Pequenas Histórias

Pequenas Histórias (213) - Ano - 1983

O Brio do Capitão

Fonte: João Onófrio/Zero Hora

Ontem, 04 de Março marcou os 36 anos da estreia azul naquela Libertadores que levou o Grêmio até o topo do certame.

Lembro como se esse tempo não tivesse passado. O time ainda necessitava de ajustes e encarou o Flamengo que mantinha 8 titulares da campanha do Mundial de 81, além do treinador, o conhecido Paulo César Carpeggianni. Faltavam Junior, que não passou no teste físico no vestiário, Nunes e Tita; este, trocado por Baltazar com o Imortal, numa grande sacada gremista, pois o centro-avante vinha de dois anos bem irregulares, apesar de empilhar gols. Curioso isso. O Flamengo não aceitou estipular o passe do craque e ele retornou à Gávea depois da Libertadores.

Com Arnaldo Cezar Coelho no apito, Romualdo Arpi Filho e José Assis Aragão, bandeirando,  os mais de 43 mil torcedores que estavam no Olímpico, assistiram a uma daquelas jornadas épicas de um jogador, aquelas em que Inferno e Céu se encontram em 90 minutos. Trato de Hugo De Léon, o grande capitão, valente, técnico e especialmente, raçudo.

A escalação; Espinosa utilizou na partida: Remi; Paulo Roberto, Leandro, De Léon e Casemiro; China, Bonamigo e Tita; Tarciso (Renato), César e Tonho (Lambari).

O Flamengo: Raul; Leandro, Figueiredo, Marinho e Ademar; Andrade, Adílio e Zico; Robertinho (Edson), Baltazar e Lico.

O Grêmio entrou arrasador e as chances foram se sucedendo: César, Tarciso e a melhor, Tita acertando a trave; antes desta última, a falha do grande zagueiro; De Léon perdeu uma disputa tranquila (bastava espanar a bola para frente ou para a lateral) contra o Galinho de Quintino; Zico meteu na área, Baltazar deu um lençol no zagueiro e bateu no canto esquerdo, alto, do gol de Remi. 0 a 1.

A situação se tornou ruim e poderia aumentar o estrago, quando o arqueiro gremista afastou mal um cruzamento, a bola foi cabeceada para o arco vazio e Leandro tirou em cima da linha. Era gol certo.

Na etapa final, se De Léon já apoiava bastante, neste segundo tempo passou a ser um armador pela esquerda. Seu envolvimento com a partida foi emocionante e contagiante. Apareceu a histórica garra uruguaia.

A entrada de Renato também foi um ponto positivo, ele até acertou a trave esquerda de Raul que aquela altura do jogo era a melhor figura em campo, juntamente com o camisa 10, Tita.

Faltando 10 minutos para o tempo regular se esgotar, portanto aos 35, De Léon que estava assíduo na área carioca, apanhou o rebote de fora da área e acertou o ângulo superior esquerdo da meta de Raul Plasmann. 1 a 1, placar que se manteve até o último trilar de apito.

O gringo correu como louco, virou cambalhota; realmente, tirou um peso das costas.

A destacar também, a coluna de Paulo Santana, página 38 de Zero Hora do dia seguinte, que começava assim: "Em futebol há umas coisas que não se entende: Entre elas a de Renato não jogar o tempo inteiro ontem. Nada contra Tarciso, que podia até ficar no time ..." O velho conhecia.

Amanhã, o Tricolor vai para mais uma Libertadores, desta vez, ele entra com um favoritismo escancarado, bem diferente do que ocorreu naquela noite no Olímpico.

Fonte: Jornal Zero Hora

Segue compacto da partida: