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domingo, 24 de junho de 2018

Memórias



Memórias (4) - Ano - 1974



O Dia em que o Brasil resolveu "Chegar Junto"


Tive um colega na faculdade, o Carlão Soares (havia quatro com o mesmo nome, Carlos Alberto), aí cada um era chamado pelo sobrenome ou apelido. Ele era muito religioso (evangélico) e no futebol, um zagueiro vigoroso, que tinha uma "filosofia" repetida como mantra: - Zagueiro sempre tem que "chegar junto"! Na prática, era pau puro. Chegava ser hilário, antes das partidas, ele abria a Bíblia, orava, depois, descia o cacete. Fizemos a dupla de zagueiros nos jogos do "bixos", Carlão, beque central; eu, quarto-zagueiro, algo como Galván e Passarella (zagueiros argentinos na Copa de 78), um batia, o outro, canhoto, saía jogando, mas não afinava também.

Dois anos passados, de repente, a namorada dele passou num concurso,   resolveram casar; virei seu padrinho de casamento e Carlão foi para o Mato Grosso, abandonando o curso.

Pois lembrei dele, quando pedi material para o Alvirubro para esta postagem; o dia em que o Selecionado Canarinho perdeu sua identidade e a cabeça, também. 

Em 1974, a Holanda passava o rodo praticamente em todos os adversários, os que ela não goleava, saíam como os lutadores de boxe que perdiam "apenas por pontos", mas tão surrados que tinham que ser conduzidos ao vestiário, porque perdiam o rumo de quase tudo.

Já o Brasil se classificara no saldo, com um frangaço de Kazadi, arqueiro do Zaire, ficando em segundo na primeira fase. E seguiu sofrendo, 1 a 0, gol de falta contra a Alemanha Oriental, 2 a 1 na Argentina, que levara uma sacola da Holanda, 4 a 0; aliás, a Holanda metera 2 a 0 na Alemanha Oriental.

Assim, no dia 03 de Julho, Brasil e Holanda chegaram ao confronto que levaria o vencedor à final; em consequência, o perdedor  à disputa do 3º. O empate favorecia a Laranja Mecânica.

Os brasileiros, após analisarem o desempenho dos futuros adversários nas rodadas anteriores, entraram em campo decididos a encarar o Carrossel Holandês com outros métodos nada usuais em sua brilhante biografia: Fechadinho, virilidade nas disputas, intimidação o tempo todo. Resumindo: Baixar a lenha nos gringos.

Esqueceram do papelão feito contra a Hungria em 54, quando foram goleados pelos Mágicos Magiares, uma espécie de Holanda daquela Copa disputada na Suíça. Lá, resolveram ser "viris", ação logo confundida com deslealdade, que descambou para uma luta corporal e jogadores expulsos, além de um 2 a 4 no escore.

Neste jogo disputado em Dortmund, o Brasil chegava com apenas um gol sofrido, entretanto, a Holanda era um dos melhores ataques da Copa junto com o da Polônia.

Com uma atuação soberba de Émerson Leão, a equipe Canarinho resistiu bem na primeira fase, porém, na segunda, sucumbiu ao grande time liderado por Johann Cruyff.

Com gols de Neeskens e do próprio Cruyff, o Brasil não apenas saiu derrotado como teve Luiz Pereira expulso e apresentou uma sucessão de lances violentos, nunca vista nestes últimos quarenta anos de Copa do Mundo de sua história.

Assim como na foto acima, o Brasil passou a tarde inteira correndo atrás dos holandeses. Não os encontrou.

Deixo uma seleção dos melhores lances:


Fonte e foto: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro


4 comentários:

  1. Bah, Bruxo, que lembrança legal!
    Aos nossos olhos - e aos de todos os demais jornalistas do mundo esportivo, aquela Holanda é inesquecível. Tudo era novo, neles. O futebol, a cor da camiseta, a numeração dos jogadores, um goleiro com camiseta número "8", o craque do time com número "14", quando o normal seria a "10", um atacante tão bom quanto o "14", Rensenbrink, com número "12". Que coisa estranha era aquilo para todos nós, acostumados com um time do 1 ao 11.
    Todo aquela esquadra era diferente e marcou para sempre a nossa memória. Se houve uma mudança drástica no futebol, os holandeses de 1974 foram os protagonistas dela. Corriam para todos os lados, marcavam incessantemente, pressionavam em bloco. Foi legal vê-los. Apesar da Alemanha campeã, se alguém levantar uma discussão sobre a Copa de 1974, a “Laranja Mecânica” de Ernest Happel aparece logo de cara.
    Foi um “rodião”!

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  2. A memória nos trai! Rinus Michels era o técnico de 1974. Happel foi em 1978!

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    1. Foram duas ausências muito sentidas: Rinus e Cruyff. Muita diferença.

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  3. Bruxo, misturei o número do Rensenbrink. Em 1974 ele era o "15", o "12" era o Krol. Vou rever minha memória! Já fez tanto tempo que não dá para arriscar sem conferir, eheheheheheh

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