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terça-feira, 17 de junho de 2014

Na Copa



JOGO COM UM HERÓI MEXICANO – 17.06.2014

No Castelão, em Fortaleza, o Brasil repetiu o que fez contra a Croácia. O que não funcionou bem no time de Luiz Felipe foi um dos volantes. Paulinho, apagado, sobrecarregou Luiz Gustavo. E o técnico não soube modificar o panorama da partida no intervalo. Ramires, dando lugar a Bernard, deixou espaços para o México jogar.

O técnico brasileiro não tinha outra opção. Ramires estava com um amarelo e Luiz Felipe não é de correr riscos. Bernard entrou bem, melhorou os avanços do time e criou mais oportunidades no 2º tempo. Oscar, que jogava pela ala direita no 1º tempo, veio para o meio para compor a marcação, junto com Paulinho e com Luiz Gustavo. Mesmo assim o México encontrou os espaços.

O resultado de 0 a 0 soou de forma estranha à torcida brasileira. Como a Copa é no Brasil, é quase inconcebível um empate contra uma seleção estrangeira. Mas o México não tem uma seleção qualquer. Tem organização tática e força para jogar futebol. É muito bom time e enfrentou o Brasil sem temer ser atacado. 

Tanto que, no início do jogo, o Brasil só foi passar do meio de campo depois dos 5 minutos de bola rolando. O México começou o jogo sofrendo duas faltas no meio-campo nos primeiros 25 segundos e exercendo uma pressão constante sobre o Brasil, principalmente com Giovani dos Santos e Peralta.

O goleiro Guillermo Ochoa, que jogava no Ajaccio, da França, foi o grande nome da partida. Autor de defesas espetaculares em duas participações de Neymar e em conclusões de Paulinho e de Thiago Silva, Ochoa garantiu o empate para o México. Mas não foi diferente com Júlio César, que foi bombardeado em pelo menos quatro oportunidades perigosas. Numa delas, interveio com uma defesa espetacular.

A inclusão de Ramires no lugar de Hulk não trouxe ganhos táticos e técnicos para o time. Ramires não sabia se defendia ou se atacava. Luiz Felipe começou com um esquema montado no 4-2-3-1, mal adaptado no campo de jogo, principalmente porque o México se defendia com 5 jogadores. A falta de produção ofensiva da Seleção, é claro, não foi apenas culpa do esquema de Scolari. O rendimento de Fred e Paulinho ficaram muito aquém do esperado.

O que ficou claro no jogo dos brasileiros foi a total falta de aptidão para o arremate final, principalmente com o centroavante Fred. O atacante padece de falta de oportunidades de gol. Na segunda partida em que apresentou baixo rendimento, Fred começou a ser contestado pela torcida. Até quando Felipão vai insistir com o atacante, não é possível saber. Jô, que entrou no lugar de Fred, deu a impressão que teve melhor desempenho. Mesmo assim não foi o suficiente.

Oscar, hoje, esteve muito abaixo do esperado, fruto do seu posicionamento errado em campo. Não é jogador para jogar pela ala direita. Rende mais quando está no meio. Como o México tem um time rápido, Oscar teve que conter-se no segundo tempo, para proteger os espaços deixados Paulinho. Neymar foi outro que não rendeu o que é capaz. Mesmo assim criou algumas jogadas perigosas, uma delas numa cabeçada que obrigou Ochoa a uma defesa espetacular. É a estrela mais luminosa do time, sem dúvidas, mas sozinho não resolve muita coisa.

Resumindo, a Seleção repetiu-se como time. Fez o mesmo jogo apresentado na partida anterior. A diferença é que enfrentou um adversário mais qualificado. O empate ficou de bom tamanho para ambos. Agora resta Camarões, na última partida da primeira fase. Se o Brasil apresentar as mesmas dificuldades, é hora de começar a repensar o time.

BRASIL 0 x 0 MÉXICO
Data/Horário: 17/6/2014, às 16h
Local: Castelão, em Fortaleza (CE)
Árbitro: Cuneyt Cakir (TUR) - Assistentes: Bahattin Duran (TUR) e Tarik Ongun (TUR)
Cartões amarelos: Ramires, Thiago Silva (BRA); Aguilar, Vázquez (MEX)
BRASIL: Julio Cesar, Daniel Alves, Thiago Alves, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho, Ramires (Bernard - Intervalo) e Oscar (Willian - 38'/2ºT); Neymar e Fred (Jô - 22'/2ºT). Técnico: Luiz Felipe Scolari
MÉXICO: Ochoa, Rodríguez, Rafa Márquez e Moreno; Aguilar, Vázquez, Herrera (Fabián - 31'/2ºT), Guardado e Layun; Giovani dos Santos (Jiménez - 38'/2ºT) e Peralta (Chicharito Hernández/28'2ºT). Técnico: Miguel Herrera

por Alvirubro

7 comentários:

