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sábado, 24 de abril de 2021

Pequenas Histórias

Pequenas Histórias (249) - Ano - 1970


O Colosso do Interior

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 Da minha infância, eu tenho poucas lembranças do Ypiranga de Erechim, certos nomes que soavam peculiares como o zagueiro Mujica, o lateral Cito, o centro-médio Pedruca e para por aí. A maior e mais duradoura deste período é a do festival de inauguração do notável estádio (para o interior gaúcho) Colosso da Lagoa (sempre tive curiosidade para saber o nome dessa lagoa) que teve entre seus jogos, o famoso Botafogo 5 a 2 sobre o Inter com Jairzinho fazendo três gols, sendo o primeiro logo no minuto inicial, quebrando o recorde do goleiro Gainete. Também o da estreia, Grêmio 0 x 2 Santos.

Recordo de uma frase do meu pai: - Cabe a cidade inteira no estádio. Verdade! ou quase isso. Pesquisando agora, vi que a capacidade dele era, à época, para 45 mil pessoas (há controvérsias), Erechim em 1970 tinha 48 mil habitantes.

Naquele 2 de Setembro, a região estava empolgada com o feito de ter um estádio com aquela grandeza e ver de perto, o Rei Pelé, já tri campeão do mundo. O time vinha sem quatro titulares, Joel Mendes, o goleiro e três atletas que participaram da campanha do mundial do México: Joel Camargo, Edu e Clodoaldo. O treinador era o lendário Antoninho.

Carlos Froner, treinador gremista, igualmente tinha dois desfalques: João Severiano (Joãozinho), o Pequeno Polegar e Wolmir, o Massaroca, isto é, meio ataque de fora.

Foram a campo: Breno; Espinosa (Ivo Wortman), Ari Hercílio, Beto Bacamarte (Di) e Jamir; Jadir e Everaldo (Paíca); Flecha (Bebeto), Caio Cabeça, Alcindo (Paraguaio) e Loivo.

Os paulistas usaram: Edvar; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado (Paulo), Djalma Dias e Rildo (Turcão); Léo Oliveira e Lima (Nenê); Davi, Douglas (Picolé), Pelé e Abel.

O grande número de substituições foi permitido por se tratar de um amistoso especial. Roque José Gallas foi o árbitro e o público frustrante, cerca de 20 mil pessoas.

Com exceção de um ataque com Flecha servindo Loivo, esse, livre, sem goleiro arrematou para fora, o primeiro tempo foi santista, em especial, pelas triangulações pelo lado ofensivo esquerdo com Abel, Rildo e Lima para cima de Espinosa.

Froner alterou as posições de Caio (mais à direita), trazendo Flecha para o meio, tentando neutralizar esse ponto forte do adversário.

No entanto, aos 44 minutos, Beto vacilou à frente de Pelé, esse não perdoou e, entrando como um bólido (expressão do texto da pesquisa) fuzilou de forma inapelável o arqueiro Breno. 1 a 0. Fim de primeiro tempo. Gol número 1.040 do Rei.

Na segunda etapa, devido principalmente ao número excessivo de trocas de jogadores, o espetáculo caiu bastante, mas com uma característica; o Santos querendo manter a vitória e o Tricolor, de forma desordenada, não querendo sair derrotado naquele evento importante.

Porém, mesmo martelando o oponente na maior parte destes 45 minutos, saiu mais um gol dos visitantes. Aos 37, o jovem Léo Oliveira, reserva de Clodoaldo, arrematou de fora da área, pegando um chute magnífico que bateu no poste esquerdo e ingressou no arco, dando números definitivos ao espetáculo daquela Quarta-feira à noite. 2 a 0.

Curiosamente, aquele gigante de concreto, jamais lotou, seu público mais elevado marcou 25 mil pessoas no ano de 1974.

Fonte: Jornal Correio do Povo






10 comentários:

  1. Possivelmente o Colosso de Lagoa jamais receberá o sonhado público de 45 mil pessoas, mostrando a cada dia o erro "colossal" no seu planejamento.

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    1. Carlos
      Desconfio que ao longo dos anos, a capacidade de público foi encolhendo com reformas.

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  2. Colosso da Lagoa é um grande nome pra um estádio, é imponente. Gosto muito desses nomes com propriedade que são mais comuns dos estádios mais antigos, sinto falta deles. Nesses modernos é tudo meio artificial, geralmente é "Arena do Clube" ou pior ainda levando o nome do patrocinador em vez do clube. E esteticamente são todos meio iguais também com aquela cara de shopping, eles não tem aquela "mistica", ainda mais em tempos de futebol sem torcida.

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    1. Lipatin
      Nomes como Parque dos Sabiás, Morada dos Quero-queros e o mais bonito deles: Brinco de Ouro da Princesa (Guarani).
      Maracanã é outro que gosto. Bem indígena.

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    2. Há alguns dias, comentei com um amigo sobre isso, Lipatin.
      Estádios que foram esquecidos, como a Chácara das Camélias, que ficava na José de Alencar, em POA, e que deu lugar a um supermercado.
      O velho estádio da Timbaúva, na Rua Alcides Cruz, ou o Waterloo (Tiradentes), do Renner, na Sertorio, onde surgiu um condominio residencial.
      Ainda o Estádio de São João, o primeiro Passo d'Areia, que deu lugar a Vila do IAPI.
      O Estádio da Montanha, do Cruzeiro, que virou cemitério. O Eucaliptos, colorado, onde hoje existem edifícios residenciais.
      E daqui mais algum tempo, o Olímpico sumirá da fotografia da Azenha, assim como sumiu o Estádio da Baixada do Moinhos de Vento.
      O progresso faz isso mesmo. Uma pena que as lendas dos estádios somem no tempo, com eles.

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  3. Muito boa essa tua PH, Bruxo!
    Resgata um pouco da história do Colosso da Lagoa, substituto do Estádio da Montanha, que ficava na Rua Bento Gonçalves.
    O outro estádio da cidade era o da Baixada Rubra, onde o Atlântico mandava seus jogos (local do atual Parque Esportivo do SER Atlântico).

    Também tenho curiosidade em saber o nome da lagoa, porém talvez nem tivesse um nome específico, pois na década de 60, Erechim ainda não alcançava a região atual da 7 de Setembro, onde está o estádio. A área era quase deserta.

    Contam que o nome surgiu de uma antiga lagoa que foi aterrada para o estádio ser erguido. Não sei se é "vero".

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    1. Grande, Alvirubro!
      Possivelmente seja verdade; aterraram a lagoa.

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  4. Aqui, um pouco da história do gol 1.040, do "Rei"

    https://www.youtube.com/watch?v=yknLY3SoBiM

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  5. Que espetáculo, Alvirubro.
    Mais uma das "pequenas histórias" escondidas; realmente; Tupi de São Paulo, prefixo 1.040.

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  6. Para quem se interessa em conhecer a história de vários estádios da Argentina, aqui tem um ótimo trabalho, com fotografias e detalhes.
    E ninguém como os argentinos, para dar o ambiente perfeito aos velhos e tradicionais estádios.

    Basta clicar no nome do clube, à esquerda, para descobrir um pouco da história dos estádios.

    https://viejosestadios.blogspot.com/2021/03/introduccion.html

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