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sábado, 23 de outubro de 2021

Opinião




O Rumo 

Esta distância entre o jogo contra o Juventude e o próximo (Goianiense) me permitiu dar uma viajada no tempo e ler o que se dizia do Grêmio em 2015, 16 até 2019, quando a fórmula de jogar do Tricolor sofreu uma descontinuidade.

Quem é mais antigo, mais velho, deve lembrar de dois times que tinham um "dna" (não se usava esta expressão à época) no jeito de jogar, algo imutável, casualmente, dois ex-Palestra Itália, Palmeiras que era chamado de Academia, muito em função de seu maior jogador de todos os tempos, Ademir da Guia e o Cruzeiro, consagrado como o time de toques, aí, mais de uma geração, a de Piazza, Tostão, Zé Carlos, Dirceu Lopes e outras como a campeã da Libertadores de 76 com Palhinha (o primeiro), Jairzinho, Eduardo, Joãozinho, Roberto Batata, Piazza. Era marca registrada dessas instituições.

Voltando para as minhas leituras da semana; Roger começou a transformação. Na verdade, um rascunho, que ele nunca mais conseguiu sequer esboçar os primeiros rabiscos no Palmeiras, Atlético Mineiro, Bahia e muito menos, no Fluminense. Renato pegou o que era saudável naquele organismo e fez uma máquina de jogar futebol entre 2016 e 17. Os gremistas estavam vendo um time vitorioso com um futebol de encher os olhos com toques precisos, raros erros de passe, posse de bola "autoritária", chegadas na frente com individualidades se destacando num coletivo afinado, casos de Geromel, Kannemann, Walace, Douglas, Maicon, Giuliano, Pedro Rocha e Luan. E a base abastecendo com força e talento nos meses seguintes com o surgimento de Jaílson, Arthur e Éverton Cebolinha que se juntaram a Ramiro, este, de uma "fornada" anterior. 

As aquisições (algumas) vingaram como Edílson, Bruno Cortez, Michel e Lucas Barrios, isso, com a condição de se adaptarem ao novo jeito do Tricolor atuar. Foi tão exitosa a campanha que a proposta de jogo foi pensada para ser um modelo gremista de atuar, decorrendo disso, a implantação do estilo às categorias de base. O Grêmio estava fazendo história fora e dentro do seu universo.

De repente, talvez, nem tão de repente, essa fotografia foi ficando esmaecida, o time perdeu qualidade individual e o coletivo viu-se arruinado. Com certeza, começou com Renato os primeiros sintomas, mas, aí, como ocorre às vezes na Medicina, a Direção errou, houve prescrição equivocada e o paciente teve um choque anafilático, veio a uti e a receita foi buscar um tratamento antigo, muito conservador, o quadro teve pouca alteração. Nova mudança, renovam-se as esperanças, no entanto, o rumo daquilo que era para ser um dogma para o presente e futuro de geração em geração no estilo de atuar dentro das quatro linhas, ficou encaixotado num limite cronológico que não superou meia década.

É pena, entretanto, ficando na Série A ou na B, o Grêmio precisa retomar essa identidade, esse rumo que se perdeu, mesmo que demande um pouco mais de tempo, porém, precisa de convicção e coragem de quem dirige mais a paciência dos que torcem. 

4 comentários:

  1. Muito bom Bruxo, só duas observações, Juliano não chegou a jogar com Renato e Michel pra mim nunca jogou nada.

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  2. Obrigado, Carlos!
    Bem lembrado, a memória me traiu no caso do Giuliano. Valeu.

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  3. Olha bruxo, máquina, mesmo, só em 2017. E muito pelo "extra-classismo" de Arthur.

    A campanha na Copa do Brasil, vista hoje, pode enganar. Em pelo menos dois jogos o time foi salvo pela individualidade (jogo de ida contra o Cruzeiro, gol de Luan, e jogo de volta contra o Palmeiras, gol de Everton).

    Mas de qualquer forma, era uma time que corria ordenadamente, e isso fazia sobressair a qualidade técnica dos diferenciados.

    Depois, a impressão que dá, é que primeiro esqueceram que precisam correr, e depois foram deixando a organização tática de lado, somando a isso a queda na qualidade individual devido a algumas saídas, e esgotou-se o modelo.

    Hoje não vejo elenco pra jogar daquela forma. Agora, se puxarmos bem pela memória, Pedro Rocha antes da final da Copa do Brasil era cobrado (por mim inclusive) por perder muitos gols, e em Luan até pipoca jogaram. Se Mancini conseguir recuperar o futebol que Jean Pierre esqueceu lá em 2019, fizer Darlan deslanchar, e Ferreira ser um pouco mais coletivo (as vezes deixa de tocar a bola e arrisca chutes, fundamento em que é fraco), vai que....é bom lembrar que aquele time marcava muito na frente, é preciso pulmão e perna...e Geromel muitas vezes no 1x1 vencia os duelos...eram várias pequenas "dependências" que vão além da tática.

    Nem considero Villassanti, Borja e Douglas Costa, em tese estes encaixam em qualquer modelo, só não acho que possam ser peças chave.

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  4. É esperar para ver. Sigo confiando mais na base do que na capacidade de contratações da Direção.

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