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sexta-feira, 17 de maio de 2019

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (217) - Ano - 1989


30 anos esta Noite

Fonte: Valdir Friolin/Zero Hora


Este 17 de Maio, feriado municipal, marca os seis anos do blog, incríveis seis anos de muitas alegrias, da ampliação do número de amizades e inserido neles, a volta dos títulos gremistas e a inédita queda do Coirmão para a Série B. 

Mas esta data marca também, uma das maiores emoções como torcedor e a confirmação que a rivalidade Grenal é algo gigantesco. A mais improvável derrota do Colorado em Libertadores; a queda para o Olímpia, quando precisava apenas de um empate dentro do Beira-Rio que continha 70.000 almas e uma única certeza: A Taça não escaparia de jeito nenhum, embora, passando, ainda teria a final, provavelmente contra o Nacional da Colômbia.

Não foi a primeira "secada"que deu certo; uma recente, a perda do Brasileiro para o Bahia em casa e antes, 1980, a Libertadores para o Nacional do Uruguai no Centenário, porém, essa havia dois fatores diferentes: Os hermanos eram favoritos, surpresa seria o Inter reverter a expectativa, depois de empatar em Porto Alegre, o outro fator; meu pai estava vivo e, perto de mim, ele era um "Lord" nestes assuntos de secar o grande rival. Se o fazia, o fazia silenciosamente, então segurei a emoção para demonstrar  "altruísmo".

A derrota em pleno Gigante, naquelas circunstâncias, só encontrei parâmetro no semelhante desfecho de Grêmio versus River Plate, ano passado. Foi muito parecida (a frustração) com essa de 30 anos atrás. A versão azul daquela hecatombe.

1989 foi um ano de grandes alegrias para mim, tanto no plano profissional, quanto afetivo e no terreno esportivo (penta campeão gaúcho, primeira Copa do Brasil), minha saída da capital gaúcha para Santa Catarina, etc... Entre elas, o naufrágio vermelho em pleno Maio, fato que me convenceu que a rivalidade futebolística gaudéria era algo muito arraigado, muito sério.

A perseguição colorada em buscar igualdade na Libertadores virara obsessão e depois de bater o Olímpia no Defensores del Chaco por 1 a 0, gol de Luis Fernando, sinalizava que "agora não escaparia". O Estádio lotou, faixas de Campeão da América começaram a surgir; "não tinha para mais ninguém".

Naquela noite fatídica, Abel Braga utilizou: Taffarel; Norberto, Aguirregaray, Nórton e Casemiro; Paulo Bonamigo; Luis Fernando e Dacroce (Diego Aguirre); Heider, Nilson e Edu.

O ex-ponta direita da Seleção uruguaia de décadas anteriores, o técnico Luis Cubilla mandou a campo: Almeida; Miño, Benitez, Chamas e Krauseman; Sanabria, Guasch e Neffa (Castro); Bobadilla, Amarilla e Mendoza (Torres).

Mendoza fez 1 a 0 aos 8 minutos, Dacroce empatou aos 11. Aos 37, a zaga local se atrapalhou, o goleador Amarilla entrou área adentro e encobriu Taffarel (vide foto acima). 2 a 1, ficou assim o primeiro tempo.

Na etapa final, Luis Fernando cabeceou e deixou tudo igual, logo aos 7 minutos. 2 a 2.

Aos 22, Nilson foi derrubado na área; penalidade máxima, festa geral. O próprio centro-avante ajeitou a bola na marca da cal. Correu bateu fraco no canto direito do arco e o gordo, baixinho e veterano goleiro Almeida "buscou". Espalmou para o lado. Um banho de água gelada.

Passados sessenta segundos e veio um tonel de água glacial: Neffa bate da risca da grande área, a pelota desvia em Torres, 3 a 2. Inacreditável. Fim dos 90 minutos.

Hora das cobranças de tiros livres e a confiança voltava, afinal, Cláudio Taffarel era exímio pegador de pênaltis. 

O Olímpia começou batendo e acertando, batendo e acertando até a quinta cobrança. Como Almeida, o baixinho, gordo e veterano arqueiro guarani pegara a cobrança de Leomir, a última batida vermelha não se realizou. Resultado: Um silêncio sepulcral no Pinheiro Borda, uma lenta procissão cabisbaixa surgiu em direção à saída do estádio. Uma noite interminável veio pela frente.

Eu lembro que chorei esparramado no sofá "de segunda mão" que minha mãe comprara para eu "começar a vida" sozinho na capital, cinco anos antes. Percebi o quanto era forte esse sentimento dual, essa rivalidade chamada Grenal. Cheguei a sentir vergonha, logo superada pela alegria incomensurável de seguir sendo o único gaúcho campeão da América.

Foi a vez que ele (o sentimento) me veio mais forte pelo desastre "alheio"; a outra: A queda do Coirmão para a Série B, mas esta, por ser próxima, todos sabem de cor e salteado.

Obs: Poupei o Alvirubro de me ceder arquivos desta postagem.

Fonte: Jornal Correio do Povo
            Jornal Zero Hora
            http://cly-blog.blogspot.com

Segue o compacto:



7 comentários:

  1. Legal, velho!
    Utilizaste um "desvio", para não pedir dados sobre essa hecatombe, eheheheheh...”poupaste” minhas lembranças.

    De fato, aquela noite, no Beira-Rio, não sai da memória de colorados e de gremistas mais atentos. Enfim, faz parte! Um dia, se perde, e o outro, se ganha.
    Sobre o descenso, não sei medir, de fato, qual a maior tristeza para o povo colorado.

    O rebaixamento foi duro, porém, a mim, não abateu tanto. Não abateu porque o desenho já estava esboçado há algum tempo. Corneteiro assumido que sou, já vinha alertando a turma colorada e gremista, com quem convivo. Foi fácil prever. A conta foi salgada, mas foi merecida para a turminha que mandava na Padre Cacique.

    Acho a perda de uma decisão mais “traumática”. Para quem, de perto, quer ver o time chegar, tem gosto amargo. Além disso, a Libertadores já havia escapado, em 1980, num time que estava perdendo Falcão para a Roma. Mesmo assim, havia a chance dele sair com um grande título. Escorreu pelo gramado do Centenário, no Uruguai. A desclassificação, em 1989, realmente foi dura. E demorou alguns anos para cicatrizar.

    Obs: apenas como lembrança àqueles que gostam de ligar nomes de atletas: Luis Fernando, desse time de 1989 é Luis Fernando Rosa Flores. Houve outro meia no Inter, também Luiz Fernando, a partir de 1990, que chama-se Luiz Fernando Gomes da Costa.

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    1. Esse, o Rosa Flores é auxiliar de alguém famoso, não lembro quem.

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    2. Trabalhou no Cruzeiro-MG e no América-MG, como Auxiliar Técnico.
      Atualmente, é o Auxiliar Técnico do Enderson Moreira, no Ceará.

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    3. Olhando a lista de clubes onde Luís Fernando foi Auxiliar Técnico, dá para observar que algum conhecimento da tarefa ele tem: Cruzeiro/MG, Goiás/GO, Cruzeiro/MG , Grêmio/RS, Santos/SP, Athletico/PR, Fluminense/RJ, América/MG, Bahia/BA e Ceará/CE.

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    4. Isso, Enderson Moreira. Casualidade; o Grêmio pega o Ceará.

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  2. Parabéns, Bruxo, pelos seis anos de blog!
    Já tens alguma história para contar.

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  3. Gracias; construção coletiva, são várias visões sobre os mesmos fatos.

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