Pequenas Histórias (167) - Ano - 1974
O Adeus do Rei Pelé
Fonte:tardesdepacaembu.wordpress.com |
No início de 1974, no plano esportivo, o Brasil era farto em grandes notícias : A vitória de Éder Jofre no boxe, Émerson Fittipaldi no automobilismo no segundo semestre/73*** recém finalizado, no futebol, a busca do tetra campeonato na Alemanha Ocidental sem Pelé e a despedida dele; o Rei anunciava a sua saída dos gramados nacionais. A data e local até estavam marcados: Outubro na Vila Belmiro.
Havia ainda uma tênue esperança de contar com o eterno Camisa 10 na Copa, mesmo que estivesse afastado da Seleção desde 1971; até porque ele vivia uma grande fase aos 33 anos. No Brasileirão de 73, que acabaria somente em Fevereiro do ano seguinte, Pelé era o vice-artilheiro da competição e o Santos, o melhor ataque entre todos os clubes do certame.
Com esse perspectiva, onde o Santos ia, ficava sempre a possibilidade de ser a última vez do Rei naquele lugar e foi assim que em Janeiro de 74, como escrevi, ainda pelo Brasileiro do ano anterior, O Santos com seu jogador mais famoso, encarou o Tricolor no Olímpico pela segunda fase da competição. Na primeira, o clube santista enfiara 4 a 0 no Grêmio com dois gols de Pelé, portanto, mesmo em seus domínios, o Tricolor não era o favorito para o encontro daquele Domingo, 27.
O favoritismo do Peixe decorria também pela crise que se abatia sobre o vestiário gremista, onde o técnico Carlos Froner se desentendera com o craque Alfredo Oberti, argentino que fora afastado do grupo de jogadores, médicos se auto-acusavam, o diretor de futebol, uma lenda dentro do Grêmio, Renato Souza, contava os dias para se afastar do cargo, enfim, um caos, mas o time avançava, era o segundo lugar geral na tabela, atrás apenas do futuro campeão, o Palmeiras, isto é, um "verdadeiro milagre".
Para aquele confronto, o Tricolor tinha alguns desfalques, mas poderia contar com o retorno do ponta direita Carlinhos, ex-Guarani de Campinas. Assim, Froner utilizou naquela tarde: Picasso; Renato Cogo, Ancheta, Beto Bacamarte e Jorge Tabajara; Carlos Alberto, Paulo Sérgio e Humberto Ramos (Carlinhos); Mazinho, Tarciso e Loivo.
Pepe escalou o Santos com: Cejas; Carlos Alberto Torres, Marinho Perez, Vicente e Zé Carlos; Clodoaldo e Brecha (Léo Oliveira); Mazinho; Nenê, Pelé e Edu. Simplesmente, havia quatro tricampeões de 1970.
Os principais lances da primeira fase se resumiram em duas bolas nas traves; Beto Bacamarte tentando salvar, rebateu contra o arco de Picasso e Loivo cruzando para Mazinho vencer a zaga mais Cejas com a pelota encontrando o travessão santista. 0 a 0.
Na etapa final, Renato Cogo seguiu anulando o movediço ponta-esquerda Edu e o meio de campo azul com três contra dois, obrigou Pelé a recuar pela desvantagem numérica e tática no neste setor.
Froner buscando a vitória, sacou Humberto Ramos colocando o ponta Carlinhos. Aí, a supremacia gremista se evidenciou, as chances de gol apareceram, a maior delas com Tarciso arrematando, a bola bateu na trave, correu sobre a linha final, bateu na trave oposta e parou nas mãos do argentino Cejas; aliás o gigante portenho e o capitão Ancheta (na foto com Pelé) ganhariam empatados a Bola de Ouro como os melhores daquele campeonato.
Carlinhos começou a se destacar, dando a alternativa pelo lado direito que faltava pelo esquema inicial adotado. O Santos antes, ao controlar Loivo, sem o perigo pelo outro flanco, praticamente amarrou o ataque gremista no primeiro tempo.
O Santos passou a tocar a bola com os hábeis Clodoaldo, Léo, Edu, Nenê e Pelé, aguardando o final da partida. A torcida já deixava o Olímpico, quando Carlinhos em uma de suas principais características, ou seja, embora destro, ele procurava "cortar para dentro" e bater de esquerda; foi o que fez aos 45 min e 30 seg, a bola resvalou em Zé Carlos, subiu e tirou Agustin Mário Cejas do lance. Gol no sufoco. 1 a 0. O estádio praticamente cheio, quase veio abaixo.
O Imortal vivendo a dicotômica situação; bem na tabela, mal internamente, batia assim, o Santos na derradeira vez que o maior de todos os tempos pisou a grama do Olímpico.
Fonte: Arquivo Pessoal do amigo Alvirubro
Correio do Povo
PS: *** A mesma memória que me traiu durante o texto, me corrigiu horas depois. Émerson Fittipaldi ganhou o campeonato de 72, foi vice para Jackie Stewart em 73 e novamente campeão em 1974.
