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sábado, 5 de junho de 2021

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (253) - Ano - 1971


Celeiros 

Fonte: Correio do Povo

Houve um tempo em que a Dupla Grenal abastecia os elencos basicamente de duas fontes, as quais eram chamadas de, imaginem! Celeiros: Santa Catarina e o interior gaúcho, sem considerar a base, cujo último estágio eram os juvenis.

Isso ficou no passado distante de muitas décadas. Grêmio e Inter hoje tem seus elencos profissionais e de base "nutridos" massivamente por atletas não nascidos no Rio Grande, nem com passagem por clubes gaúchos.

Antes, qualquer partida que envolvesse um dos dois gigantes do estado contra clubes do interior, sempre havia a possibilidade de "achar" alguma joia ou um bom jogador que pudessem vir a integrar seus quadros.

Tomando como referência o Grêmio que é o interesse aqui: quatro de seus maiores ídolos nasceram e começaram no interior: Lara e Gessy (Uruguaiana), Alcindo (Sapucaia do Sul) e Renato (Guaporé). Todos tiveram passagem por clubes do rincão gaúcho: Lara e Gessy, o Uruguaiana, Alcindo andou emprestado ao SC Rio Grande e Renato veio do Esportivo, onde atuou nos profissionais, vindo para o grupo de juniores do Imortal na virada dos 80.

Como exemplo, em 28 de Janeiro de 1971, o Tricolor enfrentou o F.C. Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul no Olímpico, quando Oto Glória utilizou: Arlindo; Espinosa, Ary Ercílio (Floriano, atual Novo Hamburgo), Beto Bacamarte e Everaldo (Juventude), Jadir (Riograndense de R.Grande) e Gaspar (Flamengo, atual Caxias); Flecha (Avenida de Santa Cruz do Sul), Caio (Flamengo. atual Caxias), Bebeto (Gaúcho de Passo Fundo) e Loivo (Floriano, atual N.Hamburgo). 

Notem a quantidade de atletas que emprestados ou comprados do clubes do interior, integraram o Tricolor, apenas nesta partida.

O Santa Cruz teve: Sérgio Raul; Camilo, Tião, Moacir e Pítia; Gildo, mais tarde, Taquari e Paulo César; Cuca, Dilvar, Ito e Jair, depois Chico.

Desta escalação, Tião veio para ser reserva de Figueroa, Cuca foi ponteiro do Inter e Paulo César ganhou um complemento ao nome: Tatu; brilhando no Guarani de Campinas e no melhor Caxias de todos os tempos.

No meio de campo, o Grêmio tinha dois jogadores de grande técnica que receberam o apelido dado pelo comentarista Lauro Quadros de "Os Amigos da Bola", desde quando atuavam junto com Osmar no Flamengo de Caxias do Sul, formando um trio de excelência técnica. Eram Caio (Cabeça) e Gaspar.

Nesse final de Janeiro de 71, Caio marcou três vezes, 26 minutos da etapa inicial e aos 24 e 28 do segundo tempo. 3 a 0, placar final.

Além de Caio, o maior nome, destaque também para Everaldo que fez ótima participação no aspecto ofensivo, criando chances para os avantes gremistas.

No presente, um jogo entre Grêmio versus F.C. Santa Cruz, mesmo que seja para decidir um título, a Recopa Gaúcha, a chance do Tricolor encontrar um atleta promissor no adversário é próxima de zero.

É outro contexto.

Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro




11 comentários:

  1. O Osmar (Lima) jogou no Grêmio também. Foi meu vizinho em Porto Alegre há muitos anos. Gente boa. Dizem que jogava muita bola. Trabalha com o Iúra no futebol feminino do tricolor agora.

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  2. Vinnie
    Jogava muito;começou como meia e foi recuado para "5".
    Se a memória não me trai, Osmar, Caio e Gaspar começaram como juvenis no Coirmão, assim como Alcindo Martha de Freitas, maior artilheiro gremista de todos os tempos.

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    1. Alcindo e Flávio Minuano são contemporâneos no Internacional. Flavio, nove meses mais velho. Ambos atacantes dos mais privilegiados. O Internacional acabou ficando com Flavio, e Alcindo ainda muito jovem deixou o Eucaliptos. Duas lendas da Dupla GRENAL.

