Pequenas Histórias (199) –
Ano – 1994
O Discreto Charme do Bicampeão
Acho que acontece com quase
todo mundo; a gente assiste a uma série de filmes, as famosas continuações e um
ou outro episódio fica escondido na memória, relevado a um plano
inferior na comparação com os demais, mas mesmo assim, com sua história e relevância
particulares bem delineadas, basta um olhar mais acurado nosso para encontrar
atrativos nele.
Exemplificando: Gosto de todos os filmes do Indiana Jones, o
primeiro, o mais impactante, o “cult” deles. Há o terceiro, aquele que revela o
herói antes da fase adulta, além disso com o aditivo de ter Sean Connery como o
pai do principal personagem. Tem o quarto, mais recente, mais vivo aos nossos
olhos com a vilã vivida por Cate Blanchett; e um que ficou lá na prateleira
empoeirada de nossas reminiscências, o segundo, Indiana Jones e o Templo da
Perdição, o menos falado, com menos glamour, apesar de contar com Kate Capshaw.
Pois no “penta” gremista da Copa do Brasil nas minhas lembranças,
se sucede idêntica situação: 1989, campeão invicto logo na primeira edição; o
terceiro, Maracanã lotado, time quase
misto contra o Flamengo, uma epopeia; no quarto, a vez da aula de
futebol, uma máquina de jogar montada por Tite; o penta, bom, essa conquista
nem se comenta, 15 anos na fila por um título de relevância, exibições de gala
nas semi e finais. Inesquecível.
E o bi em 1994? Quem lembra
direito? Alguém sabe a escalação na ponta da língua? Qual era o craque do time?
Difícil, não é? É o nosso “Indiana Jones e o Templo da Maldição”, o nosso “007
a Serviço Secreto de Sua Majestade” com o pouco lembrado George Lazenby na pele
de Bond, James Bond, produção do distante 1969. Verdade que contava com a mais
bela das Bond-girls, Diana Rigg.
Mas o esquadrão montado por Luiz Felipe Scolari tinha lá os seus “predicados’,
seus atrativos, um deles, o de ter formado vários nomes que ficaram
imortalizados pelo que seguiram fazendo naquela década: Paulo Paixão, Danrlei,
Roger, Carlos Miguel, Émerson e o maior, o próprio Scolari.
O técnico que já experimentara o gosto de vencer uma Copa do Brasil
com o Criciúma em 91, foi forjando um time discreto, com um charme quase invisível,
o elenco recheado de pratas-da-casa; pois além dos citados acima, havia os
goleiros Émerson e Murilo, os defensores Luciano e Scheidt, os meias Arilson,
Jamir e Caio; os avantes Gilson “Cabeção” e Jaques.
Craques ? Não sei se Agnaldo, o quarto zagueiro poderia se chamado
assim; verdade que era excelente defensor, bem como o “Seleção Brasileira” Paulão,
nosso beque central; havia Pingo, um volante moderno que no período das vacas
magras, chegou a emprestar grana para o clube. Além deles, um ponta direita de
velocidade, técnica e especialmente, raçudo, jogador forjado em time de massa
(Corinthians Paulista); Fabinho. Quem mais? Ayupe, um lateral direito que
jogaria fácil em 2018; bom cobrador de faltas. E um obscuro centroavante que
veio da Caldense de Minas Gerais, cercado de desconfianças, mas com a determinação
do homem rude do Norte; Nildo, natural de Belém do Pará.
Com essa receita, o Tricolor chegou invicto às finais diante do
Ceará. Um 0 a 0 no Castelão lotado, estádio para 120 mil pessoas, mas com a mágica
de ocupar todos os lugares com apenas 53 mil; um mistério reclamado pelo
presidente Koff.
Três dias após, 10 de Agosto, 18 horas, o Olímpico superlotou também
e Felipão mandou a campo: Danrlei; Ayupe, Paulão, Agnaldo e Roger; Pingo,
Jamir, Émerson e Carlos Miguel; Fabinho e Nildo. O meia Wallace entraria na
segunda etapa, assim como nosso “multi uso”, atacante Carlinhos, que brilhou
na volta da Série B em 92. Jogava nas três do ataque.
Dimas Filgueiras, outro faz-tudo, confiou em: Eduardo; Ronaldo,
Airton, Vitor Hugo e Claudinésio; Mastrillo, Ivanildo e Elói; Catatau, Jerônimo
e Sérgio Alves.