O favoritismo do Peixe decorria também pela crise que se abatia sobre o vestiário gremista, onde o técnico Carlos Froner se desentendera com o craque Alfredo Oberti, argentino que fora afastado do grupo de jogadores, médicos se auto-acusavam, o diretor de futebol, uma lenda dentro do Grêmio, Renato Souza, contava os dias para se afastar do cargo, enfim, um caos, mas o time avançava, era o segundo lugar geral na tabela, atrás apenas do futuro campeão, o Palmeiras, isto é, um "verdadeiro milagre".
Para aquele confronto, o Tricolor tinha alguns desfalques, mas poderia contar com o retorno do ponta direita Carlinhos, ex-Guarani de Campinas. Assim, Froner utilizou naquela tarde: Picasso; Renato Cogo, Ancheta, Beto Bacamarte e Jorge Tabajara; Carlos Alberto, Paulo Sérgio e Humberto Ramos (Carlinhos); Mazinho, Tarciso e Loivo.
Pepe escalou o Santos com: Cejas; Carlos Alberto Torres, Marinho Perez, Vicente e Zé Carlos; Clodoaldo e Brecha (Léo Oliveira); Mazinho; Nenê, Pelé e Edu. Simplesmente, havia quatro tricampeões de 1970.
Os principais lances da primeira fase se resumiram em duas bolas nas traves; Beto Bacamarte tentando salvar, rebateu contra o arco de Picasso e Loivo cruzando para Mazinho vencer a zaga mais Cejas com a pelota encontrando o travessão santista. 0 a 0.
Na etapa final, Renato Cogo seguiu anulando o movediço ponta-esquerda Edu e o meio de campo azul com três contra dois, obrigou Pelé a recuar pela desvantagem numérica e tática no neste setor.
Froner buscando a vitória, sacou Humberto Ramos colocando o ponta Carlinhos. Aí, a supremacia gremista se evidenciou, as chances de gol apareceram, a maior delas com Tarciso arrematando, a bola bateu na trave, correu sobre a linha final, bateu na trave oposta e parou nas mãos do argentino Cejas; aliás o gigante portenho e o capitão Ancheta (na foto com Pelé) ganhariam empatados a Bola de Ouro como os melhores daquele campeonato.
Carlinhos começou a se destacar, dando a alternativa pelo lado direito que faltava pelo esquema inicial adotado. O Santos antes, ao controlar Loivo, sem o perigo pelo outro flanco, praticamente amarrou o ataque gremista no primeiro tempo.
O Santos passou a tocar a bola com os hábeis Clodoaldo, Léo, Edu, Nenê e Pelé, aguardando o final da partida. A torcida já deixava o Olímpico, quando Carlinhos em uma de suas principais características, ou seja, embora destro, ele procurava "cortar para dentro" e bater de esquerda; foi o que fez aos 45 min e 30 seg, a bola resvalou em Zé Carlos, subiu e tirou Agustin Mário Cejas do lance. Gol no sufoco. 1 a 0. O estádio praticamente cheio, quase veio abaixo.
O Imortal vivendo a dicotômica situação; bem na tabela, mal internamente, batia assim, o Santos na derradeira vez que o maior de todos os tempos pisou a grama do Olímpico.
Fonte: Arquivo Pessoal do amigo Alvirubro
Correio do Povo
PS: *** A mesma memória que me traiu durante o texto, me corrigiu horas depois. Émerson Fittipaldi ganhou o campeonato de 72, foi vice para Jackie Stewart em 73 e novamente campeão em 1974.
Sua Majestade, o Rei!
ResponderExcluirBela história, belo resgate, Bruxo.
Obrigado, lembro que sofri nesta partida, mas ouvi até o final. Gostava do Carlinhos.
ExcluirO Fabinho (1994) lembrava o Carlinhos pelas arrancadas, audácia e entrega durante as partidas inteiras.
Esse jogo foi o de número 1.217 na carreira de Pelé.
ResponderExcluirEle que até então tinha marcado 1.203 gols.
Em seguida, ele parou para acompanhar a Copa do Mundo e depois deste evento, fez poucos jogos até o última diante da Ponte Preta em 02/10.
ResponderExcluirSe não estou enganado e se a memória não me trai, houve uma PLACAR que dizia na capa ou numa matéria interna: "Olhem bem: está acabando". E uma foto dele.
ResponderExcluirLembro sim, Alvirubro.
ExcluirA cada rodada era uma tristeza. Senti o mesmo, quando Tostão encerrou prematuramente a exitosa carreira.
É tivemos este prazer de ver. Em campo mais dois santistas que depois jogaram no tricolor.
ResponderExcluirArih
ResponderExcluirVicente e Cejas no Imortal; no Inter, Marinho Perez e Edu.