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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (137) - Ano - 1970


Um Ano Muito Especial
Fonte: Revista Placar

Com seis, sete anos comecei a ver e ouvir os jogos de futebol; notícias esparsas como a final da Copa de 66, o hepta do Tricolor em 68, um lembrança aqui, outra ali; porém, o divisor de águas foi o ano de 1970, especialmente pelo lançamento da Revista Placar, que era semanal e a conquista da Copa do Mundo pela melhor equipe de todos os tempos, o Brasil de Pelé, Tostão e cia ltda.


Mesmo o Tricolor perdendo o segundo gauchão consecutivo, o saldo daquele ano foi positivo para mim. Devorava tudo, sabia por exemplo, que naquela Copa realizada no México, a Seleção de Israel iniciava sua escalação pelo arqueiro Vissoker; também era capaz de "declamar" os times completos da Tcheco-Eslováquia e Peru e por aí  adiante.

Os times de futebol de botão com a foto dos jogadores ajudavam muito. O Palmeiras de Djalma Santos, Waldemar Carabina, Djalma Dias e Ademir da Ghia. O São Paulo do goleiro ex-Grêmio Suli, do capitão Bellini, do lateral Tenente e do ponta-esquerda Paraná. Meus primeiros botões. Havia apenas dos 8 times de São Paulo e Rio de Janeiro.

Meu amigo Robson, filho da professora Nilza tinha o Corinthians de Nair, Dino Sani, Garrincha e Flávio, que nós trocávamos, ele preferia jogar com um dos meus times e eu, o Coringão. O motivo da preferência é que os botões do time do São Paulo eram vermelhos, do Palmeiras, verdes e do clube do Parque São Jorge, pretos. 

Na minha memória mais afetiva habitavam também outros dois clubes; Cruzeiro de Porto Alegre e o Atlético Paranaense, porque eles tinham como característica aproveitar veteranos, aqueles que eu tomei conhecimento pelos relatos de meu pai, ou jogos solitários, ou justamente, os times de botão com formações velhas, desatualizadas. Estavam no ocaso da carreira. Neles (Cruzeirinho ou Furacão), eu vi Airton Pavilhão, Ortunho e Vieira e tantos outros. No Atlético, os bicampeões mundiais Djalma Santos e Bellini, depois Nair, ex Corinthians, Sérgio Lopes (o Fita Métrica do Grêmio). Davam status, experiência aos clubes que defendiam, a contra-partida: "Em dívida" com a falta de fôlego.

Isso ficou escancarado em Novembro daquele ano, quando o Tricolor recebeu o Atlético pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa,  Brasileirão da época. O Grêmio goleou e entendeu que devia amaciar o ritmo na segunda etapa. Isso é o que será contado nas linhas abaixo.

O Grêmio de Carlos Froner jogou com Arlindo; Espinosa, Di, Beto Bacamarte e Everaldo; Jadir e Gaspar; Flecha (Paíca), Caio Cabeça, Wolmir (Paraguaio) e Loivo.

O Atlético treinado por Djalma Santos formou com: Vanderlei, Hermes, Gibi, Alfredo e Amauri; Nair e Sérgio Lopes; Liminha, Nelsinho (Valmor), Sicupira (Luiz Antônio) e Toninho.

Aos 30 segundos, Gaspar lançou Wolmir que tentou estufar as redes rubro-negras, errou, perdeu o ângulo e acabou batendo desengonçado na pelota, que resvalou em Gibi, indo para o gol de Vanderlei. 1 a 0. Gol contra. Melhor impossível.

Aos 17 minutos, Wolmir serviu Flecha de calcanhar; este cruzou para Gaspar, que também errou em bola, no entanto, esta se ofereceu para Caio, que não perdoou. 2 a 0.

Aos 42 minutos, Valdir Espinosa cruzou para Paraguaio, que ingressara na vaga do lesionado Wolmir; este cabeceou para baixo, Caio amorteceu, usando a cabeça e com um toque genial, tirou de Vanderlei. 3 a 0. Placar do primeiro tempo.

