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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Na Copa




Boa Sorte, Brasil

A Copa do Mundo está aí, por isso, o título da crônica pode enganar muita gente, afinal, em edições anteriores o país se cobria de verde e amarelo, havia sempre algo  no ar, lembrando o escrete Canarinho; a massa abraçava a Seleção, surgia a pátria de chuteiras. Não é o caso.

 Esse título é só uma indução do autor, um pequeno golpe. Na verdade, o Brasil a que me refiro é a Nação, nossa mãe, que abriga um povo cansado de espoliação, de engodo, de enrolação. Qualquer um que esteja “(des)Governo”, pega o conteúdo oferecido aos cidadãos durante anos, dá uma “repaginada” e põe na prateleira para que o brasileiro engula mais do mesmo. Usa os mesmos ingredientes, não dispensa  os vários atores com presença vitalícia na política brasileira, figurinhas carimbadas, experts na arte da dissimulação; pronto! Está feito o estrago. De novo, o golpe. Grandes empresários e políticos de carreira se  locupletaram com o evento Copa do Mundo com recursos vindos dos cofres públicos, aumentando o já profundo abismo socioeconômico brasileiro, gerador, entre outras consequências, da violência, falta de segurança, saúde precária, educação deficiente, más condições de habitação e inexistência de lazer e cultura, além de determinar que os avanços científicos e tecnológicos sejam considerados curiosidades num país cambaleante.

Em plena era capitalista, além dos próprios problemas desse modo de produção, outras práticas primitivas são agregadas, atrasando mais o país; recupera-se lá do império romano o seu eficiente pão e circo e mais, importa-se do Medievo, a práxis da base da pirâmide social, onde servos seguravam a onda para os parasitas,  clero e  senhores feudais; como se não bastasse isso, os convencem de que essa é a sua missão na Terra. Deveriam agradecer pela “benção de sofrer”, único meio da redenção de suas vidas predestinadas ao suplício. Não é difícil visualizar isso no Brasil do Século XXI, apenas com outras denominações para velhas receitas.

Ano passado, Copa das Confederações, o país viu estarrecido que havia um limite para a paciência da sociedade. Abaixo de pressão e indignação, como num passe de mágica, em pequenos e ágeis passos, sem muitas delongas, houve avanços sociais importantes, que andavam emperrados em Brasília, especialmente. Passaram-se alguns meses e a perversa casta que conduz o destino da Nação, imaginou que não passava duma marolinha  transitória,  portanto, acreditou que era  hora de retomar  a velha toada. Grande engano.

Diante disso, da lição não aprendida, surgem novos sinais de que a antiga estrutura poderá ser abalada; eles são dados diariamente e o futebol, antes conhecido como ópio do povo, deverá ser o estopim para a revolução, aqui no seu melhor significado, ou seja, de ruptura com o estado vigente, um despertar de consciência, independente dos resultados de campo.

Quem diria? Da pretensa alienação, poderá nascer uma nova  sociedade brasileira, mais crítica, mais participativa, desempenhando o seu papel de protagonista na Nação, redesenhando o destino do Brasil.

Torço e desejo muito que esse processo se desenvolva de uma forma segura, pacífica e irreversível na direção de um futuro melhor.


É para essa disputa, essa luta, que eu desejo: Boa Sorte, Brasil!

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