A Altura do Sarrafo
Quando Renato assumiu o Tricolor, ele não encontrou um histórico de terra arrasada, pois Roger deixou um esboço de time, mas teve como tarefa gigantesca, o peso psicológico, a pressão de 15 temporadas sem o clube levantar uma taça relevante. Era apenas o Regional.
Quebrou a maldição já nos seus primeiros movimentos em 2016. Veio o ano da graça de 2017, o topo de sua trajetória cheia de quebra de recordes, Grenais, superação do histórico de Foguinho, único treinador brasileiro a ganhar a LA com jogador e comandante técnico.
Chegou em 2020 desgastado, as vozes que o defendiam, já escasseavam, a conclusão inevitável: deveria sair. (Estou entre os que se conformaram com esta conclusão).
Havia, no entanto, torcedores que pediam a sua cabeça já em 2018. Aí, eu fui buscar seus números naquele ano e no seguinte, até para ter ideia do que esses críticos, por coerência, reservarão para Tiago Nunes, num desempenho idêntico ao do nosso eterno ponta direita.
Renato em 2018 ganhou a Recopa Sul-americana (é pouco? sim, mas pior seria perder), conquistou o Gauchão, ficou em 4º no Brasileiro, caiu nas quartas-de-final na Copa do Brasil e parou nas semifinais da Libertadores.
Em 2019, caiu um pouco, conquistou o bi campeonato gaúcho, repetiu o 4º lugar no Brasileiro, caiu nas semifinais da Copa do Brasil e, de novo, nas semifinais da Libertadores, chegando assim, a terceira participação que ficou entre os 4 melhores da América.
Então, eu concluí o que está reservado para Tiago Nunes, já que pega o clube saneado financeiramente, uma bela base egressa dos juniores, igualmente, um time com bom histórico, mesmo com alguns insucessos. Certamente, ele não encontra um elenco desarrumado.
Desta forma, imagino, que os críticos de Renato que queriam a sua saída já em 2018, ficarão vigilantes à performance do atual técnico gremista; ficar de fora da final na Sul Americana, cair numa semifinal na Copa do Brasil, ganhar "só" o tetra regional e repetir um 4º lugar no Brasileiro, isso tudo, será motivo para pedir o afastamento do treinador, pois não superará os números de Renato.
Fora disso, será pura incoerência ou então, o problema com o desempenho de 2018 extrapolou o que ocorreu apenas dentro das quatro linhas do gramado.
Bruxo,eu sou um dos que já estavam pedindo uma mudança de projeto de futebol após a eliminação da Libertadores de 2018.
ResponderExcluirE não me baseava nos resultados, que realmente não eram nada ruins em 2018, mas porque já estava enxergando uma queda de rendimento do time, com o mesmo elenco de 2017, ou seja, estava concluindo que cada vez mais Renato tiraria menos do time.
O Bayern de Munique, em 2013, após uma era vitoriosa de Jupp Heinckes, decidiu contratar Guardiola. Por que?
Porque enxergava que uma mudança era necessária para continuar mantendo o clube no patamar de um dos maiores da Europa. E sabemos bem o que houve.
Hoje o Bayern é um dos 3 maiores clubes do mundo, na minha opinião, botam medo em qualquer time, e isso passou pelo projeto desenvolvido lá atrás.
Ou seja: não precisa esperar vir a derrocada para reconhecer que as vezes é necessário fazer correções de rumo. Era nisso que eu pensava lá em 2018.
O que apoiava minha ideia era por exemplo, que nas finais da Recopa, jogamos mais de 120 minutos com um jogador a mais e nao conseguimos ter soluções para vencer o confronto. Foi Grohe quem nos deu a taça.
Outra coisa: Marcelo Galhardo devorou Portaluppi em apenas 20 minutos e 2 alterações, sem resposta adequada do nosso treinador, com vantagem de 2 gols a favor. Acabamos perdendo um jogo ganho.
Terceiro: até mesmo a estratégia adotada na final do mundial me incomodou, pois vi o Al Jazeera quase abrir 2 a 0 no mesmo Real Madrid 3 dias antes, por ter adotado uma estratégia de contra ataque muito inteligente e bem executada. Quase deu. Já o Grêmio apenas entrou para perder de pouco, não ousou, não tentou aquele algo a mais que um sul-americano precisa dar numa final de Mundial. Mas entendo que era o Real Madrid e as chances eram mínimas mesmo.
Quarto:o Grêmio quase foi eliminado naquela mesma Libertadores de 2018 pelo Estudiantes, fomos salvos na bacia das almas, é sem jogar um futebol convincente. Foi na camisa mesmo.
De 2019 em diante vimos claramente o que houve. Fomos amplamente dominados em diversas partidas contra times de mesmo padrão, e ganhavamos apertados de times bem inferiores.
E em 2020 fomos dominados até pelo Caxias, por pura questão tática, o que me deu ainda mais certeza que Renato nao ia dar mais soluções ao time.
Esses são os motivos que me levaram a pedir a saída do Renato, embora o grande respeito por ele.
Com Tiago começando, a paciência precisa ser maior, até mesmo para ele poder implementar seus conceitos. Depois de feito, veremos até onde chegamos com ele. Espero que longe!
Muito boa argumentação, enriquece o debate.
ResponderExcluirApenas uma informação:nos tiros livres para decidir, Benitez, atual São Paulo, acertou a trave.Os goleiros do Independiente e Grêmio não pegaram nenhum.
O Grohe resvalou na bola com o joelho, e após isso deu na trave. Pelo menos foi o que eu vi...😀
ResponderExcluirTem razão, revi agora. Grohe pega e ela sobe e bate no travessão.
ResponderExcluirO Bigode sintetiza muito bem. Apenas pra contribuir, é importante analisar o desempenho do Renato não somente pela posição nas competições ao cabo delas (seria muito simplista), e sim pela forma com a qual foi eliminado. Em três oportunidades foi vexatória - goleadas contra Flamengo e Santos, e derrota de véspera para o Palmeiras. Todas com decisões equivocadas do treinador e preparação deficiente - tática, tecnica, e física.
ResponderExcluirVinnie
ResponderExcluirEu entendo e achei a argumentação "de primeira" dele, embora discorde em parte.
Para mim, os resultados do Renato foram bons, se comparado com o histórico do próprio Grêmio. Quando ele chegou três vezes consecutivas nas semifinais da LA? Poderia ser melhor, poderia, mas não havia garantia nenhuma de que a sua troca por "qualquer um" como foi colocado em comentários anteriores, desse resultados melhores.
O que eu espero é coerência na análise do trabalho de Tiago Nunes.
Bruxo, até 2019, não. Depois, sim. Ali ficou escancarado o final de ciclo (5x0). E nunca existe essa garantia, mas nem por isso se deixa de apostar no que está dando errado - ainda mais com amostras claras de teimosia e falta de visão apresentadas (Andre, PV, etc.), além de entrevistas bizarras que feriam a instituição, sendo alvo de chacota inclusive.
ExcluirCara, se a coerência a qual te referes implica exclusivamente em analisar o trabalho pelas fases em que eventualmente cair, não é coerência, é sofismo, na minha concepção.
Exemplo: O Nunes cair numas quartas-de-final de Libertadores onde o Renato caiu numa semi. Porém ao invés de ser goleado vexatóriamente domina o jogo amplamente e sai por um erro de arbitragem, tendo formado um time consistente durante a competição, com titulares indiscutíveis.
Nestas circunstâncias, eventualmente analisar o trabalho como superior ao de Renato seria incoerência?
A análise, tanto pro bem quanto pro mal, jamais pode ser feita APENAS pelos resultados (ou números e colocação final). Posso estar equivocado na minha interpretação, mas parece ser o que tu sugeres.
Por último, acho que o Tiago Nunes pega um time muito mais sucateado do que aquele que o Renato pegou em 2016. Não existe a pressão dos 15 anos, verdade, mas o desafio de remontagem é maior agora.
Minha visão vai no sentido desse segundo comentário do Vinnie. Acho que depois dos 5x0 do Flamengo o Renato devia ter saído, aliás ele só não foi demitido por questão de idiolatria e boa relação com Romildo. Qualquer outro "mortal" teria sido demitido. Daí em diante o Grêmio só andou pra trás como vimos na melancólica temporada 2020.
ExcluirAcho que o Tiago Nunes pega um time pior que o Renato pegou em 2016, com exceção da pressão dos 15 anos sem títulos é claro. Porque o time do Roger vinha mal em campo mas era ajeitadinho, se tinha um trabalho ali, e estava na ponta dos cascos fisicamente. O de agora vinha sendo um bando em campo, a mais de um ano sendo visivelmente mal treinado. Ainda tem a questão física que ainda precisa evoluir, soma-se aí um elenco degastado pela maratona de jogos dessa temporada emendada e mais que nossa preparação física do ano anterior foi uma piada de mau gosto.
Outra questão é pressão extra que cerca o Tiago Nunes por substituir um grande ídolo. E por pegar o Grêmio num momento pós eliminação vexatória na pré Libertadores.
Acho que o grande erro foi ter demorado tanto pro Renato sair, o que nos deixa querendo ver as coisas mudarem logo.
Mas teremos que ser pacientes nesse inicio de trabalho, o erro de planejamento que fizeram ao renovar com o Renato não pode respingar em uma impaciência precipitada com o Nunes. Não que devemos baixar o nível de exigência mas precisamos dar um bom tempo pro Tiago Nunes trabalhar primeiro, os resultados depois a gente avalia.
Vinnie
ResponderExcluirA amostragem do Renato não é pequena. Com alguns reparos às decisões suas, ele ficou 5 temporadas, mesmo com críticas, isso é relevante.
Bruxo, a crítica era justamente pelas decisões que julgamos equivocadas, e que ocasionaram queda na qualidade do futebol apresentado. Talvez mesmo fazendo o melhor possível, os resultados fossem parecidos, mas desde o meio de 2018 não há sinais consistentes de evolução ou melhora do time.
ResponderExcluirChegamos a ter um meio formado com Cicero, Maicon e Alisson!
Ferreira quase foi despachado, Pepê foi retardado, a cereja do bolo foi JP quase virar banco do Tiago Neves.
Renato parecia estar pedindo demissão desde o final de 2018, só Romildo não entendia os recados.