Pequenas Histórias (160) – Ano – 1983
Abril (quase) despedaçado
Em 1983, o Tricolor
ainda não avaliara bem o tamanho da perda do Brasileirão do ano anterior, uma
disputa muito equilibrada que exigiu jogo extra e erros de arbitragem para a
balança pender para o campeão mundial, o Flamengo.
Para ele, parecia uma
catástrofe, quando na verdade, havia sido um duelo de titãs, onde ambos foram
merecedores do título. Deu Mengo, infelizmente.
Por conta disso, a
torcida gremista entrou sestrosa e com pouca paciência frente ao imenso desafio
que era tentar a conquista Libertadores, além disso, várias referências de
liderança anímica e técnica haviam mudado de ares: Ênio Andrade, Émerson Leão,
Vantuir, Paulo Isidoro, Vilson Tadei e Baltazar. De bom, a vinda de Tita,
cracaço do Flamengo trocado pelo centroavante gremista e a boa surpresa,
Osvaldo, trazido da Ponte Preta.
Até engrenar, Direção,
Comissão Técnica e jogadores sofreram bastante, a massa gremista estava com o
“pavio curto”.
Naquele Abril, o
Tricolor estava dividido em duas competições, a Libertadores da América, onde
ia muito bem e o Brasileiro. O saldo na competição nacional no mês foi trágico:
Sete jogos, duas vitórias, quatro empates e a cereja do bolo; a derrota para a
Ferroviária de Araraquara em pleno Olímpico no último dia, 30, eliminado
precocemente.
O Grupo S ficou assim:
1º São Paulo, 2º Sport Recife, 3º Grêmio e 4º, Ferroviária. Passaram os dois
primeiros.
Os muros do estádio
amanheceram com a pichação “Fora Koff”.
Pois nesse Abril
desolador, no dia 13, no Colosso do Arruda, o Grêmio de Valdir Espinosa encarou
o Sport. Contou com: Remi; Silmar, Leandro, De León e Casemiro; China, Osvaldo
e Tita; Tarciso (Renato), Caio e Tonho (Bonamigo).
O Sport de Givanildo
Oliveira utilizou: País; Betão, Marião, Bianchi e Antenor; Merica, Wilson
Carrasco e Édson (Roberto); João Carlos (Jorge Campos); Denô e Joãozinho.
No apito, Wilson Carlos
dos Santos e o público de mais de 43 mil pessoas proporcionou a quebra de
recorde de renda.
Como de hábito, o time
pernambucano entrou amassando, a defesa azul fez água pelo seu lado direito e
num cruzamento, o gaúcho João Carlos apanhou livre pela direita e fuzilou o
arqueiro Remi. 1 a 0, logo aos 4 minutos. Desenho de tragédia.
Aos 12, novo revés;
Tarciso é jogado na pista atlética, machuca as costas, sendo substituído por
Renato. Entretanto, o time ganha mais força e mais embate com o jovem ponta
direita.
Tita aos 24 minutos
empatou, quando converteu penalidade máxima sofrida por ele mesmo num lance com
o ex-colorado Betão. O camisa 10 bateu forte no canto esquerdo de País. 1 a 1,
resultado da etapa inicial.
Em grande jogada de
Renato, Caio só teve o trabalho de empurrar para as redes do arco pernambucano.
2 a 1. Decorriam 23 minutos.
Para confirmar que
jogar em Pernambuco é um terror para o Tricolor, aos 44 minutos, portanto, ao
“apagar da luzes’, já sentindo o gostinho do triunfo, a equipe gaúcha deixou
escapar a vitória, quando o ágil ponta esquerda Joãozinho sofreu falta dentro
da área. Wilson Carrasco bateu e converteu o pênalti. Resultado final: 2 a 2.
Os reveses sofridos
naquele Abril, fizeram com que a Direção corrigisse o rumo do time com algumas
contratações pontuais e a Comissão Técnica, os ajustes necessários para a
conquista do título da América, três meses depois.
A torcida pode gritar
com satisfação: - Fora Koff, vá para Tóquio.
Domingo, o Grêmio encara
este mesmo Sport, reproduzindo a situação de 83; isto é, o Tricolor envolvido com
Libertadores e Brasileiro, deve usar time misto. Mais do que nunca, uma parada
indigesta.
Fonte: Arquivo pessoal
do amigo Alvirubro
Foto: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro