Pequenas Histórias
(171) – Ano – 1972
O Choro de Ancheta
O selecionado nacional joga esta semana no Rio Grande e sempre que isso
ocorre, eu lembro do distante 1972, o Torneio do Sesquicentenário da
Independência realizado no Brasil. À partir daquele evento a Seleção Brasileira
de futebol me passou a ser algo indiferente.
A origem disso está relacionada com a não convocação de Everaldo,
aliás, o único titular de 70 descartado pelo senhor Mário Zagallo. Pelé dera
adeus ao selecionado no ano anterior; mais tarde, outros tricampeões foram
cortados por lesões. Everaldo não, o treinador preferiu Marco Antônio (Flu) e
Rodrigues Neto (Fla).
Contei isso na crônica 18 das Pequenas Histórias, Vide Pequenas Histórias 18, quando o
Estádio Pinheiro Borda recebeu mais de 100 mil torcedores, recorde absoluto no
Pampa gaúcho.
Muita gente viveu ou leu sobre aquela guerra de 17 de Junho, o 3 a 3,
Gaúchos versus Brasil, mas poucos sabem ou lembram que um mês antes, os Gaúchos
fizeram amistoso contra o Uruguai, que se preparava para uma excursão ao
continente europeu e mais tarde, para o Torneio da Independência em nosso país.
Trago na memória com muito carinho
esta partida, porque naquela tarde estava na casa dos amigos Fernando, colorado
e Vitor Hugo, gremista e goleiro do nosso time, irmãos, onde uma gurizada
jogava botão e no campinho nos fundos da casa participavam de uma pelada. Era
um rodízio, dois jogavam “futebol de mesa”, outro ia para o sacrifício; ser o
juiz da partida; os demais batiam bola, esperando a sua vez no campo de
compensado com seus times e regras próprias que criamos.
Como a Seleção Gaúcha era um combinado Grenal, nos tínhamos uma disputa
particular; Jogadores gremistas ou colorados, quais se dariam melhor no
confronto? Sem ouvir a partida, apenas éramos informados dos gols da partida,
quando tudo era interrompido: Futebol de mesa, o jogo no campinho para a
atualização dos acontecimentos do Beira-Rio.
Aparício Vianna e Silva utilizou no confronto: Schneider; Cláudio
Duarte, Elias Figueroa, Atílio Ancheta e Everaldo; Carbone, Tovar (Bráulio) e
Torino (Dorinho); Valdomiro, Claudiomiro e Oberti (Mazinho). Praticamente, os
mesmos onze que encararam em Junho o Brasil. Uma única troca que eu não sei
até hoje o porquê: Cláudio jogou essa, porque Espinosa não pode ou Espinosa
enfrentou os brasileiros, porque Cláudio não pode?
Washington Etchamendi usou: Luis Aguerre (Alberto Carrasco); González,
Jauregui (Francisco Campo), Ascery e Blanco; Montero Castillo, Espárrago e Maneiro
(Júlio Giménez); Ferreira, Lattuada e Romeo Ruben Corbo (Fernando Morena).
Etchamendi ainda sonhava em contar com os craques do Exterior:
Mazurkiewicz (Atlético Mineiro), Pedro Rocha (São Paulo), Atílio Ancheta
(Grêmio), Pavone e Garristo (Independiente da Argentina), Repeto (Cruzeiro) e
Cortez (Vera Cruz do México). Realmente, um sonho, ninguém veio.
Os Gaúchos foram arrasadores; Oberti marcou duas vezes, aos 8 e 10
minutos. Valdomiro faria o terceiro aos 16. Lattuada descontou aos 30 minutos.
Fim de primeira etapa. 3 a 1.
A Seleção local reduziu o ritmo, esperando o final, apenas cadenciou a
partida, esperando o apito derradeiro.
O lateral Blanco, quando faltavam 30 segundos para o encerramento do
tempo regular, marcou, dando números definitivos ao placar. 3 a 2.
Para um atleta em campo, este jogo teve um sabor especial e uma
sensação única. Ao sair de campo com a camisa da Celeste Olímpica às mãos
recebida em troca da sua, Ancheta, o melhor zagueiro da Copa de 70 (foto acima) e um dos
destaques deste jogo; perguntado como se sentira enfrentando a Seleção de seu
país, não resistiu, não segurou as lágrimas.
Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
Bons tempos, Bruxo!
ResponderExcluirJogos emblemáticos da Seleção Gaúcha contra outras seleções importantes do cenário mundial.
Aliás, aquele início dos anos 70 foi diferente.
Tínhamos vencido o Mundial do México com uma Seleção inesquecível.
Várias seleções e times do mundo todo migravam para o Brasil a fim de jogar amistosos e levavam multidões aos estádios brasileiros.
Sobre a ausência de Espinosa no time, presumo que tenha ocorrido mais ou menos isso: esse jogo antecedia um GRENAL, realizado em 21 de Maio de 1972.
É possível que Espinosa estivesse se recuperando de alguma lesão. Explico: dia 10 de Maio de 1972, o Grêmio jogou contra o FC Santa Cruz, no Olímpico, pelo Gauchão. Cláudio Radar foi o lateral direito.
