Pequenas Histórias (157) - Ano - 1979
O Número 1
Fonte: ocuriosodofutebol.com.br |
O 26 de Abril de 1937 é um dos dias mais tristes da humanidade, nele, o ditador espanhol Francisco Franco utilizando o arsenal bélico de Adolf Hitler bombardeou a cidade basca de Guernica de apenas 6 mil habitantes, onde cerca de mil perderam a vida no ataque.
Como tudo não é 100% ruim, a tragédia serviu para que Pablo Picasso criasse a sua mais famosa obra, justamente chamada de "Guernica".
No plano nacional, aquele dia teria também muita importância, porque no Recife, capital do pernambucanos, nascia o menino Hailton Correa de Arruda, que na infância, por gostar tanto da fruta, adquiriria o apelido que carrega pela vida inteira: Manga.
Manga se tornaria o maior goleiro brasileiro de todos os tempos, o número 1 daqueles que jogam com a camisa 1. Garantia de títulos para os seus clubes. Uma certeza de volta olímpica e taça no armário. Ganhou títulos em todos os clubes por onde passou. Reforçando: Todos.
Começou pelo Sport de Bria e Osmar, participou de lendários times como o Botafogo de Garrincha, Nilton Santos, Didi e Amarildo, do Nacional uruguaio de Cubilla, Monteiro Castilho e Ancheta, do Inter de Figueroa, Falcão e Paulo Cesar Carpegianni, do melhor Operário do Mato Grosso do Sul em 77, também Coritiba e Barcelona do Equador, além do Imortal do mesmo Ancheta, Paulo Cesar Caju, André e Éder.
Teve apenas um fracasso, a Copa do Mundo de 66, mas quem não afundou naquele episódio, Garrincha? Pelé? Gilmar?
Manga gostava de ser protagonista, bola na área, um grito se ouvia: - É minha!!! A pequena área era sua propriedade particular.
Conta-se que no Uruguai, a sua melhor fase da carreira, ele defendeu um pênalti numa bicicleta, quando escorregou e torcendo o corpo se utilizou do artifício que consagrou Leônidas da Silva, o Diamante Negro.
Pois em 1979, os gremistas ficaram com um receio terrível, 1977 seria o nosso 1961? Isto é, apenas um acidente na hegemonia vermelha nos Gauchões, porque no ano anterior, o Inter retomara o título regional. Aí entra a figura indispensável de Hélio Dourado, ele tratou de exorcizar este fantasma ao formar um time fortíssimo que tinha Ancheta, Vantuir, Paulo Cesar Lima, o Caju, Tarciso, André e Éder. Para o arco, motivos de grandes discussões pelas atuações de Walter Corbo, Dourado trouxe Manga e aí, um sorriso apareceu de canto a canto na boca dos gremistas.
Manga era um goleiro com quase 42 anos, ninguém jogava bem assim naqueles tempos, mas 60 por cento dele equivalia a "110" de outros. E assim foi no Grêmio, ou seja, ele não era mais o mesmo, mas ainda botava a maioria dos arqueiros no bolso.
Considero a passagem de Manga pelo Grêmio semelhante a de Tesourinha. Faz muito bem para a história do clube tê-los um dia no elenco. Duas lendas, dois mitos, que merecem ser glorificados pela massa tricolor, apesar do êxito vermelho com eles nos gramados.
Como sabemos, 26 de Abril é o dia do goleiro, homenagem justa ao maior arqueiro que o Brasil já teve. Aí reside a quase unanimidade de Manguita.
A última vez que Manguita Fenômeno, como gostava de ser chamado, vestiu o manto gremista ocorreu em 12 de Fevereiro de 1980, amistoso diante do Guarani de Campinas com 25 mil pessoas no Olímpico Monumental com Rui Cañedo no apito.
O Tricolor de Oberdan Vilain utilizou: Manga; Eurico (Mauro), Ancheta, Vantuir e Dirceu; Vitor Hugo (Balduíno), Jorge Leandro (Paulo Isidoro) e Yúra; Tarciso, Baltazar e Paulo César Caju (Jésum).
O Guarani de Cláudio Garcia teve; Birigui; Flavinho, Gomes, Édson e Miranda (Odair); Paulo Cesar (Salomão), Nardela e Péricles; Capitão, Careca e Vicente (Gersinho).
Os gols foram de Paulo Cesar Caju, após cruzamento de Tarciso, aos 31 minutos. O mesmo Caju cobrou falta para Yúra que atrasou para Dirceu, que desferiu um pelotaço. 2 a 0, isso, aos 40 minutos. Placar da primeira etapa.
