Pequenas Histórias (170) - Ano - 1977
Sobre 14 Segundos e Muita Pauleira
Fonte: Folha da Manhã |
Esta semana que hoje se encerra, marcou os 40 anos da morte de Elvis Presley, dia 16. O Rei do Rock infartou de forma fulminante aos 42 anos.
Já não calçava mais os sapatos de camurça azul (Blue Suede Shoes), clássico de Carl Perkins, que abria o seu primeiro álbum e impressionava as garotinhas, nem era mais prisioneiro do Rock (Jailhouse Rock), mas do Show Business que o transformou numa figura estranha.
Também nesta semana, relembramos iguais 40 anos do Grenal no Olímpico, vencido pelo Tricolor, onde se verificou o gol mais rápido de sua centenária história, Yúra aos 14 segundos; dois dias antes da morte de Elvis.
Para mim, ele teve outro significado especial; era dia dos Pais, 14 de Agosto e dez meses antes, o meu pai sofrera o primeiro infarto. Ele própria confessou depois, que ao ir para o hospital, achava que não sairia de lá. Saiu e viveu mais 5 anos. Pois bem, aquele Dia dos Pais era o primeiro depois do seu grande susto.
O clássico 233 desmanchou de vez, a ideia que a goleada de Abril, 3 a 0 (Tadeu, duas vezes e Alcindo) era uma exceção, já que o Inter era octa campeão gaúcho e bi do Brasil. Em quatro meses, era a segunda vitória com autoridade do Tricolor. Hoje parece pouco, na época, uma façanha. Obviamente, não se sabia que aquele triunfo seria o primeiro de uma sequência de seis vitórias consecutivas, algo irrepetível até os dias atuais. Telê detém essa marca.
O reforço da maturidade gremista veio também pela postura anímica que exigiu até um "pega" no final do Grenal, uma pancadaria para ninguém botar defeito. Batista, volante do Inter, que o diga.
Uma das brincadeiras do clássico, dizia que o capitão do Inter, Falcão fora o culpado pelo gol dos 14 segundos, pois ao vencer o "toss", optou por escolher o lado do campo que seu clube iniciaria o jogo, deixando para o Tricolor a saída de bola. O Inter, simplesmente foi tocar na pelota pela primeira vez, quando Caçapava foi buscá-la no fundo das redes de Manga, antes dos 20 segundos.
Telê mandou a campo: Walter Corbo; Eurico, Ancheta, Oberdan e Ladinho; Vitor Hugo, Tadeu e Yúra; Tarciso, André e Éder. Participaram igualmente, Zequinha e Alcindo, saindo Yúra e André.
Sérgio Moacir utilizou: Manga; Hermínio, Beliato, Carlos Gardel e Vacaria; Caçapava (Escurinho), Falcão e Batista; Valdomiro, Luisinho e Lula (Dario).
Dada a saída, a bola passou por seis jogadores gremistas (André, Tadeu, Oberdan, Ladinho, Éder e Yúra) e foi parar no fundo da goleira colorada, desestabilizando o clube do Beira-Rio, que chegara ao Grenal com a vantagem do empate. Isso virou pó num verdadeiro "piscar de olhos".
O clássico começou elétrico e assim permaneceu naquele primeiro tempo: Aos quatro, Ancheta salvou o provável gol de empate numa tentativa de chute de Gardel; aos dez, Éder venceu Hermínio, cruzou e André, livre, arrematou para fora. Tarciso aos trinta e um minutos perderia grande chance, prensando com Vacaria.
Dois minutos passados e o ataque azul tramou pelo lado esquerdo com Éder, André e Yúra, o Passarinho poderia ter ampliado, mas ao encobrir Manga, acertou o travessão colorado. Aos trinta e quatro, Tadeu arriscou de fora da área, mas Manguita Fenômeno segurou firme no meio do arco. Final de primeiro tempo, 1 a 0.
O Inter voltou mais arrojado na etapa final e logo no primeiro minuto, Falcão teve a oportunidade de empatar, porém, chutou pelo lado da goleira de Corbo. Em seguida, Luisinho e Falcão tabelaram e na hora do arremate, Ancheta se antecipou e mandou para escanteio.
Aos três minutos (vejam a sequência eletrizante), André ganhou de Vacaria e esticou para Tarciso, que entrou como um azougue (boa essa!!!) e chutou forte no ângulo superior esquerdo de Manga. 2 a 0. Loucura no Olímpico.
