Pequenas Histórias (253) - Ano - 1971
Celeiros
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Fonte: Correio do Povo |
Houve um tempo em que a Dupla Grenal abastecia os elencos basicamente de duas fontes, as quais eram chamadas de, imaginem! Celeiros: Santa Catarina e o interior gaúcho, sem considerar a base, cujo último estágio eram os juvenis.
Isso ficou no passado distante de muitas décadas. Grêmio e Inter hoje tem seus elencos profissionais e de base "nutridos" massivamente por atletas não nascidos no Rio Grande, nem com passagem por clubes gaúchos.
Antes, qualquer partida que envolvesse um dos dois gigantes do estado contra clubes do interior, sempre havia a possibilidade de "achar" alguma joia ou um bom jogador que pudessem vir a integrar seus quadros.
Tomando como referência o Grêmio que é o interesse aqui: quatro de seus maiores ídolos nasceram e começaram no interior: Lara e Gessy (Uruguaiana), Alcindo (Sapucaia do Sul) e Renato (Guaporé). Todos tiveram passagem por clubes do rincão gaúcho: Lara e Gessy, o Uruguaiana, Alcindo andou emprestado ao SC Rio Grande e Renato veio do Esportivo, onde atuou nos profissionais, vindo para o grupo de juniores do Imortal na virada dos 80.
Como exemplo, em 28 de Janeiro de 1971, o Tricolor enfrentou o F.C. Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul no Olímpico, quando Oto Glória utilizou: Arlindo; Espinosa, Ary Ercílio (Floriano, atual Novo Hamburgo), Beto Bacamarte e Everaldo (Juventude), Jadir (Riograndense de R.Grande) e Gaspar (Flamengo, atual Caxias); Flecha (Avenida de Santa Cruz do Sul), Caio (Flamengo. atual Caxias), Bebeto (Gaúcho de Passo Fundo) e Loivo (Floriano, atual N.Hamburgo).
Notem a quantidade de atletas que emprestados ou comprados do clubes do interior, integraram o Tricolor, apenas nesta partida.
O Santa Cruz teve: Sérgio Raul; Camilo, Tião, Moacir e Pítia; Gildo, mais tarde, Taquari e Paulo César; Cuca, Dilvar, Ito e Jair, depois Chico.
Desta escalação, Tião veio para ser reserva de Figueroa, Cuca foi ponteiro do Inter e Paulo César ganhou um complemento ao nome: Tatu; brilhando no Guarani de Campinas e no melhor Caxias de todos os tempos.
No meio de campo, o Grêmio tinha dois jogadores de grande técnica que receberam o apelido dado pelo comentarista Lauro Quadros de "Os Amigos da Bola", desde quando atuavam junto com Osmar no Flamengo de Caxias do Sul, formando um trio de excelência técnica. Eram Caio (Cabeça) e Gaspar.
Nesse final de Janeiro de 71, Caio marcou três vezes, 26 minutos da etapa inicial e aos 24 e 28 do segundo tempo. 3 a 0, placar final.
Além de Caio, o maior nome, destaque também para Everaldo que fez ótima participação no aspecto ofensivo, criando chances para os avantes gremistas.
No presente, um jogo entre Grêmio versus F.C. Santa Cruz, mesmo que seja para decidir um título, a Recopa Gaúcha, a chance do Tricolor encontrar um atleta promissor no adversário é próxima de zero.
É outro contexto.
Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro