Páginas

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Opinião


 


Sinking

 

Ontem à noite, escutei um dos meus álbuns preferidos, um The Cure dos anos 80, que contém a música Sinking. Seus primeiros versos são: “ Eu estou desacelerando devagar, enquanto os anos passam, eu estou afundando”.

Aí, eu trouxe para o futebol; fiquei pensando: qual foi a sequência de bons jogos que vi? Não lembro. 

Teve o Flamengo de Jorge Jesus, mas eu não o assisti com frequência; partidas europeias? Sinceramente, não consigo ver. Às vezes que tentei, um era oponente muito forte, o outro não servia sequer para sparring. Davi versus Golias. Nestes casos, Davi sem a funda, o bodoque.

Trazendo para os jogos mais recentes, Grêmio, Inter, Corinthians, Atlético Mineiro, São Paulo, o mais arrumadinho foi o América Mineiro, taticamente, porém, sem craques …

Será que sou eu, será que estou “desacelerando”, “afundando”? Um dinossauro que vive recordando o período romântico do futebol? Romântico tem várias conotações, talvez seja isso. Numa delas, eu me enquadro.

Essa overdose de jogos, onde até 16:30 h de uma tarde de meio de semana é definido como horário de jogo ou a Seleção Brasileira que fenece a cada evento, joga quase que anonimamente confrontos pelas eliminatórias de uma Copa do Mundo. Será que sou eu que perdi o interesse pelo futebol? Ah! Tem a justificativa da Pandemia, entretanto, essa sensação de ruindade vem de um bom tempinho.

Para agravar, um jogo de Recopa regional que até tem o apelo sentimental dos gaúchos para incentivar “as coisas nossas”, mas de prático, de riqueza como espetáculo, nada tem. 

Anotem o horário: Domingo, 10:30 h.

E a Copa América que até os boleiros que jogam na Europa não querem; não estou tratando apenas de atletas brasileiros. É o fim da picada.

Enfim, o futebol está afundando. Ou sou eu, o último romântico?

 

18 comentários:

  1. Está afundando o espetáculo, sem dúvidas.

    Cada vez mais tático e menos "clássico". Está desequilibrado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Essa do goleiro tocar mais na bola que muito lateral ou meio campista é de uma imbecilidade...

      Excluir
    2. Muitos estudiosos e poucos gênios.

      Excluir
    3. Genial,mas que ficou pouco interessante.

      Excluir
  2. Cara, se eu não leio aqui eu não descubro a informação. haha. Eu nem me lembrava disso daí. Que barbaridade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É, Rodrigo, vai perder o culto ou a missa. Hehehehehe.

      Excluir
  3. Boa referencia musical, Bruxo! Desse álbum do The Cure minha favorita é a mais famosinha "Inbetween Days".
    Eu que comecei a acompanhar futebol de verdade a partir de 2002 já vejo as coisas com saudosismo e parece que a cada ano o futebol vai perdendo mais e mais a sua magia. Cada vez mais dinheiro e marketing, cada vez mais artificial. Aqui no Brasil é sempre uma desorganização e uma desunião entre os clube que não conseguem, e parecem não querer, peitar a CBF e os deus desmandos. Aí olhamos "pra cima" e enxergamos a sujeira da Conmebol e da FIFA. Na Europa o dinheiro em excesso, os craques e o glamour mascaram que tem muita coisa errada lá também, a tentativa da tal Superliga mostra isso. E é uma prova também que talvez o futebol como conhecemos esteja vivendo seus últimos anos.
    Pois talvez vejamos as seleções se recusando a jogar essa indigesta Copa América, que só a Conmebol e a CBF parecem se importar($$$).
    Pelo menos estamos experienciando um belo momento do Grêmio, apesar de criticar bastante também, vivemos um período de bonança com títulos expressivos recentes, o time se mantendo competitivo, uma boa administração e as finanças indo bem.
    Essa Recopa é um amistoso aleatório "de luxo". Nem lembrava da existência porque sempre ocorria durante as rodadas do Gauchão. Vou aproveitar e destacar que até a trupe da RBS tá criticando a escolha do Lucas Silva como titular nos últimos jogos. Acho que até o Lucas Silva sabe que ele afunda o time. Que Tiago Nunes, mesmo via videochamada, e sua turma corrijam isso nessa semana.

    ResponderExcluir
  4. É a minha preferida, também. Clássico.

    ResponderExcluir
  5. Não é só vc Bruxo, eu tenho na memória as escalações das seleções de 82 até 2006 mas hoje não tenho a menor idéia de quem são os titulares do Tite.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hahaha. Quem é que quer saber né? Haha até o momento eu nem sei quanto foi o jogo de ontem. Até de curioso, vou ver. Haha

      Excluir
    2. Palavra de honra, Rodrigo. São 11:44 h, li que ganhou de 2 a 0, mas nem sei quem marcou os gols.

