Pequenas Histórias (292) - Ano - 1972
Encarando o Primeiro Campeão Brasileiro
1972
marcou a segunda edição do Brasileirão, como passou a ser chamado o certame
nacional. Iniciou em Setembro e a tabela se mostrou pesada para o Tricolor.
Pegou em sequência: São Paulo, Atlético Mineiro, Botafogo e o Grenal. Para a
surpresa de muitos, arrancou com três vitórias consecutivas, mas perdeu o clássico
no Beira-Rio, o que deu uma esfriada no ânimo da torcida.
Na
segunda rodada, em pleno Olímpico, o Grêmio encarou o campeão, o Galo de Telê Santana e
agora do melhor goleiro da Copa do Mundo de 1970, o uruguaio Mazurkiewicz. Uma
parada torta. Não apenas esses dois; havia Vantuir, Oldair, Humberto Ramos,
Dario, Romeu, etc…
resumindo: um cano de time. No entanto, o que quase ninguém imaginava é que o nome mais discreto
daquela escalação, um garoto de apenas 17 anos (21/04/55), se tornaria um dos
maiores craques do futebol mundial, um malabarista da bola, que naquela nominata
dos 11, atendia pelo apelido comum de Toninho. No ano seguinte, emprestado ao
Nacional de Manaus na leva que o clube manauara buscou no Galo mineiro, teve
seu nome acrescido de Cerezzo, que a Revista Placar em várias edições grafou como “Serejo", o menino bom de bola, alto
e magro.
Foi a sua estreia fora do campeonato de Minas
Gerais.
O
Grêmio também tinha novidades, uma delas
estreou na primeira rodada contra o São Paulo, vitória de 2 a 0 no Olímpico,
Carlinhos, ponta direita que veio do Guarani da cidade de Campinas, berço de
muitos craques naquelas décadas 60, 70.
Gostava
do futebol dele. Hoje, sequer é
lembrado pelos torcedores mais velhos. Seu período de atuação ficou “prensado” entre o de Flecha, antes e
Zequinha, depois, ambos com passagem pela Seleção Brasileira.
Hoje,
observando os números que
o amigo Alvirubro me passou, compreendi o porquê de minha admiração, Carlinhos
em 92 jogos, fez modestos 15 gols, porém,
aí, nesse porém, está a magia, a maioria deles foi decisiva. Marcou em apenas 2
oportunidades, dois gols numa partida, portanto, 15 em 13 jogos, em oito deles,
o que assinalou, foi decisivo para a vitória e nesses 13 confrontos em que
balançou as redes, apenas em um, o Tricolor foi derrotado, ganhou onze e
empatou uma única vez. Resumindo:
Seus gols valeram triunfo de 1 a 0, quase sempre. Gols decisivos. A memória de
adolescente captou esse detalhe para sempre, mesmo sem saber até então, o fato
motivador.
E
naquela noite de Quarta-feira, dia 13 de Setembro, não foi diferente, Negreiros,
um autêntico camisa 10, tabelou com El Mono Obberti, lançou Carlinhos que num
movimento que seria sua marca registrada, recebeu pela direita, cortou para o
meio e fuzilou o arqueiro, utilizando a canhota. 1 a 0. Decorriam 28 minutos da
primeira etapa.
No
segundo tempo, Daltro Menezes reforçou o meio de campo, retirando o ponta
esquerda Loivo, fazendo entrar Carlos Alberto, um volante magro com bom controle de bola.
Toninho
(Cerezzo) deu seu lugar a um ponta ofensivo, Serginho, e no lugar de Carlinhos,
o treinador gremista fez entrar outro menino que faria história no futebol brasileiro, um
ponta direita, que em 1977, Telê transformaria em meia esquerda: Yúra.
A
partida ficou no escore mínimo,
o Tricolor assumiu a ponta da tabela e num jogo “escondido”
da história dos
dois clubes, onde uma lenda do futebol mundial deu seus primeiros passos rumo
ao estrelato.
Fontes:
Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
Arquivo Histórico de Santa Maria
Jornal Correio do Povo
Revista Placar