Páginas

domingo, 21 de dezembro de 2014

Pequenas Histórias



Pequenas Histórias (74) - Ano - 1981



O embrião da maioridade (a última peça do quebra-cabeças)


Tem certos jogos que são emblemáticos, mas que só são identificados como tal, após um bom tempo. A história trata de colocá-los no panteão dos grandes feitos. Faz justiça. A seguir, conto um destes jogos essenciais.

Em 1981, o Tricolor chamou Ênio Andrade, que perdera o Gauchão poucos dias antes, quando treinava o Coirmão. Uma situação esdrúxula, o presidente demite o campeão e contrata o perdedor. Hélio Dourado era um visionário. 

Também trouxe o caudilho Hugo De Léon, recém campeão do Mundialito em Dezembro de 1980 pelo Uruguai. O gringo chegou afirmando: - O Grêmio irá ser campeão nacional.

O campeonato brasileiro começou e o Imortal não engrenava, patinava demais, a ponto de ser goleado no Morumbi, 3 a 0, 3 gols de Serginho (que ainda não era Chulapa). O riso tomou conta dos colorados, um deles, o amigo e colega de faculdade, Ronaldo, dizia: Por que o cara chega enganando os gremistas?- Eu aguentava "fulo da vida".

Após essa derrota, Ênio começou a mexer na equipe, rejuvenescendo e qualificando-a, ingressam Newmar, Casemiro e Odair, três garotos. Porém, nós seguíamos desconfiados da promessa de De Léon, o time oscilava demais.

No 21 de Março (o Brasileiro era disputado no primeiro semestre), o Grêmio recebia o temível São Paulo, um dos dois bichos papões, o outro era o Flamengo, atual campeão do certame, que naquele ano ganharia a LA e o Mundial em Tóquio e mesmo em casa, o nosso Tricolor não era o favorito, mesmo que o homônimo paulista se apresentasse com desfalques.

Mestre Ênio escala pela primeira vez, um menino de 19 anos na lateral direita, mal sabíamos que Paulo Roberto estava fechando o quebra-cabeças, o quadro definitivo, o poster eterno dos  que deram o "plus" que determinou a maioridade do clube, quando passou a ganhar títulos nacionais e (com o perdão da palavra) internacionais.

Naquele domingo, terceira semana de Março, Ênio mandou a campo essa formação (a da foto) pela primeira vez. Estavam ocupadas as 11 posições do esquadrão.

Verdade que a vitória ajudou. Baltazar fez o único tento aos 25 minutos do segundo e Paulo Roberto (terceiro em pé na fotografia) foi eleito o melhor em campo.

O Imortal utilizou estes 11 do início ao fim naquela tarde no Olímpico.

A conquista do Brasileiro começou a ser gestada ali. De Léon tinha razão.


2 comentários:

  1. O que mostra, mais uma vez, que às vezes 1 ou 2 peças transformam um time mediano em um time campeão.

    E que o treinador, por mais qualificado que seja, precisa de um determinado tempo para conhecer o grupo e dar resultado.

    ResponderExcluir
  2. Em 81, o time foi sendo armado durante o campeonato; seis meses antes, Nelinho,Vicente, Vantuir, Dirceu e Renato Sá estavam no time titular; arredondando, mudança de 50%.

    ResponderExcluir