      Excluir
    3. Pois eu soube aquela hora ali. Achava que era o Paraguai. Os gols, vi agora no esporte. Pior que isso, esse chororô devido a Copa América.

      Excluir
  6. Mais essa ainda: https://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/funcionaria-da-cbf-apresenta-denuncia-de-assedio-sexual-contra-rogerio-caboclo.ghtml
    https://trivela.com.br/brasil/rogerio-caboclo-e-denunciado-por-assedio-moral-e-sexual-em-acusacao-feita-por-funcionaria-da-cbf/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Agora vão querer abrir a Caixa de Pandora. A Globo está com ódio.

      Excluir
  7. Bruxo, acho importante não tomarmos como base essa fase atual do esporte, que logo vai passar. Nenhuma equipe mundial está jogando na sua plenitude, e é compreensível.

    Fora isso, o excesso de competições dilui a qualidade dos jogos, evidente, mas também isso acontece porque existe um público consumidor. Quem gosta de futebol sempre vai assistir ao seu time e volta e meia ficar ligado nos grandes eventos. Não acredito que haja um desinteresse. Pelo contrário, se consome futebol, e todos os seus subprodutos, muito mais atualmente. Basta ver a infinidade de canais, podcasts, games, que proliferam por aí.

    A ascensão da ciência de dados também mudou o futebol. A gente vê muitos líderes (dirigentes, treinadores) com o perfil psicológico de técnico. Aquele cara que é fascinado por estatística, processos, regras. Que vê o mundo de forma totalmente racional, linear.

    Nas empresas são os famosos gerentes de linha, engenheiros, aqueles caras que são ótimos pra organizar mas que são acadêmicos, e demasiados chatos muitas vezes, pra conectar num nível emocional e político. Até por isso eles não encantam e não chegam no lugar mais alto das suas carreiras, embora sejam muito capazes e íntegros. A empatia e conexão pessoal é sempre emocional, nunca racional (a tua idolatria pelo The Cure, por exemplo, deve ter causas que nem tu mesmo talvez saiba explicar, mas ela existe).

    O Grêmio atualmente tem um treinador com este perfil - que é justamente o contrário do encantador romântico, improvisador, anti-ciência do Portaluppi.

    Não existe um perfil melhor do que o outro. Todos são importantes de acordo com o contexto. Mas técnicos e estudiosos demais também atrapalham. Eles tem uma dificuldade tremenda em aceitar a ambiguidade e a incerteza. E muitas coisas da vida, principalmente na área criativa, não vem do racional, vem do emocional, do impoderável. O cara que tenta analisar todos os problemas da vida e encontrar todas as explicações no racional vai de encontro a natureza humana.

    Veja o Guardiola, que tem explicação tática pra tudo que acontece dentro de um jogo. Perdeu uma Champions pra um time infinitamente inferior ao dele. Não porque seja mau treinador, mas porque o futebol é uma mistura de esporte com arte. O que acontece dentro de campo vai sendo inventado a cada jogo. Não existe "dados" sobre o que ainda não aconteceu. E esses caras não aceitam esse imponderável. A forma como eles veem o mundo é restrita ao pensamento linear. Pelo retrovisor, tudo tem explicação. Já com o presente, e principalmente com o futuro, isso dificilmente acontece.

    Acho que o futebol atual tem ficado mais chato pela ascenção dessa linha de pensamento. O que é resultado da tecnologia que permite registrar, coletar, e analisar tudo quanto é tipo de dados - que muitos consideram a moeda do século 21.

    Embora não seja o única, a era do Big Data talvez seja a maior responsável pela chatice, não só no futebol, como no cinema, na música, na literatura, onde tudo precisa ser catalogado, padronizado, e replicado em grande escala. No fim, fica tudo muito igual, formulaico, sem alma.

    ResponderExcluir
  8. Vinnie
    Excelente comentário;apenas para registro, The Cure, minha admiração não vai além de dois ou três discos, um deles, sim, muito acima, The Head on the Door.
    Acho que a qualidade caiu principalmente pelo exagero, pela quantidade no lugar de qualidade. Antes, dois jogos por semana, agora, uma loucura. Se se tem como uma das premissas para a excelência, a repetição, o treinamento, o acompanhamento diário dentro das 4 linhas, quando isso é substituído por mais tempo em hotéis, deslocamentos, aeroportos, fusos horários, mesmo dentro do país, reforma quase anuais de contratos, desgastes com empresários e patrocinadores; a lógica é de queda qualitativa.
    Essa "estatisticação e matematização" do futebol, igualmente servem para torná-lo menos atraente.

    ResponderExcluir