Ontem à noite, escutei um dos
meus álbuns preferidos, um The Cure dos anos 80, que contém a música Sinking. Seus primeiros
versos são: “ Eu estou desacelerando devagar, enquanto os anos passam, eu estou
afundando”.
Aí, eu trouxe para o futebol; fiquei pensando: qual
foi a sequência de bons jogos que vi? Não lembro.
Teve o Flamengo de Jorge
Jesus, mas eu não o assisti com frequência; partidas europeias? Sinceramente, não
consigo ver. Às vezes que tentei, um era oponente muito forte, o outro não servia sequer
para sparring. Davi versus Golias. Nestes casos, Davi sem a funda, o bodoque.
Trazendo para os jogos mais
recentes, Grêmio, Inter, Corinthians, Atlético Mineiro, São Paulo, o mais
arrumadinho foi o América Mineiro, taticamente, porém, sem craques …
Será que sou eu, será que
estou “desacelerando”, “afundando”? Um dinossauro que vive recordando o período
romântico do futebol? Romântico tem várias conotações, talvez seja isso. Numa
delas, eu me enquadro.
Essa overdose de jogos, onde
até 16:30 h de uma tarde de meio de semana é definido como horário de jogo ou a
Seleção Brasileira que fenece a cada evento, joga quase que anonimamente
confrontos pelas eliminatórias de uma Copa do Mundo. Será que sou eu que perdi
o interesse pelo futebol? Ah! Tem a justificativa da Pandemia, entretanto, essa
sensação de ruindade vem de um bom tempinho.
Para agravar, um jogo de
Recopa regional que até tem o apelo sentimental dos gaúchos para incentivar “as
coisas nossas”, mas de prático, de riqueza como espetáculo, nada tem.
Anotem o horário: Domingo, 10:30 h.
E a Copa América que até os
boleiros que jogam na Europa não querem; não estou tratando apenas de atletas
brasileiros. É o fim da picada.
Enfim, o futebol está
afundando. Ou sou eu, o último romântico?
Está afundando o espetáculo, sem dúvidas.
ResponderExcluirCada vez mais tático e menos "clássico". Está desequilibrado.
Essa do goleiro tocar mais na bola que muito lateral ou meio campista é de uma imbecilidade...
ExcluirMuitos estudiosos e poucos gênios.
ExcluirGenial,mas que ficou pouco interessante.
ExcluirCara, se eu não leio aqui eu não descubro a informação. haha. Eu nem me lembrava disso daí. Que barbaridade.
ResponderExcluirÉ, Rodrigo, vai perder o culto ou a missa. Hehehehehe.
ExcluirBoa referencia musical, Bruxo! Desse álbum do The Cure minha favorita é a mais famosinha "Inbetween Days".
ResponderExcluirEu que comecei a acompanhar futebol de verdade a partir de 2002 já vejo as coisas com saudosismo e parece que a cada ano o futebol vai perdendo mais e mais a sua magia. Cada vez mais dinheiro e marketing, cada vez mais artificial. Aqui no Brasil é sempre uma desorganização e uma desunião entre os clube que não conseguem, e parecem não querer, peitar a CBF e os deus desmandos. Aí olhamos "pra cima" e enxergamos a sujeira da Conmebol e da FIFA. Na Europa o dinheiro em excesso, os craques e o glamour mascaram que tem muita coisa errada lá também, a tentativa da tal Superliga mostra isso. E é uma prova também que talvez o futebol como conhecemos esteja vivendo seus últimos anos.
Pois talvez vejamos as seleções se recusando a jogar essa indigesta Copa América, que só a Conmebol e a CBF parecem se importar($$$).
Pelo menos estamos experienciando um belo momento do Grêmio, apesar de criticar bastante também, vivemos um período de bonança com títulos expressivos recentes, o time se mantendo competitivo, uma boa administração e as finanças indo bem.
Essa Recopa é um amistoso aleatório "de luxo". Nem lembrava da existência porque sempre ocorria durante as rodadas do Gauchão. Vou aproveitar e destacar que até a trupe da RBS tá criticando a escolha do Lucas Silva como titular nos últimos jogos. Acho que até o Lucas Silva sabe que ele afunda o time. Que Tiago Nunes, mesmo via videochamada, e sua turma corrijam isso nessa semana.
É a minha preferida, também. Clássico.
ResponderExcluirNão é só vc Bruxo, eu tenho na memória as escalações das seleções de 82 até 2006 mas hoje não tenho a menor idéia de quem são os titulares do Tite.
ResponderExcluirHahaha. Quem é que quer saber né? Haha até o momento eu nem sei quanto foi o jogo de ontem. Até de curioso, vou ver. Haha
ExcluirPalavra de honra, Rodrigo. São 11:44 h, li que ganhou de 2 a 0, mas nem sei quem marcou os gols.