  1. Alvirubro, algumas considerações sobre a bela crônica:
    a) Acho que houve evolução em relação ao jogo da Croácia. O pênalti mal marcado e o gol no último minuto, mascarou o jogo mediano que o escrete amarelo apresentou
    b) Não gostei do Bernard, suas jogadas não tiveram consequências, seja na direita onde começou, nem na esquerda seu "habitat" no Galo
    c) Paulinho e Luis Gustavo mostraram-se insuficientes, hoje. Bola modestíssima
    d) O México mostrou organização tática, jogou o "jogo da vida" na Copa. Mereceu
    e) Ochoa foi notável. Grande jornada. Ele e Thomas Müller, as grandes individualidades desta Copa, Robben, também
    f) Ramires foi mal, contribuição pífia
    g) Há jogadores que tem uma fama excessiva para o futebol que apresentam; exemplos: Hulk, Marcelo e especialmente, Daniel Alves
    Uma perguntinha:
    Será que Cristiano Ronaldo, Jô e Fred são "uvas" e pernas-de-pau, pela lógica e coerência dos "entendidos", estes apresentaram os mesmos "defeitos" que Barcos pretensamente apresenta no Tricolor?

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  2. Bruxo, algumas respostas a respeito das tuas cinsiderações:
    a) O Brasil realmente evoluiu. Mas não tanto a ponto de bater uma equipe melhor organizada.
    b) Sobre Bernard, como Felipão queria fechar o meio, aberto com a saída de Ramíres, puxou Oscar e sobrou a direita para o Bernard. Não foi um primor, mas deu para o gasto. Queria vê-lo 90 minutos de jogo. Apesar de concordar contigo que ele não foi tão contundente.
    c) Paulinho e Luis Gustavo, salvou-se o segundo, por um "corpo de cavalo". Paulinho está mal demais.
    d) Talvez tenha jogado o "jogo da vida" porque o adversário era o Brasil, mas se lembrares a partidas anterior dos mexicanos, foram assim também.
    e) Ochoa é um baita goleiro.
    f) Ramires: eu não teria começado com ele.
    g) Sobre a fama excessiva de certos jogadores, Tostão já escreveu sobre isso.

    Os três atletas que citaste não são pernas de pau. Faltam-lhes assessores melhores qualificados.

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    1. A grande conclusão que eu chego é que esta geração é fraca, o que não quer dizer que não poderá ser campeã.
      Em 94, o meio era Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho. Em 82, Cerezzo, Falcão, Zico e Sócrates, gozação, né?

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    2. Qualidade? Concordo, porem, o mais eficiente saiu vitorioso e o mais habil nao.

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  3. Brasil e México já duelaram em campo 39 vezes. Os brasileiros levaram a melhor nos encontros anteriores, com 22 vitórias contra dez do México, além de sete empates. Antes do jogo de hoje, a última vez em que as duas equipes se cruzaram foi em 19 de junho de 2013, durante a Copa das Confederações da FIFA, quando o Brasil venceu por 2 a 0 em Fortaleza, com gols de Neymar e Jô.

    As duas seleções já se encontraram quatro vezes na Copa do Mundo, e em três ocasiões os brasileiros ganharam sem sofrer gols, triunfando por 4 a 0 em 1950, 5 a 0 em 1954 e 2 a 0 em 1962. Hoje o primeiro empate: 0 a 0. O Brasil continua sem sofrer gol do México em Copas do Mundo. O confronto anterior no Brasil, em 1950, foi também o primeiro duelo das duas equipes.

    O México só bateu um adversário sul-americano uma única vez na Copa do Mundo, ao derrotar o Equador por 2 a 1 na fase de grupos da edição de 2002. Em outros encontros contra equipes da Conmebol, os mexicanos obtiveram dois empates e nada menos que oito derrotas.

    Luiz Felipe Scolari já havia enfrentado o México na Copa do Mundo, mas como treinador de Portugal, oportunidade em que venceu por 2 a 1 na primeira fase da edição de 2006. Os gols foram marcados por Maniche e Simão (de pênalti) para Portugal e José Fonseca para o México. Como técnico do Brasil, Felipão também frustrou os planos dos mexicanos na Copa das Confederações da FIFA 2013, levando o Brasil a uma vitória por 2 a 0.

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    1. Um dos maiores resultados do México em Copas, se eles souberem administrar a euforia, passam para as oitavas.

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    2. Vou torcer para que o México siga avante. É um bom time e pode surpreender. Não ganhará a Copa, mas pode fazer uma bela campanha.

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