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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Na Copa


UMA PARTIDA MEMORÁVEL – BRASIL 1 x 0 INGLATERRA



7 de junho de 1970 - México

A seriedade com que os atletas enfrentaram o adversário e a organização tática perfeita levaram a Seleção Brasileira à vitória diante da grande Inglaterra, naquele 7 de junho de 1970.

Talvez a partida esteja dentre aquelas consideradas como um enfrentamento acima da média, tamanha era a qualidade das duas seleções. Sem dúvidas que, taticamente, foi um dos jogos mais perfeitos já disputados em copas do mundo. Um jogo cuja intensidade dramática reduziu ao silêncio atento a multidão de torcedores que ocupou todos os espaços disponíveis do Estádio Jalisco, em Guadalajara, no México.

A Inglaterra perdeu de pé. Postou-se como um grande time. Lutando até o apito final. Perdeu como uma legítima campeã mundial. Ela, a Inglaterra, que havia conquistado a taça, em 1966, quatro anos antes, foi derrotada por uma seleção monumental, perfeita, imbatível.

Mas, mesmo os craques brasileiros não teriam conseguido dobrar o time de Ramsey se não tivessem se aplicado com todas as suas forças ao esquema traçado por Zagallo. Nada foi deixado ao acaso. Sob o sol do meio-dia, em Guadalajara, as duas seleções estudaram-se muito.

Os atletas movimentavam-se lentamente, com a bola sendo tocada calmamente, evitando o desgaste desnecessário, naquele forte verão mexicano. Por certo, teria sido diferente em Wembley. Por certo, teria sido diferente no Maracanã, à noite.

Os ingleses tinham preparado um esquema, preocupados com o sistema defensivo, para anular Pelé e Gérson. Alan Ball iria exercer forte marcação todo o tempo possível. Os ingleses acreditavam que Gérson jogaria (Ele machucou-se contra a Tchecoslováquia). Não contavam com a ausência do “Canhotinha de Ouro”. Não contavam, também, com a grande atuação de Paulo Cézar Lima, o futuro “Cajú”.

Pois Paulo Cézar foi um dos grandes nomes da partida, junto com Bobby Moore, o capitão do time inglês. Paulo Cézar, taticamente, esteve perfeito: ajudou o meio de campo e teve forças para atuar pela lateral, oferecendo mais espaço para o ataque brasileiro e evitando que o lateral Wright avançasse sobre a defesa brasileira.

Aos 11 minutos, houve uma jogada de grande qualidade e beleza. A jogada que ficou gravada na memória de milhões de torcedores pelo mundo afora. Jairzinho avançou em velocidade pela direita, cruzou da linha de fundo e numa cabeçada fulminante de Pelé, de cima para baixo, na risca da pequena área, a bola bateu no gramado, dirigindo-se para o gol, e o extraordinário goleiro Gordon Banks salvou num milagroso mergulho. A torcida já tinha se levantado para comemorar o gol e até hoje a emblemática defesa é lembrada como uma das mais bonitas da história do futebol.

Definitivamente, Brasil e Inglaterra entravam para a história dos mundiais.

Justiça seja feita a Félix, também! Ainda no 1º tempo, num ataque inglês, Wright vai à linha de fundo e cruza para a área. Bola alta, que passa por Piazza e Hurst, e Lee, de cabeça, quase na pequena área, à “queima-roupa”, finaliza. Félix faz a defesa, salvando o Brasil, e a seguir Lee comete falta sobre o goleiro. Jogo magnífico!

O Brasil passou a forçar o jogo. Jairzinho, marcado por Cooper, levava vantagem. Cooper tinha ótimo desempenho com a bola nos pés, no apoio. Defendendo, não tinha o mesmo rendimento. Começou a apelar, batendo no ponteiro brasileiro. Mullery marcava Pelé em todos os cantos possíveis. Sem tréguas. Pelé buscava o mínimo de espaço, pois tinha poucas chances de fazer algo ou de mudar o quadro do jogo.

A marcação era tão ferrenha que, num lance dentro da área, Pelé foi derrubado por Mullery, quando se preparava para chutar. Pênalti! Pênalti! O juiz não deu! Putz...Talvez Pelé tenha exagerado na cena, atirando-se ao chão. Segue o jogo.