O Tricolor perdeu mais cinco chances claras de gol como a da foto, onde aparecem Paraguaio chutando, o arqueiro Vanderlei defendendo, tendo ao fundo, Hermes e Loivo.

Na volta do intervalo, ficou nítida a intenção articulada no vestiário: Tirar o pé, "administrar a partida", pois havia dois jogadores lesionados, Wolmir e Flecha, outros desgastados, também porque a próxima partida era diante do Corinthians e além disso, com dois veteranos no meio de campo, o Atlético não tinha como esboçar uma reação suficiente para ameaçar a vitória tricolor.

O juiz foi Arnaldo Cezar Coelho, o público não foi divulgado, a renda chegou a Cr$ 37.798,00.

Após 40 anos, Grêmio e Atlético apostam mais nos jovens e eventualmente recorrem a veteranos. Ficou para a história a presença de medalhões no clube curitibano. Agora, o furo é mais embaixo.

Fontes: Revista Placar
             Arquivo Pessoal do amigo Alvirubro







17 comentários:

  1. Olha o Paraguaio na foto! Goleiro Vanderlei, jogava de preto, como a maioria dos goleiros daqueles anos.

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  2. O Vanderlei saiu do Atlético e foi para o São Paulo. Depois para o América-RJ e mais tarde para o Figueirense. Era bom goleiro.

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  3. O Paraguaio (Clovis Moreira Rodrigues, que eu lembre, andou por AMERICA (RJ), BOTAFOGO (RJ) e NÁUTICO (PE.

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  4. O Hermes jogou no Coritiba. E bem mais tarde no Inter. Nesse ano de 1970, o Atlético-PR realmente tinha muitosa jogadores em final de carreira. Além do Djalma Santos, já citado por ti, tinha Dorval, Del Vecchio, Gildo, Zequinha, Nilson Borges.

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  5. E a lembrança dos times de botões, Bruxo, essa foi sensacional! Que época, cara!

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    1. Bah, aqueles "panelinhas" ou "canoinhas" da "Estrela" eram fantásticos. Tenho até hoje os times do RJ e de São Paulo. Ganhei no Natal de 1970.

      Flamengo e São Paulo - vermelhos
      Palmeiras - verde
      Vasco, Botafogo e Corinthians - pretos
      Fluminense e Santos - brancos
      Seleção Brasileira - amarelo

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    2. Eu gostava de uns transparentes, com a lateral mas alta, tinha um matador no meu Grêmio, que era o Agnaldo (isso lá por 98-99), o "chute" saía mais forte do que o dos outros.

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    3. Eheheheheh...era isso mesmo. Alguns botões eram "preparados" para bater faltas, ou "chutar" a gol.

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    4. Glaucio
      No meio de campo, eu preferia os "cavadores", que eram melhores (na imaginação, é claro) para lançamentos.

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  6. Daison Sant Anna11/10/2016, 23:01

    Bela lembrança e Sérgio Lopes jogando pelo Atlético/PR. Veja: https://expressotricolor1903.wordpress.com/2016/10/11/veja-como-renato-demoliu-o-atleticopr-em-1984/

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    1. Daison
      O time de 1984 do Grêmio era muito bom, também. Perdeu o bi da Libertadores por problemas extra-campo, que a Direção gremista não soube contornar.

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    2. Pois é! O gol do Jorge Burruchaga no Olímpico, contra o Independiente, acabou atrapalhando. Quase 60 mil torcedores pagaram ingresso.
      Aquele Independiente era um timaço! Mas sem dúvidas, o Grêmio poderia ter conquistado o título.
      O CAI no Olímpico
      Carlos Goyén, Néstor Clausen, Hugo Villaverde, Enzo Trossero, Carlos Enrique, Ricardo Giusti, Cláudio Marangoni, Ricardo Bochini, Jorge Burruchaga, Sérgio Bufarini, Alejandro Barberón (79' Gerardo Reinoso).

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    3. Nesse jogo, o de ida, o Tricolor não entrou em campo. Jogou o bi no lixo.
      Esse Bufarini deve ser parente do que joga no São Paulo, ex-San Lorenzo.

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  7. Vanderlei participava de rodízio com Sérgio (Seleção Brasileira) no São Paulo

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