Já no GRENAL, Espinosa foi o lateral. O que me leva a crer que estava se preparando para o clássico, que terminou empatado em 2x2.
Interessante que dia 11 de Maio de 1972, frente ao Aimoré, Dino Sani usou Cláudio Duarte como lateral direito, no Colorado.
Aparício Vianna e Silva repetiu o lateral rubro no selecionado gaúcho, dia 14.
A presença do "Claudião" chama a atenção porque Edson Madureira era o titular de Dino.
Madureira não estava no jogo contra o Aimoré, dia 11; não jogou no selecionado gaúcho, assim como Espinosa, mas no GRENAL do 2x2, estava em campo.
Coisas que só o GRENAL proporciona para o torcedor.
Boa explicação;Alvirubro.
ExcluirDois embates muito parecidos e com motivos idênticos:
ResponderExcluir_____________________________________________
17.06.1972 - RIO GRANDE DO SUL 3x3 BRASIL
Estádio Gigante da Beira-Rio, Porto Alegre
Público: 106.554
Árbitro: Robert Helies (França)
Gols: Tovar 48', Jairzinho 53', Carbone 57', Paulo Cezar Caju 60', Claudiomiro 82', Rivellino 85'
RIO GRANDE DO SUL
Schneider; Espinosa, Atilio Ancheta, Elías Figueroa e Everaldo; Carbone, Tovar e Torino; Valdomiro, Claudiomiro e Obberti (Mazinho).
Técnico: Aparício Viana e Silva Brasil
BRASIL
Leão (Sérgio Valentim); Zé Maria, Britto, Vantuir e Marco Antônio; Clodoaldo, Piazza e Rivellino; Jairzinho, Leivinha e Paulo Cézar Lima.
Técnico: Zagallo
_____________________________________________
25.05.1978 - RIO GRANDE DO SUL 2x2 BRASIL
Estádio Gigante da Beira-Rio, Porto Alegre
Público: 65.000 (estimado)
Árbitro: Airton Vieira de Moraes
Cartão amarelo: Eder, Falcão, Caçapava, Jorge Tabajara, Toninho, Abel, Polozzi
Gols: Toninho 1', Nelinho 10', Lucio 30', Eder 87'
RIO GRANDE DO SUL
Walter Corbo; Lucio, Francisco Salomón, Oberdan e Jorge Tabajara (Ladinho); Caçapava (Jair), Falcão e Thadeu Ricci; Tarciso, André Catimba e Eder.
Técnico: Aparício Viana e Silva
BRASIL
Leão (Carlos); Nelinho (Zé Sérgio), Abel, Polozzi e Rodrigues Neto; Chicão, Toninho Cerezo (Dirceu) e Batista; Toninho, Reinaldo (Roberto Dinamite) e Jorge Mendonça.
Técnico: Cláudio Coutinho
_____________________________________________
Em 78, claramente, a Seleção Gaúcha era fraca defensivamente.
ExcluirVerdade! O que chama a atenção é o Toninho, improvisado de atacante, numa Seleção Brasileira que deixou de fora vários ponteiros de qualidade.
ExcluirRealmente, a "comissão escaladora" se superou nessa seleção de 1978.
Acho que o Gil não jogou por problema físico ou lesão.
Veja que mesmo com grandes jogadores, à época, sempre havia algo que criava alguma animosidade nas convocações.
Bruxo, e dizer que havia mais de 100 mil torcedores, no estádio, em 1972!!!!
ResponderExcluirQuantas cidades do RS têm mais de 100 mil habitantes? Talvez umas 20, 25 cidades, se tanto?
Naquela época? Talvez 20 cidades. Foi algo impensável e o Brasil tomando vaia direto.
ResponderExcluirA reclamação do Paulo Cézar, o Caju, foi que ao entrar no gramado não havia sequer uma bandeira brasileira. Segundo o Paulo Cézar, foi algo surreal para os jogadores, na época, que esperavam uma recepção calorosa. Mais tarde eles acabaram entendendo as divergências provocadas pela não convocação de Everaldo.
ExcluirAlvirubro
ResponderExcluirO treinador da época era do Flamengo, ele acabou convocando quase todos os rubro-negros em diferentes convocações para torná-los calejados ou um termo atual, cascudos. Tirou proveito próprio.
Enquanto o sul, o nordeste, o norte, o centro-oeste não entenderem qual é sua participação neste contesto, jamais crescerão. Enquanto isso o futebol foi ontem, é hoje e será por muito tempo dominado pelo sudeste. É lá que está o poder político e econômico da brincadeira. Seleção Brasileira? Sempre será de maioria centrista, ocorra o que ocorrer. O "marketing" é agressivo.
ExcluirAlvirubro o Grêmio já fez jogos contra estas seleções? Carlos-SC.
ResponderExcluirSim, Carlos, fez vários jogos contra Seleções Nacionais, Seleções Olímpicas, Seleções Regionais, Combinados e outras seleções internas.
ExcluirAlgumas seleções adversárias: Argentina, Argélia, Bolívia, Bulgária, Costa Rica, Dinamarca, El Salvador, Guatemala, Grécia, Honduras, Hungria, Irã, México, Nigéria, Peru, Romênia, Tailândia, Uruguai, URSS.
Excluir