Páginas

segunda-feira, 20 de maio de 2013


Pequenas Histórias (44)- Ano 1935
"El Maestro" Luiz Carvalho

O Imortal hoje tem um centro-avante portenho, Hernán Barcos, um maestro na área, pois sabe "dançar conforme a música", joga o jogo que se apresenta. Além de Booth, o center-forward da pré-história do Tricolor; aquele que meteu 5 dos 10 a 0 sobre o Coirmão no primeiro Grenal, o Grêmio na década de 20/ 30 apresentou outro goleador, Luiz Leão Carvalho, craque que chegou à Seleção Brasileira e convenhamos, naquela época, um jogador dos confins do Brasil ser convocado era realmente uma façanha.

 A sua estreia no maior clássico do sul do país ocorreu em 1923, o Imortal ganhou de 3 a 2 e ele "guardou" o seu. Jogou vários Grenais e ganhou bem mais do que perdeu. Tornou-se um dos maiores ídolos juntamente com Lara e Foguinho. Saiu do Tricolor para jogar no Rio no Vasco em 1935, onde se tornou o primeiro grande lance de marketing que se tem notícia no futebol brasileiro, porque os produtores gaúchos de vinho bancaram a sua contratação e seus salários para o time da Colina, pois os torcedores vascaínos, portugueses na sua maioria, eram grande consumidores de vinhos importados e o mercado estava fechado para os nacionais. Com o sucesso do artilheiro Luiz Carvalho, ele se tornou garoto propaganda das vinícolas gaúchas e as vendas aumentaram, especialmente no ano de 1936, quando contribuiu com 8 gols para a conquista do campeonato carioca daquele ano. 

Jogou também no Botafogo. Seu último jogo foi um Grenal em 13 de Fevereiro de 1940 na Baixada, ocasião em que o Tricolor bateu o seu tradicional rival por 4 a 2 com grandes atuações de Luiz Luz, Dario e Foguinho. Os gols foram marcados por Acácio (I) aos 10 minutos, Foguinho empatou aos 15, Salvador virou aos 5 do segundo tempo, César ampliou aos 9, Foguinho marcou o quarto aos 15 e Tesourinha (I) diminuiu a diferença aos 20 minutos. O Grêmio formou com Edmundo; Dario e Luiz Luz; André, Noronha e Laxixa; Mesquita (Salvador), César, Luiz Carvalho, Foguinho e Malaquias. O Inter de Júlio; Alfeu e Risada; Celso (Nenê), Magno e Levi; Tesourinha, Russinho, Acácio, Rui (Castilho) e Carlitos. O juiz foi Alfredo Cesaro.

 Luiz Carvalho ainda foi presidente do clube em 1974/75, quando promoveu a recuperação financeira e principalmente, deu a primeira chance ao treinador Enio Andrade num clube grande. Mas por que "El Maestro"? Porque logo que se aposentou devido a uma lesão grave no joelho, assistia a Grêmio X Independiente, o tradicional clube de Avellaneda, bicampeão argentino, que excursionava exitosamente por São Paulo e Rio de Janeiro e seus jogadores eram chamados de "maestros" pela qualidade técnica; pois bem, finalizado o tempo inicial, os platinos venciam pelo escore mínimo, quando a torcida presente ao Fortim da Baixada, passou a pedir o ingresso de Luiz Carvalho.

 O velho artilheiro desceu da arquibancada, fardou-se entrou e empatou a partida, que encerraria com o placar de 2 a 1 para os tricolores. A massa torcedora passou a homenageá-lo, chamando-o de "El Maestro". Luiz Carvalho é um dos maiores ídolos dos primeiros anos  e certamente, uma das páginas mais bonitas da história do Grêmio.
bruxo niederauer

As Pequenas Histórias anteriores estão neste endereço abaixo, basta clicar no link  e terão as primeiras 43 delas:

    

6 comentários:

  1. Legal Bruxo. O que eu acho mais incrível da trajetória do L. Carvalho é o fato de ter se tornado presidente algumas décadas depois.

    Talvez o futuro, com Danrlei quem sabe, possa repetir isto. Seria um forma interessante de criar novos "laços" entre torcida e clube e "refundar" (crédito ao Jonas S.) a forma de administrar o clube.

    ResponderExcluir
  2. Aproveitando, já deixo aqui registrado que acho que o Koff ontem tomou a decisão mais racional, diante das circunstâncias, que é a permanência do Luxa. O erro dele, a meu ver, foi não ser mais "ágil" no anuncio e ter acabado com as especulações na sexta ou no sábado.

    Agora é hora de aproveitar a fragilidade externa do treinador e mudar o que está errado internamente. Precisamos colocar um vice político dentro do vestiário e mudar algumas coisas.

    Se vai dar certo só o tempo dirá. Tempo este que deverá ser curto, até a Copa das Confederações.

    Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. "ZH - O Grêmio fez bem em seguir com o Luxemburgo como técnico?
      Emerson - Fiquei muito feliz com a permanência dele. Foi uma decisão inteligente do Grêmio mantê-lo."

      Diferente de alguns torcedores, não acho que da noite pro dia Emerson, Roger e Koff tenham se tornado vermes pusilânimes indignos de qualquer consideração ou crédito, pelo contrário, a companhia deles ainda me é mais aprazível e sua opinião - por razões óbvias - muito mais digna de crédito.

      Excluir
    2. Pois é. O Barcos também deu entrevista defendendo o técnico ontem.

      Mas daí tudo isto é ignorado...

      Sinceramente, eu já não sei mais o que pensar sobre o vestiário, grupo e etc.

      Excluir
  3. Parabéns pela pesquisa(fase jogador-tenho conhecimento de fatos da época de presidência que descrevem bem a ética, moral e amor pelo Porto Alegrense) e homenagem a esse "Imortal Gremista"!

    ResponderExcluir
  4. Obrigado, Origiale.
    Luiz Carvalho que meu pai conheceu, era um dos nomes mais mencionados por ele como jogador.
    Eu tenho uma grata lembrança de 1975, quando sob sua gestão, buscou Ênio Andrade e ganhou o Grenal dos 3 gols do Zequinha. Fazia 17 que o Tricolor não ganhava.

    ResponderExcluir