Na fase final, Jésum bateu escanteio e Ancheta marcou de cabeça aos 6 minutos; aos 7, após boa jogada de Jésum, Tarciso encerrou a goleada. 4 a 0.
Manga prosseguiu vencendo no Equador, onde jogou até 1981, botando faixa pelo Barcelona de Guayaquil. Encerrou sua vitoriosa carreira por lá, virando treinador de goleiros.
Hoje, Manga, 80 anos completos esta semana, é para mim (e para muitos) uma lenda viva. No âmbito esportivo, olho para ele como olhava para Nelson Mandela, morto em 2013 e lembro de meu pai quando me dizia: - Eu vi Lara jogar. Hoje, eu posso dizer: - Eu vi Manga jogar.
Seguem depoimentos e lances da sua vitoriosa carreira:
Seguem depoimentos e lances da sua vitoriosa carreira:
Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
Falar do goleiro Manga é falar de um grande goleiro.
ResponderExcluirQuando ele chegava a um clube, os demais goleiros sabiam que teriam poucas chances de jogar.
Simplesmente porque Manga não dava oportunidade a nenhum goleiro, a menos que fosse necessário, devido a alguma lesão ou suspensão.
Sempre que era contratado, fazia questão de dizer que seria titular.
Quando chegou ao Inter, em 1974, Schneider era titular e seu reserva imediato Rafael deu um jeito de arrumar outro clube para jogar.
Sobraram Manga e o "alemão" no Inter.
Em 1977, já sem Schneider, o Inter deu vez a Gasperin.
Manga não quis saber de brincadeira. Deixou o goleiro na reserva um longo período, até sair do clube, após o Gauchão, conquistado pelo Grêmio, num GRENAL em que foi expulso, após acertar "no meio" de Tarciso, num contra ataque gremista. Deu lugar a Benítez.
Para se ter a ideia exata como "Manguita Fenômeno" encarava sua titularidade, no período de Julho de 1974 a Setembro de 1977, só ficou de fora de 10 partidas.
Não havia negociação e nem meio termo. Ou era titular ou estava fora.
No Grêmio não foi diferente: chegou em Janeiro de 1979 ao Olímpico e parou de jogar no Grêmio em Fevereiro de 1980, em jogo bem explicitado na crônica.
E não mais vestiu a camiseta do Tricolor, porque soube que o Grêmio andava atrás de um goleiro para ser titular.
O Grêmio queria Leão, que acabou chegando na metade de 1980.
O Brasileiro daquele ano de 1980 teve Remi como titular, porque Manga não queria queimar a possibilidade de um contrato com um outro clube.
Aos 42 anos, rodou e viajou para acertar com o Barcelona de Guaiaquil, em Maio de 1980.
Foi embora, para ser campeão em terras equatorianas.
O Tricolor, entre Janeiro de 79 e Fevereiro de 80, enquanto Manga jogou, participou de 83 jogos. Manga atuou em 79 jogos. Remi atuou em 4.
Esse era Manga. Um goleiro que dava certeza de vitórias e certeza de títulos.
Realmente, Alvirubro
ResponderExcluirNão lembro de Manga lesionar-se, aliás, até lesionado ele jogava.
Bruxo, fui buscar o desempenho dele, no Robertão e nos Brasileiros, atuando por Botafogo, Inter, Operário e Grêmio.
ResponderExcluir112 Jogos - 63 vitórias - 28 empates - 21 derrotas
Não conheceu derrotas em 81,25% das partidas. 18,75% de derrotas.
Grandes números que contribuem para o mito.
ResponderExcluirSobre outro goleiro, pergunto:
ResponderExcluirNão te parece que estão enchendo a bola muito cedo deste goleiro colorado, o Keiller?
Uma partida e toda essa badalação.
Sim, acho que está muito cedo, até porque não teve oportunidade de mostrar muita coisa.
ExcluirAí, falha amanhã e já queimam o guri.
Mas a mídia é assim mesmo. Goleiro só fica bom perto dos 30 anos. Antes, é só prova e mais prova.
A badalação fica por conta da venda de notícias e dos acessos aos sites. Não me impressiono com isso. E acho que é algo desnecessário.
Eu, que sou um contumaz corneteiro, prefiro esperar momentos propícios para o veredito.
Outra coisa, Gauchão não é parâmetro nem para testar goleiros.
Tá certo que a bola indo ao gol, tem que defender, mas a pressão é diferente de jogar contra times mais pesados.
Vamos ver se ele mantém o desempenho contra times melhores, que pressionam mais.