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sábado, 7 de julho de 2018

Memórias



Memórias (10) – Ano -1986



O Dono da Copa

Fonte:https://www.thestar.co.uk

A segunda Copa realizada no México foi a primeira que assisti “inserido no mercado de trabalho”. Deixo fora os estágios realizados durante a anterior (1982).

Já residia em Porto Alegre, o que me proporcionou uma situação inusitada, ou seja, ver os jogos em locais diferentes;  Argentina 2 x 1 Inglaterra, casa da minha prima Nancy e família, que mora ainda no mesmo lugar, a rua onde também moravam os pais do convocado, o amigo Mauro Galvão, próxima ao Olímpico Monumental. Antes, almoçamos.

A desclassificação brasileira diante dos franceses, vi na casa do colega Agostinho, após outro almoço com sua família, no Passo D’ Areia, próximo ao Viaduto do Obirici. Já Bélgica 0 x 2 Argentina foi com um olho no trabalho, outro na tevê. Dois golaços de Maradona.

 A decisão, eu estava na terrinha, casa de meus pais. Deu 3 a 2 para a Argentina em cima da Alemanha Ocidental.
Foi a última Copa que assisti com interesse e a derradeira que me deixou várias recordações. Dali para frente, embora mais recentes, as outras me deixaram lembranças esparsas e escassas. Nem as que ganhamos.

Essa de 86 tem uma tatuagem: Diego Armando Maradona. Uma atuação inigualável, acho que irrepetível. Nem Pelé teve tanta importância. Calma! Explico: Pelé é o maior de todos, é insuperável, mas em 58 e 70, ele foi melhor acompanhado do que o “Pibe”. Pegando o Tri como exemplo: Se o Rei foi dez, Tostão alcançou nove e Jairzinho, Gérson e Rivellino, oito.

No México, Maradona foi dez, Valdano e Burruchaga, talvez sete. Quem mais? O zagueiro Brown? Sei não.

Melhor seria comparar a sua performance com a de Garrincha no Chile ou Romário na realizada nos Estados Unidos. Como não vi o “gênio das pernas tortas” em 62 pelo simples fato de ter tão somente três anos, não tenho parâmetro para “bater o martelo” em qualquer confrontação de desempenhos.

Já Romário não foi dez; diria, oito e meio (nada a ver com Fellini). Brincadeira à parte, o Baixinho arrebentou, porém, não foi bem na decisão contra a Itália.

Além disso, as atuações de Maradona extrapolaram em magnitude os limites do gramado. Viraram tratado sociológico. A superioridade inconteste sobre Bélgica e Alemanha Ocidental representou o triunfo da Colônia sobre as diversas Metrópoles europeias.

E o que dizer da vitória sobre a Inglaterra, após a guerra travada no sul do continente americano, onde houve disputa por território? Um gol com a mão e outro, o mais bonito de todas as Copas: “Só não entrou com bola e tudo, porque teve humildade ...”. Maradona saiu desfilando desde o campo defensivo, apenas “sossegou”, quando viu o goleiro batido e a rede balançando.

Por instantes, as Ilhas Falklands foram verdadeiramente Malvinas. Mesmo simbolicamente, o orgulho argentino foi recuperado. Maradona, mais do que ninguém, foi o grande arquiteto da conquista inesquecível.

Fonte: Revista Placar


4 comentários:

  1. Maradona foi um gênio do futebol.
    Apesar das frequentes comparações, "Dom Diego" foi muito maior do que Messi.
    E isso não significa diminuir o gênio do Barcelona de agora.
    Pelo contrário. Messi é daquelas criações do futebol que tu ficas olhando e fazes a pergunta: como é que pode jogar tanto?
    Entretanto, ganhar Copa do Mundo, levando o time nas costas, não é para muitos.
    E Maradona fez isso. Mesmo sem ter grandes companheiros ao lado.
    Ótimo o teu relato.

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  2. Faço uma distinção entre maior e melhor: Maradona foi infinitamente maior do que Messi, mas La Pulga é melhor; Figueroa foi maior do que Gamarra, mas o paraguaio foi melhor.

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  3. Moro na Inglaterra, e aqui a unanimidade, entre pessoas que eu conheço e realmente estudam futebol, é de o Maradona ser muito superior ao Pelé. Não é a minha opinião, e meu argumento é: Pelé não ganhou uma copa “sozinho”. Ok, mas Garrincha o fez. E aí, Garrincha é melhor que Maradona então? Óbvio que dentre todos os sofismas, precisaremos trazer os números à discussão: compare número de gols, atuações impecáveis, assistências, consistência na carreira. Não tenho todos os dados, mas Maradona perde do Negão, e de muito. Abs, Caco Vaccaro

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  4. Exatamente como eu penso, Caco.Perde de muito.
    Mas, faço uma observação: Às vezes, todos nós (eu, obviamente incluído) cometemos esse erro de, ao buscar justificativas pelas nossas preferências, reduzimos o possível "opositor" de nossas eleições. É assim em filmes,livros,personalidades e mais ainda no futebol.
    Minha opinião: Essa comparação de Maradona com Pelé é irreal pelas suas biografias, mas esse "recorte", isto é, uma Copa do Mundo "só de um", ele é mais visível em Maradona, Garrincha e até Romário (94) do que no Rei. Talvez pela qualidade maior dos "súditos" do mineiro de Três Corações.

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