As esperanças vermelhas renasceram aos oito minutos, quando num entrevero na área gremista, a pelota sobrou para Hermínio arrematar fraco, entretanto, Corbo estava com a visão encoberta e nada pode fazer. 2 a 1.
O arqueiro uruguaio seria responsável por duas defesas importantes em conclusões de Falcão e Valdomiro, garantindo a vantagem tricolor.
À partir do meio do segundo tempo, o confronto começou a ter menos lances perigosos, aparecendo a rispidez nas divididas; apenas aos quarenta minutos, numa dessas refregas, Ancheta derrubou Dario, os colorados reclamaram de penalidade, os gremistas alegando que a falta fora na meia lua da área. Agomar Martins ia marcar o pênalti, mas diante da grande reclamação de Eurico, Oberdan e Ancheta, principalmente esse trio, recuou e a bola foi posta fora da grande área. Valdomiro cobrou e acertou a trave. Grande sufoco.
A partida teve quase dez minutos de acréscimos, porque aos quarenta e sete minutos, Éder meteu o cotovelo em Falcão numa dividida de jogo, Batista acertou um soco no ponta esquerda, outros atletas colorados se aproximaram de Éder, que ao correr, levou um soco de Hermínio e um pontapé de Batista. Imediatamente, Oberdan, Alcindo e Yúra (vide foto) "se serviram" no meio-campista colorado.
Com exceção de Manga, Tadeu Ricci e Escurinho, os demais se envolveram na briga. Apenas Éder e Batista foram expulsos.
O embate foi reiniciado e ainda deu tempo para Tarciso dar um derradeiro chute ao gol de Manga. Final, 2 a 1.
Três dias depois, em Pelotas diante do Brasil, o Tricolor garantiu com um empate (o Inter empatou também em Bento Gonçalves), o título do primeiro turno.
Para nós, gremistas, aquele Grenal demonstrou que era possível bater o poderoso Bicampeão nacional mais de uma vez num único ano, algo que já havíamos esquecido de como era.
Fonte: Folha da Manhã
Seguem os gols do clássico:
Bela lembrança, Bruxo! 14" segundos são impensáveis. E assim Yúra passou para a história do clássico. Além de ser um jogador ferrenho defensor das cores do Grêmio, era bom de grupo e elevou o nome do Tricolor. O Inter tentou contratá-lo, em determinada época, mas ele nem quis conversar.
ResponderExcluirOs gols mais rápidos da história do GRENAL (até 30" segundos de jogo).
14.08.1977 - Inter 1x2 Grêmio - Estádio Olímpico - Yúra 14" segundos do 1º tempo
08.10.1944 - Inter 2x1 Grêmio - Estádio da Timbaúva - Carlitos 20" segundos do 1º tempo
29.05.1949 - Inter 4x2 Grêmio - Estádio da Timbaúva - Villalba 30" segundos do 1º tempo
21.05.1972 - Inter 2x2 Grêmio - Estádio da Beira-Rio - Pontes [contra] 30" segundos do 1º tempo
Esse Grenal de 21/05/72 foi uma "pintura" o gol do Bibiano Pontes, pena que foi contra.
ExcluirO cara ficou tão louco com esse lance que se jogou ao ataque o tempo todo e conseguiu marcar o seu a favor. Grenal eletrizante.
Alvirubro
ResponderExcluirHá uma versão que ele chegou a fazer exames médicos, mas já havia se manifestada a lesão no quadril que encerrou a sua carreira. Versões, versões.
É possível! Em outros tempos, alguns jogadores identificados com um dos dois clubes da Dupla, não aceitavam jogar no oponente. Hoje não é mais assim.
ResponderExcluirAliás, hoje nem no clube onde jogam os atletas criam alguma identificação.
O futebol virou um grande comércio, com interesses acima das vontades dos torcedores. O que vale é dinheiro no bolso.
Houve um tempo, na época do amadorismo, antes dos anos 40, que os jogadores andavam de clube em clube, sem nenhuma cerimônia. Alguns atletas do Internacional foram sócios do Grêmio, nos anos iniciais do Tricolor, pois a rivalidade ainda não era tão explorada. Outros, saíram do "clube dos estudantes" e foram se associar aos "mosqueteiros".
