Pequenas Histórias

Pequenas Histórias (154) - Ano - 1940

Yellow Submarine

Fonte: Correio do Povo

Naquele inverno de 1940, o mundo começava a se assustar com as manobras invictas do exército Nazista na Europa, cuja ideologia encontrava simpatias em algumas nações sul-americanas, entre elas, o Brasil de Getúlio Vargas e seus interventores estaduais.

No futebol gaúcho, o Grêmio vinha sofrendo sucessivos reveses; pois nos últimos 10 Grenais, vencera apenas dois e as perspectivas não eram nada boas. Fase de vacas magras, mas uma improvável vitória (4 a 2) em Fevereiro daquele ano, depois de uma surra de 1 a 6 em plena Baixada no mês anterior, deu uma esperança de que o Internacional não era imbatível. A derrota no terceiro clássico do ano em Abril (2 a 3), voltou a colocar dúvidas na condição de ser vencedor em Grenais.

Deste jeito, o Tricolor foi para o confronto naquele 7 de Julho contra o tradicional rival que estava invicto, início da fase "Rolo Compressor-Parte 1".

O Correio do Povo do dia anterior, parecia prever o impensável, quando colocou o seguinte trecho no texto: "...O comum e mesmo trivial é a opinião pública ser desconcertantemente desmentida após os 90 minutos de peleja entre Internacional e Grêmio. Aquele que deveria perder, aparece na hora do perigo com as energias redobradas e a victoria, inesperada e indiscutível, surge a última hora ...".

Não é que a surpresa ocorreu? O Tricolor do treinador Telêmaco, desfalcado do seu veterano back Dario, foi à campo com: Edmundo; Mário e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita, Vanário, Cesar Basílio, Foguinho e Malaquias Duarte.

O Inter do comandante técnico Carlos Di Lorenzi usou: Júlio Petersen; Alfeu e Risada; Assis, Magno e Pedrinho; Tesourinha, Russinho, Marques, Ruy e Carlitos.

O Grêmio entrou avassalador deste o apito inicial e aos 5 minutos já abria o placar através de Foguinho, que recebeu de Mesquita, ajeitou e deslocou do goleiro Júlio. 1 a 0.

Em ótima jogada de Russinho, o centroavante Marques desfere "um pelotaço" (termo do jornal) e empata. Decorriam 21 minutos. 1 a 1.

Aos 42 minutos, o desempate gremista veio através de uma cruzada de Mesquita que passou pelo meio da área e encontrou o ponta esquerda Malaquias, que empurrou para as redes. 2 a 1.

Aos 6 da etapa final foi a vez de Malaquias centrar e Alfeu (lesionado) e Risada falharam, Cesar Basílio ampliou para 3 a 1.

O mesmo Basílio aos 13 minutos, desta vez, recebendo de Vanario, concluiu para as redes. 4 a 1.

Foguinho após uma sequência de dribles, habilitou o ponta Malaquias que define. 5 a 1. Eram 21 minutos do segundo tempo. Malaquias Duarte a exemplo de Cesar Basílio, marca o seu segundo gol no Grenal.

Marques aos 37 minutos descontaria e fecharia o placar. 5 a 2.

O Grêmio depois de 1912 (6 a 0), atingia pela segunda vez um placar igual ou superior a 5 gols em um clássico. Antes, um 5 a 3 em 1933 no Grenal 40.

07 de Julho de 1940 ficaria marcado por muito tempo na memória dos gremistas. 

No universo musical também, pois naquele mesmo dia em Liverpool, enquanto o Grêmio goleava o seu principal rival, Dona Elsie sofria no parto do seu menino Richard, que ganharia o mundo com o nome de Ringo Starr, o baterista da banda chamada The Beatles.

 28 anos depois, Ringo faria um dos seus raros vocais no grupo, cantando a clássica Yellow Submarine, cujo título tomei emprestado nesta crônica.

Fonte: Correio do Povo

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