Pequenas Histórias

Pequenas Histórias (158) – Ano – 1980

O Jogo do Gol de Kiese

Foto: Nico Esteves

 Determinados jogos entram para a memória do torcedor com um apelido, às vezes, devido ao grande feito (O Grenal dos 3 gols do Zequinha), um gol peculiar (Inter-Cruz do Gol do Plano Inclinado ou o Grenal do gol do Avião) ou até pelo mais inusitado acontecimento, o da Pauleira, inauguração do Beira-Rio.

Em 11 de Maio de 80, ocorreu um que ganhou “identidade”, o título desta crônica.

Naquela tarde, o Tricolor encarou o Botafogo pelo Campeonato Brasileiro. Uma parada duríssima, visto que no Olímpico a estatística era favorável ao clube da Estrela Solitária. Jamais havia sido derrotado na casa do adversário, ou seja, no Olímpico.

Uma das grandes atrações do Imortal era o craque Carlos Kiese, contratação com valores estratosféricos para a época. Uma fortuna desembolsada pela gestão de Hélio Dourado para arrancar o cérebro do time guarani, o Olímpia, simplesmente o campeão mundial de 1979; obviamente, da Libertadores, também.

Na teoria, Kiese seria o maestro que o meio de campo tricolor necessitava; na prática, não funcionou. Havia muito boa vontade com ele, mas não se adaptou e assim como chegou rápido, ele foi embora sem deixar saudades.

Entretanto, o paraguaio deixou um legado: A obstinação do presidente Dourado, que, quando os colorados partiram para a gozação diante do fracasso da contratação milionária, foi em busca de outro investimento caro; sai Kiese, vem Hugo De Léon.

Porém, naquele Domingo de Maio, Kiese só não jogou mais do que Paulo Isidoro, o diamante que o Tricolor trouxe do Atlético Mineiro em troca por Éder. No ano seguinte, o Tiziu (seu apelido) daria o primeiro campeonato brasileiro ao clube e botaria a mão no maior prêmio individual do certame, a Bola de Ouro da revista Placar. 

Para encarar o clube carioca, o treinador Oberdan lançou mão de: Ivo; Mauro, Ancheta, Vantuir e Dirceu; Vitor Hugo, Paulo Isidoro, Kiese e Jurandir; Tarciso e Baltazar. Ainda jogaram Balduíno no lugar de Kiese e Yúra, saindo Jurandir.

O Alvinegro de General Severiano, treinado por Oto Valentim utilizou: Paulo Sérgio; Gersinho, Luis Cláudio, Renê e Serginho; Zé Carlos, Wecsley, Mendonça (Marcelo) e Renato Sá; Édson (Ziza) e Cláudio Adão.

No apito, José de Assis Aragão, nas arquibancadas, mais de 50 mil pessoas, no campo, esquemas idênticos, o que hoje os comentaristas dizem “espelhados”. Ora! Com 8 atletas povoando o meio de campo, o jogo só poderia ser truncado, feio, sem lances de área. Assim foi o primeiro tempo. 0 a 0.

A etapa final começou com um alento, quando Kiese desviou de cabeça (vide foto) um cruzamento de Jurandir e venceu o arqueiro Paulo Sérgio. 1 a 0.

Fora esse lance, a partida retomou o aspecto modorrento dos primeiros 45 minutos. A única chance carioca veio num cruzamento do ex-gremista Renato Sá que encontrou Cláudio Adão livre para o cabeceio, mas, desequilibrado, o camisa 9 botou para fora no último instante de perigo do encontro, lá pelos 44 minutos.

Os jornais e a revista Placar elogiaram a partida realizada pelo paraguaio, sempre dando ênfase a questão do grande investimento na sua vinda. A Placar, por exemplo, estampou: Kiese começa a se pagar.

Infelizmente, Carlito Kiese não decolou no Tricolor e sua passagem tem apenas esta boa lembrança; a de quebrar o jejum gremista diante do Botafogo e batizar essa partida.

Fontes: Revista Placar

             Arquivo pessoal do amigo Alvirubro

PS: Mais uma foto do gol

Fonte:http://1983gremio.tumblr.com