      Gaspar chegou a jogar nos profissionais do Internacional de 1963 até início de 1965, quando foi para o Flamengo-RJ, depois Corinthians, América-RJ e Flamengo de Caxias. Em 1970, acertou-se com o Grêmio.

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  3. Bruxo, existe um nome que liga vários desses nomes, que acabaram descobertos por ele: Abílio dos Reis.

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  4. Show, Alvirubro.
    E Caio e Osmar não jogaram no Inter?

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    1. Nos juvenis. Osmar é o mais novo deles. É nascido em 1948. Natural de Canoas.

      Caio é da turma de 1963, depois de Flávio e de Alcindo, que jogaram juntos, em 1960, no Juvenil, quando o Abílio era técnico.

      No time do Caio Cabeça alguns conhecidos: Valmir Louruz, Paulo Souza, Carlos Castro, João Brenner e Laone, dentre outros.

      No time do Flávio e do Alcindo, o Nilo que jogou no Coritiba e o Paulo Araújo. Havia outros que fizeram carreira pelo interior do RS.

      Em 1959, o Abílio dos Reis montou os juvenis do Internacional. Tinha Beno Becker, Ari Ercílio, Daudt, Claudio Danni, Paulo Berg, Sépe (irmão do Beto Bacamarte), Paulo Véchio, Marino, e outros mais.

      Abílio era um garimpador de preciosidades, que hoje não se vê mais.

      Em 1961, Abílio foi treinar os juvenis do Grêmio. Disputou 40 jogos, entre oficiais e amistosos. Venceu todos os jogos.

      Um dos times dele: Breno; Adair, Altair, Oscar e Jerônimo; Everaldo e Alexandre Ballejo; Jorginho, Paraguaio (Alcindo), Paíca e Humberto
      Vários dos citados foram utilizados no time principal do Grêmio na década de 60 e 70.

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    2. Cometi um erro, Abílio foi para o Grêmio em 1962, ano desse time citado acima.

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    3. Aí está explicada a técnica apurada de Everaldo; lateral que começou no meio de campo.

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    4. Exatamente, Bruxo! Abílio do Reis foi treinar os juvenis do Grêmio, em 1962. Por óbvio, conheceu Everaldo, então com 17 anos. Everaldo atuava no meio-campo. O futebol que apresentava era técnico e elegante. Porém, como todo o craque, em início de carreira, Everaldo tinha defeitos a serem corrigidos. Abílio dos Reis percebeu os defeitos, mas um lhe chamou a atenção: Everaldo não chutava com o pé esquerdo.

      Assim, Abílio passou a orientá-lo para que superasse a deficiência. No time juvenil do Grêmio, Everaldo era escalado em posições do centro e da direita, onde rendia mais. Com paciência, Abílio foi moldando o jogador, por ver nele um futuro craque. Para que o lateral ganhasse experiência, Everaldo foi emprestado para o Juventude de Caxias do Sul, treinado por Pastelão.

      Depois de alguns treinos, Pastelão optou por fixar Everaldo na lateral-esquerda do Juventude. Em 1966, no retorno ao Grêmio, atuou pelas duas laterais, mas ainda não como titular. Everaldo chegou a atuar na direita, tendo Ortunho no lado oposto. As entradas no time principal já não eram por acaso e em 1967, Everaldo atuou em mais de 50 jogos. Ele, que em 1966, no retorno ao Olímpico, tinha aparecido 21 vezes no time principal. Dono da posição no Grêmio, Everaldo foi convocado para a Seleção Brasileira, que disputou a Copa do Mundo no México, em 1970. Virou estrela dourada na bandeira do Grêmio.

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    5. Obrigado por compartilhar, Alvirubro. Muito interessante.

      Pro pessoal mais jovem, os juvenis de antigamente eram o que depois se chamou de juniores, e atualmente é o time de transição.

      Hoje, o juvenil é uma categoria abaixo, com atletas mais jovens.

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  5. Alvirubro
    Importantíssimo isso, porque estes analistas de hoje, os da tevê do centro do país, sem ter vivido isso e sem pesquisar, fazem um esteriótipo completamente equivocado do craque Everaldo e que, infelizmente, vai sendo reproduzido.

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