cenário mundial. Sem dúvida, será um feito insuperável e um fardo para o seu sucessor. Um doce fardo.
36 - Flu 1 X 2 Grêmio - Uma Virada Inesquecível - Ano 1982
Fábio Koff, Fluminense, Grêmio, Rio de Janeiro, Tonho Gil são nomes que ainda estão em evidência neste Fevereiro de 2013. Pois há mais de trinta anos, precisamente em 1982, eles eram parte da construção de uma página épica do Imortal.
Por ser ano de Copa do Mundo, o campeonato brasileiro foi jogado no primeiro semestre e o Grêmio entrou nele como o luzidio campeão; e não decepcionou; fez uma belíssima campanha sob a batuta do mestre Ênio Vargas de Andrade, chegando a emocionante final que teve até "negra", tamanho o equilíbrio de forças com o campeão mundial de 1981, o Flamengo, simplesmente o melhor time que o Brasil já teve nestes últimos 40 anos. Perdeu. Contribuiu para isso uma jornada infeliz do árbitro Oscar Scolfaro que no terceiro jogo, o de desempate, errou feio no lance em que Andrade tirou com a mão uma bola que cruzara a linha fatal rubro-negra. Era gol ou era pênalti. Scolfaro preferiu seguir o jogo e assim, desta forma, o bicampeonato escapou no detalhe.
Era o primeiro ano da primeira gestão de Koff. Ficou a decepção, mas também a certeza que o Tricolor estava no caminho certo. Aquele Brasileirão foi caracterizado pela grande qualidade dos jogos finais. O próprio time do Olímpico até chegar aos embates com o Mengo, enfrentou em ida e volta, o Corinthians de Sócrates, vencendo em São Paulo, 2 a 1 e em Porto Alegre por 3 a 1. Antes, nas quartas-de-final cruzou com o time das Laranjeiras treinado por Dino Sani. No jogo de ida, dia 04 de Abril houve empate em 1 a 1. Baltazar abriu o placar e Amauri empatou. Mesmo com um jogador a mais, o Grêmio amargou um resultado ruim em casa. Três dias depois, 7, foi ao Maracanã precisando vencer o Pó-de-Arroz. Missão difícil tal qual este jogo de amanhã no Engenhão; mas a velha raça gremista se impôs. O Grêmio formou com Leão; Paulo Roberto, Vantuir, De Leon e Paulo Cezar; Batista, Bonamigo e Paulo Isidoro; Tarciso, Baltazar e Tonho. Entraram ainda o centro-avante Paulinho, ex-Vasco e um menino de 19 anos, o ponta-direita Renato, grande promessa de craque. O Flu com Paulo Vítor; Nei Dias, Tadeu, Edinho e Alexandre (Paulo Lino); Jandir, Rubens Galaxie e Mário; Robertinho, Cristóvão (Baiano) e Ângelo.
O primeiro tempo terminou com o empate sem gols; as grandes emoções ficaram para a etapa final. Mário abriu o placar aos 2 minutos, Tonho Gil ( hoje técnico do Santa Cruz) empatou aos 14 e Paulo Isidoro aos 34 minutos sacramentou a grande virada tricolor. O maior destaque foi Tonho (foto) que fez um golaço de sem pulo e no segundo, cruzou na cabeça de Paulo Isidoro.
Foi sua melhor atuação com a camiseta do Imortal; aliás, Tonho, assim como Mário Sérgio possui dois títulos de muita relevância aqui no Sul; o Mundial de Clubes pelo Grêmio e o Tri brasileiro do Coirmão em 1979. Grêmio e Fluminense sempre protagonizaram grandes duelos.
Espero que isso se repita nesta quarta-feira, dia 20 de Fevereiro, mas acima de qualquer outro desejo, que o Tricolor do Sul saia com a vitória e encaminhe o clube e time para momentos de maior tranquilidade e grandes conquistas. Segue vídeo com os gols desta virada histórica de 1982.
37 - Gessy, Camisa 8 e Ponta-de-Lança - Ano 1959
Esta semana me exigiu muito na labuta e tive que me afastar do blog; mas, aos poucos estou conseguindo ajustar os meus horários em busca desta doce rotina de acompanhar o nosso clube.
Olhando o blog de uma forma rápida, tive a impressão que os maiores destaques na preferência das discussões foram pela formação do meio e ataque, além do suposto isolamento de Marcelo Moreno, que estaria mais entusiasmado pelo lado extra-campo do futebol, as baladas que tanto abreviam as carreiras de grandes craques.
A história está repleta de exemplos bem próximos dos gaúchos. Para mim, o camisa 8, o ponta-de-lança que tanto sonhamos, aquele que vai encostar no Barcos, forçar tabelas, chegar do meio rumo à área, ele existe e se chama Kléber, o Gladiador. É questão de testar. Imagino que poderá revezar com Elano, conforme o adversário e as condições de jogo se apresentarem. Isso se não for o Kaká. Pois bem, tratar de ponta-de-lança no Tricolor é um negócio bem fácil: João Severiano, também conhecido como Joãozinho, Tadeu Ricci, Caio Cabeça, Paulo Isidoro, Osvaldo, enfim são vários que envergaram a camisa 8, que antigamente era reservada para os que desempenhavam esta função.
Os mais antigos e também, as melhores crônicas dão conta que o maior de todos foi Gessy, um uruguaianense como Eurico Lara, nascido dois dias apenas da data da conquista do Grenal Farroupilha em 1935. Chegou no Tricolor em 1955 e se tornou uma lenda, artilheiro dos gols bonitos e de grandes jornadas. Em 7 temporadas (6 anos), ou seja, de 1956 a 1962, simplesmente botou 11 faixas de campeão pelo Imortal. Decidiu vários jogos e cedo encerrou a carreira para se tornar dentista. Antes de completar 28 anos, abandonou os campos. Gessy (na foto, o do centro, agachado) teve inúmeros fãs, muitas adolescentes, entre elas, uma garota nascida no IAPI; seu nome, Elis Regina.
A maior partida que realizou pelo Grêmio teve o traço da superação. Foi em 25 de Fevereiro de 1959, quando o Imortal encarou o Boca Juniors na Bombonera. Gessy não foi com a delegação pois aguardava o resultado do vestibular para Odontologia; ao ver seu nome entre os aprovados, passou a comemorar e diz a lenda que "tomou todas". O clube o colocou no avião, chegando minutos antes da bola rolar.
O Imortal entrou em campo com Germinaro; Orlando, Airton, Ênio Rodrigues e Ortunho; Elton e Milton; Giovani, Gessy, Rudimar e Vieira. O técnico era Osvaldo Rolla, o Foguinho. O Boca contava com várias estrelas, entre elas o goleiro Mussimessi; o centro-médio Rattin e o atacante Yudica.
Neste jogo Gessy meteu 4 gols e o resultado final foi 4 a 1. Fato fantástico porque o Tricolor se tornou o primeiro clube estrangeiro a bater o time xeneize em seu estádio e Gessy, o único, até então, atleta a fazer quatro tentos num único jogo na Bombonera.
Gessy faleceu em 04 de Abril de 1989 e é sempre lembrado como o melhor camisa 8 de todos os tempos do Imortal. Tomara que em 2013 o espírito de Gessy, um craque de futebol clássico e muitos gols encontre no atual elenco alguém que minimamente tenha o talento e a objetividade de seus passes e arremates. Que seja um verdadeiro ponta-de-lança, mesmo que não vista a camisa 8.
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