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sábado, 22 de agosto de 2015

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (94) - Ano - 1981


Penteando a Macaca

Fonte: imortaisdofutebol.com


As decisões de ida e volta, os famosos mata-matas, privilegiam, logicamente, o segundo jogo, porque, dali sai a decisão; no entanto, este último jogo não é garantia de ser o melhor, nem o mais emocionante.

Exemplos disso ocorreram no funil do Brasileiro de 1981; tanto uma das semi-finais, Grêmio x  Ponte Preta, quando a final, Grêmio x São Paulo. 

As partidas de ida foram as melhores, no entanto, ficaram para a memória do mundo esportivo, o 1 a 0, gol de Baltazar e o terrível 0 x 1 para a Macaca no Olímpico Monumental, a catarse experimentada pela Nação Azul, após o apito final. Um alívio semelhante ao que ocorreu na Batalha dos Aflitos em 2005.

Em 23 de Abril daquele ano, os gremistas ainda não tinham a convicção da possibilidade de serem campeões. Neste dia, o Tricolor foi ao Moisés Lucarelli encarar a Ponte Preta, um clube que sempre investiu e revelou grandes atletas da base; o Grêmio já tinha um time definido, que fora moldado durante o campeonato, portanto, também chegava forte, apesar da falta de Odair. Eram 4 grandes times: ele, a Ponte, o São Paulo mais o Botafogo.

A expectativa tomava conta de todos nós, gremistas, lembro que estava no penúltimo semestre do curso e alguns colegas festejavam a ausência do centro-avante Jorge Campos, eu, como conhecia e admirava o futebol de Lola, desde o tempo em que, cadete do exército, fazia parte do ataque do Atlético Mineiro (Vaguinho, Amauri, Lola e Tião), alertava que o reserva era melhor do que o titular. Não era motivo para comemorar.

Desta forma, a Macaca mandou a campo Carlos; Edson, Juninho, Nenê e Odirlei; Zé Mário, Osvaldo e Dicá; Serginho, Lola e Abel. Ainda utilizou Humberto e Celso.

O Imortal com Leão; Paulo Roberto, Newmar, De León e Casemiro; China, Paulo Isidoro e Vílson Tadei; Tarciso, Baltazar e Jurandir. Contou também, com  Vantuir e Renato Sá.

Logo aos 3 minutos, Dicá cobrou falta de forma rápida, surpreendeu a zaga e Lola cabeceou. 1 a 0. Um problemaço para quem jogava fora.

Mas o Grêmio tinha Vilson Tadei (na foto, o segundo atleta agachado). O camisa 10 realizaria naquela noite, sua maior partida com a camisa Tricolor. Comandou a equipe como muita qualidade e personalidade.

Mesmo sendo dominado pelos locatários, o Imortal ainda empataria na primeira fase; Baltazar arrancou pela esquerda, serviu Paulo Isidoro, que bateu e venceu o arqueiro da Seleção, Carlos. Decorriam 35 minutos. 1 a 1. 

Antes do encerramento, houve tempo para o árbitro Wilson Carlos dos Santos expulsar o lateral direito Paulo Roberto e o ponta esquerda Abel. Ambas as equipes iriam até o final com 10 atletas.

O lance determinante para desequilibrar o confronto ocorreu aos 16 segundos; grande vacilo defensivo campineiro, Tarciso lançou Paulo Isidoro que cruzou na cabeça de Vilson Tadei. Gol com menos de 1 minuto. 2 a 1.

A inspiração do treinador Ênio Andrade apareceu, quando trocou os posicionamentos de Tarciso e Paulo Isidoro, confundindo a zaga ponte-pretana. Numa das estocadas, o Flecha Negra, pelo meio, driblou Juninho e bateu da entrada da área no canto esquerdo de Carlos. 3 a 1.

Dois minutos após, isto é, aos 22, Lola diminuiu. 3 a 2.

E ficou nisso, apesar de duas grandes estocadas de Tarciso, numa delas, a bola achou a trave paulista.

Uma vitória sensacional, que permitiu, inclusive, a passagem para a final, mesmo perdendo em casa, três dias depois.

Foi o último triunfo do Grêmio contra a Ponte Preta na cidade de Campinas. São 34 anos de espera.

Utilizei nesta crônica, dados recolhidos no Correio do Povo de 24 de Abril de 1981. 






5 comentários:

  1. Por incrível que pareça, Bruxo, a Ponte Preta é uma verdadeira "touca", pois normalmente os confrontos do Grêmio contra equipes medianas é repleto de vitórias. Contra a "Macaca" é diferente. Enfrentamentos muito parelhos.
    São 30 jogos na história, com 11 vitórias do Grêmio, 11 empates, e 8 vitórias da Ponte Preta.

    A primeira vez foi assim:
    Grêmio 1x1 AA Ponte Preta
    Torneio Roberto Gomes Pedrosa
    Data: 25.10.1970 (Domingo - 15h30)
    Local: Estádio Palestra Itália, São Paulo-SP
    Árbitro: José de Assis Aragão
    Renda: Cr$ 18.865,00 - Público: 3.499
    Gols: Roberto Pinto [pênalti] 12', Flecha 29' do 1º tempo
    GFBPA: Arlindo, Espinosa, Ary Hercílio (Di), Beto Bacamarte, Everaldo, Jadir, Gaspar, Flecha (Bebeto), Caio, Paraguaio, Volmir. Técnico: Carlos Benevenuto Froner
    AAPP: Wilson, Nélson, Samuel, Henrique (Bazaninho), Santos, Teodoro, Roberto Pinto, Ditinho, Manfrini, Nélson Oliveira (Paulinho), Adílson. Técnico: Cilinho
    Observação:
    1) Aos 31' min do 2º tempo, Espinosa bateu penalidade máxima e o goleiro Wilson defendeu.

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    1. Esse time da Ponte (do primeiro jogo) era uma máquina: Nélson é o atual Nelsinho Batista, Samuel jogou na Seleção, quando do São Paulo, Teodoro, também foi para o São Paulo, jogava muito, Alan, que nesse jogo foi substituído por Ditinho foi para o Vasco, Dicá e Manfrini (tb ausentes nesse confronto) dispensam apresentações e o melhor deles, Roberto Pinto, não por acaso, sobrinho de Jair da Rosa Pinto.

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  2. Bruxo, havia ainda Dagoberto, o quarto zagueiro, que era titular, Waldir Péres, o goleiro reserva do Wilson, e Aílton Lira, meia, em início de carreira.

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    1. O Ailton Lira, acho que foi o sucessor do Pelé com a 10.

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    2. Também Chicão, o centro-médio e Mosca, o meia que sucedeu Dicá, além de Tuta, o ponta esquerda.

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