ExcluirPois eu soube aquela hora ali. Achava que era o Paraguai. Os gols, vi agora no esporte. Pior que isso, esse chororô devido a Copa América.
ExcluirVerdade. Ninguém sabe mais.
ResponderExcluirMais essa ainda: https://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/funcionaria-da-cbf-apresenta-denuncia-de-assedio-sexual-contra-rogerio-caboclo.ghtml
ResponderExcluirhttps://trivela.com.br/brasil/rogerio-caboclo-e-denunciado-por-assedio-moral-e-sexual-em-acusacao-feita-por-funcionaria-da-cbf/
Agora vão querer abrir a Caixa de Pandora. A Globo está com ódio.
ExcluirLipatin
ResponderExcluirA Lei de Murphy.
Bruxo, acho importante não tomarmos como base essa fase atual do esporte, que logo vai passar. Nenhuma equipe mundial está jogando na sua plenitude, e é compreensível.
ResponderExcluirFora isso, o excesso de competições dilui a qualidade dos jogos, evidente, mas também isso acontece porque existe um público consumidor. Quem gosta de futebol sempre vai assistir ao seu time e volta e meia ficar ligado nos grandes eventos. Não acredito que haja um desinteresse. Pelo contrário, se consome futebol, e todos os seus subprodutos, muito mais atualmente. Basta ver a infinidade de canais, podcasts, games, que proliferam por aí.
A ascensão da ciência de dados também mudou o futebol. A gente vê muitos líderes (dirigentes, treinadores) com o perfil psicológico de técnico. Aquele cara que é fascinado por estatística, processos, regras. Que vê o mundo de forma totalmente racional, linear.
Nas empresas são os famosos gerentes de linha, engenheiros, aqueles caras que são ótimos pra organizar mas que são acadêmicos, e demasiados chatos muitas vezes, pra conectar num nível emocional e político. Até por isso eles não encantam e não chegam no lugar mais alto das suas carreiras, embora sejam muito capazes e íntegros. A empatia e conexão pessoal é sempre emocional, nunca racional (a tua idolatria pelo The Cure, por exemplo, deve ter causas que nem tu mesmo talvez saiba explicar, mas ela existe).
O Grêmio atualmente tem um treinador com este perfil - que é justamente o contrário do encantador romântico, improvisador, anti-ciência do Portaluppi.
Não existe um perfil melhor do que o outro. Todos são importantes de acordo com o contexto. Mas técnicos e estudiosos demais também atrapalham. Eles tem uma dificuldade tremenda em aceitar a ambiguidade e a incerteza. E muitas coisas da vida, principalmente na área criativa, não vem do racional, vem do emocional, do impoderável. O cara que tenta analisar todos os problemas da vida e encontrar todas as explicações no racional vai de encontro a natureza humana.
Veja o Guardiola, que tem explicação tática pra tudo que acontece dentro de um jogo. Perdeu uma Champions pra um time infinitamente inferior ao dele. Não porque seja mau treinador, mas porque o futebol é uma mistura de esporte com arte. O que acontece dentro de campo vai sendo inventado a cada jogo. Não existe "dados" sobre o que ainda não aconteceu. E esses caras não aceitam esse imponderável. A forma como eles veem o mundo é restrita ao pensamento linear. Pelo retrovisor, tudo tem explicação. Já com o presente, e principalmente com o futuro, isso dificilmente acontece.
Acho que o futebol atual tem ficado mais chato pela ascenção dessa linha de pensamento. O que é resultado da tecnologia que permite registrar, coletar, e analisar tudo quanto é tipo de dados - que muitos consideram a moeda do século 21.
Embora não seja o única, a era do Big Data talvez seja a maior responsável pela chatice, não só no futebol, como no cinema, na música, na literatura, onde tudo precisa ser catalogado, padronizado, e replicado em grande escala. No fim, fica tudo muito igual, formulaico, sem alma.
Vinnie
ResponderExcluirExcelente comentário;apenas para registro, The Cure, minha admiração não vai além de dois ou três discos, um deles, sim, muito acima, The Head on the Door.
Acho que a qualidade caiu principalmente pelo exagero, pela quantidade no lugar de qualidade. Antes, dois jogos por semana, agora, uma loucura. Se se tem como uma das premissas para a excelência, a repetição, o treinamento, o acompanhamento diário dentro das 4 linhas, quando isso é substituído por mais tempo em hotéis, deslocamentos, aeroportos, fusos horários, mesmo dentro do país, reforma quase anuais de contratos, desgastes com empresários e patrocinadores; a lógica é de queda qualitativa.
Essa "estatisticação e matematização" do futebol, igualmente servem para torná-lo menos atraente.