A decisão pareceu uma parada fácil, quando aos 3 minutos da etapa
inicial, Carlos Miguel bateu escanteio da direita, Nildo subiu antes da zaga,
primeira trave e saiu para o abraço. Logo se viu que o script de várias
conquistas tricolores seria repetido naquela tarde/noite. O gol fora de casa
poderia dar o título para o “Vozão” até com um empate.
O drama só não foi maior, porque o Ceará teve dois atletas
expulsos.
O bicampeonato da Copa do Brasil se revestiu de uma importância
maior do que sua conquista em si; ela foi a primeira do ciclo vitorioso da Era
Luiz Felipe nos anos 90 no Imortal.
Fonte: https://www.wikipedia.org
https://globoesporte.globo.com
https://www.gremiopedia.com
PS: Eduardo, o goleiro cearense foi formado na base gremista e era conhecido como "Chico".
Seguem os principais lances:
PS: Eduardo, o goleiro cearense foi formado na base gremista e era conhecido como "Chico".
Seguem os principais lances:
Eduardo/Chico, muitas vezes deixou Cláudio Taffarel na reserva nas seleções brasileiras de base.
ResponderExcluirTu vês como o destino molda um time campeão. A falta de dinheiro obrigou o clube a montar um time utilizando a categoria de base.
ResponderExcluirE deu certo!
Verdade!
ResponderExcluirMas não dá para esquecer que no ano anterior, Koff dando cheque pessoal, contratou um time inteiro e Dener como a cereja do bolo.
Eu estava neste jogo, matando uma aula de laboratório física, com o consentimento do excelente professor Ramiro, do Colégio Americano.
ResponderExcluirEra um time de raça e pulmão, mas limitado.
Só ganhava com a corda esticadíssima - tanto que fez fiasco no Brasileirão. Cordialmente discordo sobre Ayupe jogar em 2018: apesar de ser ótimo cobrador de faltas (ao estilo Luiz Carlos Goiano), era bastante limitado, ao ponto de ser ridicularizado pela torcida, por jogar com freio de mão puxado e ser afoito - uma espécie de Madson melhorado.
Tendo dito isso, o que mais me chamava a atenção: Nildo era um centroavante frio, que não lembro de ter perdido um gol feito. Tinha tempo de bola, posicionamento, e jogava de cabeça erguida - naqueles 4 ou 5 meses como titular (antes da lesão contra o Corinthians pelo Brasileirão), diria que jogou tanto quanto um Túlio no seu auge - aliás, tinham estilos similares. Nildo de 94, ESTE SIM, jogaria fácil no Grêmio de 2018.
Carlos Miguel já vinha bem e foi importante, em escanteios, bolas paradas em geral, mas principalmente como jogador tático. Arílson mal jogou, e Emerson não chegou a ser brilhante nessa fase, mas bastante regular. Roger era um monstro já em 1994: dificilmente perdia uma dividida. Paulão, na minha opinião, já vinha na descendente - o ótimo Agnaldo compensava várias furadas de bola - e Pingo também não me empolgava, apesar de técnico e de sua liderança, compensando a tosquice viril do Jamir, que tinha um ótimo fôlego.
O ano de 94 também foi, pra mim, o melhor do Danrlei no Grêmio - era milagre atrás de milagre, principalmente em jogos da SuperCopa Libertadores - foi genial contra o Racing, em Avellaneda, entre outros. Fora isso, a mencionar: o time corria muito, e jogava no limite até o fim, trabalho excelente do Paulo Paixão.
Como eu disse, era um time limitado, mas dava pra ver que mudando algumas peças, substituindo outras, daria para fazer um time bom, quem sabe, para ganhar algo mais importante no ano seguinte. Ops... Foi exatamente isso que aconteceu.
Gracias, Caco.
ResponderExcluirQue comentário (depoimento).Estudei no Centenário, um dos cinco metodistas do estado como o Ipa e o Americano. Legal, muito legal.
Acho que fui generoso com o Ayupe. Sobre Carlos Miguel, jogou bem em todas as posições que atuou, lateral, meia esquerda, ponta esquerda recuado.
Boa lembrança essa do jogou diante do Racing;sabe dizer se foi em 1994. Vou dar uma pesquisada.
Nunca poderemos esquecer do Paulo Paixão.
Alvirubro
ResponderExcluirFaltou dizer; a saída sempre foi aproveitar a base; é como "Educação", todos os candidatos acham isso na campanha, depois ...