Isso demonstra que, com a evolução dos clubes, apareceu alguma rivalidade. Mesmo assim, um ou outro atleta aparece com as duas camisetas em algum momento de sua carreira.
Verdade; jogador do Inter e sócio do Grêmio, realmente, outros tempos. Já se incomodaram com o Pedro Rocha (uruguaio) que treinava o Inter, porque tomou cafezinho num copo de plástico com símbolo do Grêmio.
ResponderExcluirVeja só! E o Renato, chegando ao Olímpico com um carro vermelho, advertido pelo Dr Hélio Dourado que aquela cor do carro não era ideal...eheheheheh
ResponderExcluirNos anos 50 e 60 era comum jogadores serem formados na base de um dos dois clubes e ao se tornarem profissionais acabavam migrando para o outro clube.
ResponderExcluirQuando vi este gol do Yura, não acreditei. O tricolor, mal começado o jogo, demonstrando que tinha um grande time capaz de vencer o Inter. Como já falei aqui, esta formação merecia sorte melhor e ter ganhado um título além fronteiras. Tinha qualidade aliada a “atitude”.
ResponderExcluirDesse time, para ver como eram as coisas, Vitor Hugo e André Catimba eram os mais “fracos”. André foi o responsável direto pelo título (gol com a cambalhota desastrada e tudo mais) e Vitor Hugo, um coadjuvante “quase” de luxo. Guardadas as proporções, Vitor Hugo fez muitas partidas como um China de 83, Dinho de 95 e Michel, hoje.
Yura já era prestigiado, mas este gol marcou sua vida. Se tornou um dos maiores e melhores símbolos da atitude tricolor.
Naquela época realmente era difícil ganhar do coirmão.
Pena que a rivalidade descambou para provocações exageradas e incontroláveis. Desde o início a imprensa teve um papel fundamental nesta “rixa” desmedida a ponto de chegar nestas “batalhas” que em muitos casos se tornaram “vergonhosas”. A imprensa gaúcha reflete o estado bipolar, o grenal, típico em tudo no sul. Realmente uma lástima. Paulo Santana versus Sérgio Jockyman (este, mesmo não sendo comentarista esportivo, realizou vários “debates azuis contra vermelhos”, com Santana).
Dado interessante e que não sabia: seis vitórias consecutivas neste período e recorde que até hoje não foi batido.
Arih
ExcluirVide este link, em especial, a Pequenas ... número 39 que trata das 6 vitórias consecutivas.
http://bruxotricolor.blogspot.com.br/2014/07/pequenas-historias_26.html
Interessantíssimo. As três "Pequenas Histórias" são belos relatos. O que acho interessante em Ancheta é ter ficado no Grêmio praticamente até o final de sua vida profissional. Um zagueiro de sua qualidade poderia jogar em qualquer time do mundo, indo atrás de títulos e fama e com salários maiores. Como já falamos, o time do Grêmio naquela época era bom, aliás, muito bom, mas não tínhamos sorte. Talvez o clube carregasse um complexo de inferioridade diante daquele grande Inter. Talvez fosse isso. Isso pelo lado coletivo. Pelo lado individual, Ancheta enfrentou uma disputa mais desproporcional ainda. Figueroa não tinha sua qualidade, mesmo que fosse um grande zagueiro, com muita personalidade. Mas este chegou e colecionou vários títulos, embarcando na onda vitoriosa vermelha, que só o beneficiava. A mídia falava quase que somente de Figueroa. Enquanto isso, o melhor zagueiro da Copa de 70 ficou relegado a um plano secundário. Tinha que ter muita personalidade para suportar todos estes reveses e continuar jogando em alto nível. Por isso concordo contigo que também Ancheta é um símbolo daquele período. Tinha qualidade, personalidade, mas não obteve títulos de acordo com sua grandeza.
ExcluirArih
ExcluirE a rivalidade futebolística desses dois grandes zagueiros já era anterior; Peñarol/Figueroa e Nacional/Ancheta. Manga acabou jogando com ambos e, coincidência ou não, esses zagueiros renomados tiveram os maiores títulos de suas carreiras ao lado de Manguita Fenômeno.
Tens os dados de quem eram os sócios de ambos que acabaram jogando no outro?