Aos 14 minutos do 2º tempo, Tostão, que até então pouco fizera, devido à dura marcação inglesa, decidiu a partida numa jogada de grande categoria. Na intermediária, Tostão viu Roberto Miranda no aquecimento e percebeu que o atacante do Botafogo tomaria seu lugar. Sem se abalar, ele tabelou com Paulo Cézar e aplicou uma sucessão de dribles, enfiou a bola entre as pernas de Bobby Moore, girou e lançou-a para Pelé, dentro da área. O “Rei” dominou a “pelota”, dando um toque rápido para Jairzinho, que chutou à meia altura, sobre o ótimo Banks, de forma indefensável. Gol do Brasil. 1x0! Que jogo!

Alf Ramsey deu a resposta rápida e substituiu Charlton e Lee, por Bell e Astle, partindo com toda a força para o ataque.

Quem conhecia o estilo de Zagallo, adotado no Botafogo desde sempre, sabia que nada era mais conveniente para a Seleção Brasileira. Taticamente, o Brasil seguiu jogando com toda a seriedade possível. Solidamente fechado, tocando a bola, o Brasil esperou uma nova oportunidade, com as arrancadas de Jairzinho ou de Roberto Miranda, que substituiu a Tostão. E as oportunidades surgiram: uma com Jairzinho e outra com Pelé, já no último minuto de jogo, numa tentativa de encobrir o goleiro Gordon Banks.

Já os ingleses, perderam chances! Uma delas, numa falha de marcação, Astle, na marca do pênalti, recebeu livre e chutou para fora. Depois, Ball, de dentro da área, no lado esquerdo, chutou de pé direito e Félix tirou com a ponta dos dedos. A bola ainda raspou o travessão brasileiro. A Inglaterra mostrou-se um grande time. O Brasil mostrou-se pronto para o título. Um jogo para não esquecer.


7 de junho de 1970 – Brasil 1 x 0 Inglaterra
Local: Estádio Jalisco, em Guadalajara (México)
Público: 66.843
Árbitro: Arturo Yamasaki Maldonado (México)
Cartão amarelo: Francis Lee
Gol: Jairzinho 14 do 2º tempo

BRASIL: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Paulo Cézar Lima, Jairzinho, Tostão (Roberto Miranda), Pelé, Rivelino. Técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo

INGLATERRA: Gordon Banks, Tommy Wright, Brian Labone, Bobby Moore, Terry Cooper, Alan Mullery, Bobby Charlton (Jeff Astle), Francis Lee (Colin Bell), Alan Ball, Geoff Hurst, Martin Peters. Técnico: Alfred Ernest Ramsey




por Alvirubro

6 comentários:

  1. O gol é simplesmente, maravilhoso.
    Pena Tostão ter jogado toda a Copa fora de forma.

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  2. Talvez tenha sido a partida mais tensa, mais equilibrada, qual jogo de xadrez, daquela Copa. Mesmo considerando as extraordinarias partidas da Alemanha contra a mesma Inglaterra e contra a Italia. Fiquei colado na imagem televisiva do inicio ao fim, sem saber se sairiamos vencedores. O gol foi um detalhe que determinou o vencedor. Mas so no apito final e que foi possivel comemorar. Uma das maiores/melhores partidas de futebol que ja assisti.

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    1. Com certeza, Arih.
      Jogo tenso, jogo de xadrez. Este e contra o Uruguai na semifinal, ambas foram sensacionais.

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  3. Há torcedores que não tiveram a oportunidade de vivenciar essa época. Se analisarmos jogo a jogo, somente as partidas da Seleção Brasileira, em todas houve algo de grande plástica.
    Lembremos da Tchecoslováquia...aquele lance do Pelé, batendo a bola do meio de campo, tentando encobrir o Viktor é algo maravilhoso. Depois, os 3 gols no 2º tempo são fenomenais. Contra a Inglaterra, a defesa do Banks e o gol de Jairzinho, somado à jogada de Tostão, é algo inesquecível. Depois veio a Romênia, com lances magistrais de lado a lado. O 3º gol, de Pelê, foi inesquecível. Contra o Uruguai, os lances de Pelé e de Mazurkiewicz são rememorados a cada partida entre as duas seleções. Dizer o que dessa Seleção de '70? Foi o maior time que eu tenho lembrança de ter visto jogar. Para um garoto de 9 anos, à época, que apenas iniciava o contato com o futebol, foi uma vitrine e tanto. A final contra a Azzurra não há qualificações para definir. Definitivamente, o futebol tinha romantismo.

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    1. A defesa do Félix na cabeçada do Lee, também foi decisiva. Os ingleses saindo na frente, não sei não.

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  4. Outro detalhe dessa Copa do Mundo foi a adoção dos cartões amarelos e vermelhos.

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