Pequenas Histórias (129) - Ano - 1968
A Profissão dos Sonhos
Fonte: zh.clicrbs.com.br |
A maioria da gurizada que gosta de futebol, sonha em ser jogador profissional; a maioria da maioria da gurizada, sonha em ser o goleador da equipe; mais ainda, imagina marcar muitos gols em clássicos, em jogos diferenciados. Poucos são os privilegiados que materializam este sonho; Alcindo Martha de Freitas foi um deles.
Acho que me tornei gremista em 1910, quando meu pai nasceu, não tenho certeza, mas gosto desta versão.
Se desta afirmação não tenho certeza, de outras tenho a comprovação, ou seja, na minha primeira vez no estádio, assisti o Imortal ganhar do Riograndense nos Eucaliptos, vide Pequenas Histórias 30, porém, não vi o maior ídolo, Alcindo, que estava no selecionado brasileiro se preparando para a Copa do Mundo da Inglaterra em 1966.
Minha idolatria pelo Grêmio vinha também pelo desempenho desse quarteto: o goleiro Alberto, verdadeiro "culpado" por eu achar os atuais goleiros do Tricolor insuficientes para a grandeza do clube, o capitão Áureo, que era o De Leon da época, sem barbas, Everaldo, um lateral que tinha tanta técnica que dava chapeuzinho (balãozinho, lençol) nos ponteiros, invertendo a lógica do enredo futebolístico, isto é, lateral servia para ser driblado, e Alcindo. Bom! O Bugre era o materializador da Felicidade. A gente pensava em ganhar um Grenal e ele realizava o sonho para a gente. Na foto, ele está fazendo um dos seus dois gols (2 a 0) em 1964.
De todos os clássicos que ele participou, quatro ficarão na minha retina para sempre: o do 3 a 0 em seu retorno ao Grêmio em 1977, quando deixou o dele nas redes de Manga, o do título do mesmo ano, quando substitui André, lesionado após o gol antológico; o de 1968, quando meteu 3 gols (um deles, mal anulado) na goleada de 4 a 0 e o da inauguração do Beira-Rio em 1969, o da pauleira, quando ele e Gainete, entre tantos atletas, protagonizaram um briga espetacular.
Por mais selvagem que possa ser, foi um prova de amor aos seus clubes, Cenas de pugilismo, que aos olhos dos torcedores, mais pareceram um balé pré-histórico.
Destaco aqui, o de 02 de Junho de 1968, naquele dia, o Imortal encaminhou o hepta campeonato gaúcho; conquistando 12 campeonatos em 13 disputados, perdeu apenas o de 1961.
Sérgio Moacir mandou a campo: Alberto; Altemir, Paulo Souza, Áureo e Everaldo; Cléo e Jadir; Babá, Joãozinho, Alcindo e Wolmir.
O Internacional era treinado pela lenda gremista Foguinho, que utilizou: Schneider; Laurício, Scala (Nitota), Luis Carlos e Sadi; Elton e Dorinho; Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro e Othon (Carlitos).
Foi um Grenal de um time só; foram 4 gols mais um mal anulado e dois pênaltis não marcados a favor do Tricolor.
Por incrível que possa parecer, mesmo com superioridade incontestável do Grêmio, o primeiro tempo ficou em 0 a 0.
Na etapa final, aos 10 minutos, Scala fez falta em Wolmir, Alcindo cobrou em curva com violência. 1 a 0.
Passados apenas dois minutos, Babá arrancou pela direita, cruzou, Scala se atrapalhou, João Severiano (Joãozinho) dominou e deslocou de Schneider, colocando no canto direito. 2 a 0.
Aos 19 foi a vez de Wolmir arrancar, passar pela zaga e também pelo arqueiro, tocando levemente para o fundo das redes. 3 a 0.
O placar foi encerrado aos 28 minutos através do Bugre, nosso camisa 9; Wolmir fez fila na defesa colorada; passou por Laurício, driblou Luis Carlos e na sequência, foi derrubado por Nitota. Pênalti. Alcindo cobrou no meio da meta, enquanto Schneider escolhia um canto. 4 a 0.
O estádio Olímpico foi ocupado por 70% de gremistas numa época em que a divisão de torcidas era meio a meio.
João Carlos Ferrari, de atuação ruim, foi o árbitro; o público não foi divulgado.
O Grêmio naquele ano ganhou o hepta e Alcindo mais uma vez, o artilheiro do campeonato.
Fonte: Arquivo Pessoal do amigo Alvirubro
Na foto que ilustra a matéria, num Estádio Olímpico somente com o anel inferior, aparecem ao fundo Zangão, o goleiro Silveira, Alcindo, Scala e Gilberto Tim, já quase dentro da meta colorada. Grande foto.
ResponderExcluirGilberto Tim? É aquele que estou pensando?
ExcluirSim, ele mesmo! Era lateral esquerdo.
ExcluirEm 1963, uma das formações defensivas do Inter tinha: Zangão, Ary Ercílio, Cláudio Danni e Gilberto Timm. Já em 1964, tinha Zangão, Osmar, Scala (Luiz Carlos) e Gilberto Timm.
ExcluirLuiz Carlos é LUIZ CARLOS PRESTES, pai do Paulo Roberto e do Tato.
Lembro-me ainda das traves verticais do Olímpico pintadas de preto, mais ou menos 40 cm do chão. Os argentinos faziam o mesmo nas goleiras dos estádios, nos anos 70.
ResponderExcluirMuito bom o texto, Bruxo.
ResponderExcluirConta a história que um funcionário público morreu nas arquibancadas de infarto no segundo gol do jogo, em nov/1964, exatamente o momento (creio) que está sendo ilustrado pela fotografia no caput da postagem.
Tomara que seja gremista; aí, morreu feliz.
ExcluirÉ muito legal este trabalho de nos trazer estas histórias. Parabéns!
ResponderExcluirValeu, Heraldo, obrigado.
ResponderExcluirEu apenas faço o bolo com os ingredientes essenciais do colega Alvirubro. Os comentários dos amigos, sem dúvida, são a cereja do bolo. Abraços.