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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Memórias




Memórias (2) – Ano – 1970

A Reunião


Fonte: https://oglobo.globo.com

A memória é apenas o detonador que idealiza o meu texto, junto, me municio de dados pesquisados, obviamente e para esta crônica de fatos ocorridos em 1970, ano do terceiro título brasileiro, folheei a Revista Placar, edição número 9  datada de 15 de Maio daquele ano, página 3.

Começo por João Saldanha que montou o elenco da campanha vencedora no México. Dos 23 atletas, 22 efetivos e o ponta direita Rogério, cortado às vésperas da estreia que permaneceu com os demais, apenas o centroavante Roberto e Félix (goleiro de Saldanha nas eliminatórias, mas cortado por ele mesmo nas primeiras convocações do ano da Copa) foram indicações do novo treinador. Dario, outro centroavante; uma imposição ditatorial do general Médici, também ganhou a vaga na delegação.

O gaúcho de Alegrete era talvez, o maior jornalista esportivo do Rio de Janeiro, sua segunda casa e naqueles Março e Abril se envolveu em várias polêmicas: Yustrich, treinador do Flamengo, Lasier Martins, repórter, hoje Senador e a mais relevante, enfrentou o presidente da república, General Médici que queria Dario na Seleção.

A instabilidade emocional associada aos maus resultados daqueles meses, ambos fatores levaram a CBD (atual CBF) a dispensá-lo e, após a negativa de dois técnicos, os dirigentes chegaram ao nome de Mário Zagallo.

Este treinador tinha dúvidas quanto ao aproveitamento de Tostão ao lado de Pelé; sonhava com um “rompedor”. Também preferia Paulo César Lima, seu jogador no Botafogo a Rivellino para ser o seu ponta recuado e, por fim, Marco Antônio fechando o quarteto defensivo.

Na véspera do embarque para o México, no quarto de Pelé, o Rei recebeu Gérson e Carlos Alberto; o trio trocou ideias por duas horas e decidiu que deveria conversar com o treinador e sugerir a manutenção da base dos atletas que ganharam da Áustria, colocando apenas o gremista Everaldo e os retornos dos lesionados Tostão e Jairzinho nos lugares de Marco Antônio, Dario e Rogério.

- “ Foi uma conversa franca e amiga. Não impusemos nada, mas procuramos ajudar Zagalo a resolver os problemas que ainda tinha para escalar o melhor time ou aquêle que pudesse se transformar no melhor ”. Assim resumiu Gérson. (Resolvi manter o texto no original, sem as transformações gramaticais).

No México, também no quarto de Pelé, novamente Carlos Alberto e Gérson se juntaram ao camisa 10 e decidiram falar com o chefe da delegação, Antônio do Passo buscando obter autorização para transmitir ao grupo completo de jogadores a conversa que tiveram com o jovem treinador em solo brasileiro.

O dirigente aceitou a sugestão, no entanto, impôs uma condição; que ele e o brigadeiro Jerônimo Bastos abririam a reunião, fazendo algumas colocações sobre a importância da conquista da Copa para o Brasil daqueles tempos.

Como se sabe, o time gestado por João Saldanha conquistou a Copa Jules Rimet de forma invicta com seis vitórias. Necessitou apenas da contribuição dos líderes do grupo e do bom senso do comandante técnico.

Fonte: Revista Placar



8 comentários:

  1. Liderança, Bruxo, liderança!

    E aí, na atual Seleção, quem teria "estofo"! para tal?

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  2. Não existe neste grupo, infelizmente.

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    1. E se tu observares nos clubes brasileiros, poucos detêm a liderança, que outrora víamos nos elencos.
      Talvez isso seja o reflexo do pouco vínculo que os atuais jogadores têm com os clubes. Poucos permanecem muito tempo no mesmo lugar. Alguns permanecem, mas não têm o perfil necessário a um líder, capaz de segurar a moçada. Enfim, muito do que vemos na Seleção é fruto da falta de líderes nos clubes de origem.

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  3. Alvirubro
    Não é determinante, mas, sem dúvida, contribuiu pela falta de líderes, pelo menos a história mostra isso.

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  4. Excelente texto, Bruxo!

    Nasci alguns anos depois disso, mas desconfio que, apesar de o Saldanha ter acertado aquele time, a troca pelo Zagallo possa ter sido benéfica. Saldanha era um agitador, encrenqueiro, que gerava tretas desnecessárias por onde passava. Quando ligava a metralhadora giratória fazia o público gargalhar, mas queimou muitos jogadores bons no caminho.

    Zagallo, sempre chamado de oportunista, teve a humildade de mudar seus conceitos para melhor e, querendo ou não, foi quem assumiu a bronca durante a pressão institucional para ganhar aquele troféu.

    Obviamente, apesar de ter 40 anos, sou guri novo e não vivi a época, mas acredito que há muitas lendas ao redor daquela seleção que talvez não condizem com a realidade.

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  5. Obrigado, Caco
    Não sou fã de Zagallo, o episódio da colocação de Everaldo no time,algo acertado, gerou uma situação mal resolvida dois anos passados, a inexplicável preterição do craque no torneio do sesquicentenário (1972) até porque Everaldo vinha muito bem, ganhou a Bola de Prata na sua primeira edição; A relação Zagalo com a gauchada azedou.

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  6. Também não sou fã do Zagallo. Se ele tivesse levado o Mauro Galvão em 1998, melhor zagueiro disparado na época, o Brasil poderia até não ter levado a Copa, mas não acredito que levaria 3 x 0 naquela final.

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  7. Caco
    Tu mencionaste um ponto importante; com Saldanha, mesmo com as suas convicções acertadas, faltaria o equilíbrio emocional.O resultado seria uma incógnita.
    Sobre 98; Para quem tinha Gonçalves e Junior Baiano, para que pensar em Mauro Galvão (rsrsrs)?

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