ResponderExcluirArih, alguns nomes:
ExcluirJOVENALINO CEZAR - Centro avante colorado do primeiro GRENAL filiou-se ao Grêmio em 1907.
ALBINO LINDENMEYER - Foi goleiro colorado, mas antes foi sócio do Grêmio, em 1908.
EDGAR BOOTH - Associou-se ao Tricolor em 1909 e jogou no Colorado anos depois.
BENJAMIN VIGNOLES - Jogou no Inter e associou-se ao Grêmio em 1912. Mas antes desse ano, já havia sido sócio Tricolor.
AUGUSTO SISSON - Sócio Gremista em 1910 e chegou a jogar no Inter.
ARGEMIRO DORNELLES - Jogou no Inter, em 1912 associou-se ao Grêmio.
PEDRO CHAVES BARCELLOS - Jogou no Inter e associu-se ao Grêmio.
Exemplos são tantos; O Willy Teichmann, que jogou no Grêmio nos anos 1910, foi presidente colorado. O Lúcio Assumpção que atuou no Tricolor em 1915 e 1916, em 1917 estava no Colorado.
ExcluirArih, uma hora dessas vou fazer uma levantamento completo daqueles que andaram pelo lado azul e pelo lado vermelho.
ExcluirEdgar Booth, centerforward responsável por 5 gols nos 10 a 0, primeiro Grenal.
ExcluirGrato Alvirubro. Vai ser interessante. Notei que, ao menos até agora, só casos do início de ambos.
ExcluirDaria para encher este espaço com exemplos.
ResponderExcluirShow de bola mais esse resgate, bruxo. Siga firme. Pra mim, que não vivi a época, é muito bacana saber desses detalhes dos jogos.
ResponderExcluirGlaucio
ResponderExcluirObrigado pela força; esse foi um Grenal muito especial para a minha geração.
Arih
ResponderExcluirPasso a bola para o Alvirubro; deve ser naquele período em que as famílias tinha jogadores irmãos em clubes rivais como os Russowsky, que foram jogadores e dirigentes.
Alvirubro, esses 14 segundos foi o gol mais rápido do Grenal, mas qual foi o gol mais rápido da história gremista? Carlos-SC.
ResponderExcluirCarlos, embora seja um dado de jornal, Marino fez um gol relâmpago, em 27.11.1963, Grêmio 2x0 Guarany-Ba, aos 10" segundos de jogo.
ExcluirHá um gol de Baltazar, em 27.07.1980, aos 12" segundos, Gremio 1x0 Inter-SM, em Santa Maria-RS. Esse dado, em algumas fontes foi publicado como 13" segundos.
ExcluirAlvirubro
ExcluirTem um gol contra do Coloradinho versus Estrela ou Cachoeira, que foi numa saída de bola, era jogo fora de Santa Maria, não lembro se era primeiro tempo, mas um dos irmãos (Róbson ou Gérson) depois de receber a bola no apito inicial, atrasou para o goleiro Wlamir (assim mesmo a grafia) e ele deixou passar sob o seu pé. Foi em menos de 10 segundos. Lembra disso?
Bruxo, vou procurar nos meus "papiros". Lembro que o Wlamir fez a estreia no Coloradinho, num jogo contra o Grêmio, após uma lesão do Libório, durante o jogo. Isso foi em Setembro de 1981. Devo ter alguma anotação sobre esse gol contra relâmpago.
ExcluirPelo lado gremista, o gol contra do Pará contra o Coritiba em 2013, deve ter sido o gol contra mas rápido da história. Foi aos 12 segundos. Carlos.
ExcluirCarlos
ExcluirDesconfio que sim, vamos ver os dados do Alvirubro.
Sim foi o gol contra mais rápido, feito por um atleta gremista. Apenas corrigindo, foi aos 15" segundos de bola rolando.
ExcluirEm 26.01.1969, Grêmio 4x1 AA Barroso-São José FR, Tupanzinho fez aos 13" segundos, no Passo D'Areia.
ResponderExcluirPelo Internacional, 16.04.1972 - Inter 3x1 GE Brasil, Claudiomiro, aos 11" segundos de jogo.
ResponderExcluirMas em jogos envolvendo o Inter, o gol mais rápido foi de Amarildo, aos 10" segundos de jogos, dia 21.11.1962, Inter 2x2 Botafogo FR, no Maracanã.